Tiago Bispo foi sepultado ontem à tarde em Sulacap. Policiais do 20ºBPM fizeram operação no Dom Bosco, onde cabo foi morto
Foto: Daniel Castelo Branco / O DIA
O cabo Tiago Bispo dos Santos, de 34 anos, morto após ser baleado numa operação na comunidade do Dom Bosco, no bairro Cabuçu, em Nova Iguaçu, na noite da última terça-feira, é o 8º policial militar assassinado este ano na Baixada Fluminense. Pelo menos 19 PMs foram mortos no Estado do Rio. Lotado no 20°BPM (Mesquita), Bispo foi atingido no peito e sofreu um rompimento da artéria subclávia. Ele ainda foi socorrido e levado para o Hospital Geral de Nova Iguaçu (Posse), mas não resistiu ao ferimento. O militar foi sepultado ontem à tarde, no Cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap, na Zona Oeste do Rio.
Thiago era casado e pai de duas crianças. Ele trabalhava no Grupamento de Ações táticas do Batalhão de Mesquita. O policial estava fazendo um patrulhamento pela região quando foi atingido por disparos feito por criminosos. Nenhum suspeito foi preso. Segundo o comando do batalhão, Bispo foi atingido por volta das 20h. Nenhum outro PM ficou ferido na ação. Ontem, militares do 20ºBPM fizeram uma operação no Dom Bosco e retiraram barricadas na região.
A viúva do policial militar usou uma rede social para lamentar a perda do companheiro. Segundo Daiane Rodrigues, o companheiro era um “guerreiro” que tinha “orgulho da farda”.
“Hoje, eu aplaudo de pé esse grande policial. (Ele) foi polícia pra krak (sic), da linha de frente, tinha orgulho da farda, não tinha medo de enfrentar o perigo. Não posso dizer que se não fosse tão combatente ele ainda estaria aqui, mas posso dizer que ele se foi honrando essa farda”, escreveu a mulher em seu perfil no Facebook.
Daiane ainda falou sobre a dor da perda do marido, que era bastante querido no batalhão por colegas de farda. “Não sei de onde tirarei forças para prosseguir, para me refazer. Só sei que um grande buraco ficará pra sempre no meu peito, que não se fechará jamais. Meu Guerreiro, meu orgulho, nunca imaginei passar por isso, nunca imaginei que um dia seria eu a chorar, mas chegou. Meu conforto é saber que você foi sabendo o quanto te Amo, só ontem falei mais de 3 vezes, você sabia. Espero te encontrar na eternidade”, completou.
O casal estava junto desde 2012. Ontem à tarde no sepultamento, a viúva não quis a presença da imprensa.
Outros 7 PMs perderam suas vidas na Baixada Fluminense
Com a morte do cabo Tiago Bispo, na noite da última terça-feira, chega a 8 o número de policiais mortos este ano na Baixada. Veja cada caso:
Dia 2 de janeiro: lotado no 15° BPM (Duque de Caxias), o cabo Cleiton William Santos de Freitas foi assassinado, em Duque de Caxias. O PM trafegava em seu veículo – o Saveiro preto placa KPG 9143 – e passava pela Estrada do Tinguá, na localidade conhecida como Chapéu do Sol, no bairro Xerém, quando foi abordado por criminosos armados com pistolas e fuzis. Os bandidos efetuaram diversos disparos contra o policial, que não teve chance de defesa nem oportunidade para tentar fugir.
No mesmo dia, o subtenente reformado da PM Valteir Lima Teixeira e o sargento reformado da PM Francisco Assis de Aguiar foram baleados durante tentativa de roubo na saída de um banco Bradesco, em Guapimirim. Os PMs haviam acabado de sair da agência localizada na Rua Professor Rocha Faria, no bairro Vila Guapi, quando foram abordados. Os dois foram socorridos e levados para o Hospital Municipal de Guapimirim, onde o sargento Francisco não resistiu. O subtenente Valteir permaneceu internado.
Dia 5 de janeiro: lotados na Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) Lins, o soldado Marcelo Abdalla Neder, 34 anos, e o soldado Carlos Roberto Freitas foram baleados ao se deparar com uma quadrilha que roubava carga, na Rodovia Presidente Dutra, na altura de Nova Iguaçu. O soldado Abdalla não resistiu. Ele e o soldado Bruno Aurélio de Carvalho estavam de carona no carro do soldado Carlos – o Prisma preto placa KPS 9450. Moradores de Resende, os três estavam a caminho do Rio para assumir o serviço. Apenas um dele estava armado, pois os outros ainda não haviam conseguido receber o Certificado de Registro de Arma de Fogo (Craf). Próximo ao posto de combustível Mata Virgem, tentando escapar de uma retenção no trânsito, o soldado Carlos tentou cortar os veículos à sua frente e acabou se deparando com um assalto. Cerca de sete homens armados em uma Amarok abordavam dois caminhões dos Correios. Ao perceber a aproximação do automóvel em que estavam os PMs, os criminosos efetuaram disparos, atingindo o soldado Abdalla, que morreu no local. O soldado Carlos foi baleado no joelho e o soldado Bruno foi agredido a coronhadas.
Dia 7 de janeiro: o subtenente reformado da PM Cássio Ferreira foi encontrado carbonizado em seu carro – um Renault Sandero cinza -, na Estrada Reta de Santa Cruz, em Itaguaí.
Dia 15 de janeiro: lotado no 15° BPM (Duque de Caxias), o sargento Cristiano da Anunciação Macedo, 39 anos, morreu após ser baleado ao tentar apartar uma briga durante uma festa no clube Fazenda, no bairro Vila Rosali, em São João de Meriti.
Dia 19 de janeiro: Cedido ao Grupo de Apoio à Promotoria (GAP) de Nova Iguaçu, o subtenente João Máximo Guimarães Rodrigues morreu após ser baleado ao tentar impedir um assalto a uma padaria na esquina da rua onde mora, em Japeri. O PM estava no estabelecimento, localizado na Rua Dulce Zilda, no bairro Parque Professor João de Maria, quando criminosos entraram e anunciaram o assalto. Ele reagiu e na troca de tiros acabou atingido.
Dia 27 de janeiro: lotado no 34º BPM (Magé), o cabo Roque Medeiros Fonseca Júnior, 34 anos, morreu após ser baleado ao tentar impedir um assalto na loja Casas Bahia, no bairro Piabetá, em Magé.
Dia 7 de fevereiro: lotado no 20° BPM (Mesquita), o cabo Tiago Bispo dos Santos, 34 anos, morreu após ser baleado durante incursão na Favela Dom Bosco, no bairro Cabuçu, em Nova Iguaçu. Atingido no peito, o PM sofreu um rompimento da artéria subclávia.
por Diego Valdevino
diego.valdevino@jornalhoje.inf.br