
O presidente da Câmara Municipal de Japeri, Wesley George de Oliveira, o Miga, se entregou esta manhã na sede da Delegacia de Homicídios da Capital, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio. Ele era considerado foragido desde a última sexta-feira quando teve a prisão preventiva decretada por suspeita de associação para o tráfico de drogas. Naquele dia, a Polícia Civil e o Ministério Público estadual fizeram uma operação que terminou com a prisão do prefeito de Japeri, Carlos Moraes, e do vereador Cláudio José da Silva, o Cacau.
Miga é irmão de um policial militar do 24º BPM (Queimados) conhecido como Neném. O Disque-Denúncia (21 2253-1177) oferecia uma recompensa de R$ 2 mil por pistas que levassem à prisão do presidente da Câmara de Japeri.
Em escutas telefônicas, Miga foi flagrado afirmando que procuraria o comandante do batalhão para evitar que operações fossem feitas no Complexo do Guandu — área em que atuava o traficante mais procurado da Baixada Fluminense, Breno da Silva de Souza, o BR, preso no último dia 20.
Carlos Moraes, Cacau — presos nesta sexta-feira —, e Miga usavam suas funções para fraudar licitações e desviar dinheiro público em favor da quadrilha de traficantes do Complexo do Guandu. Essa foi uma das descobertas feitas pela investigação da Polícia Civil e do Ministério Público do Rio sobre o grupo e que resultou na Operação Senones.
Telefonema flagrado
Segundo denúncia do Ministério Público, Moares foi flagrado em “diálogos explícitos” com BR, que demonstram o seu “profundo comprometimento com a defesa dos interesses da organização criminosa”. Ainda de acordo com o MP, o prefeito se valia de seu cargo para impedir que a quadrilha do Guandu sofresse prejuízos.
As escutas mostram, ainda, um episódio em que BR ligou para Moraes e para outras pessoas influentes do município a fim de interromper uma operação policial feita para impedir a realização de um baile funk promovido pelo tráfico. O vereador Claudio José, o Cacau, também ligou para o traficante “se prontificando a ajudar a encontrar uma solução para a intervenção policial na comunidade”.
O MP diz, ainda, que o prefeito retornou a ligação de Breno para dizer que estava “empenhado em atender a demanda de Breno e para passar informações privilegiadas sobre outra operação policial na comunidade”. “Disse ainda que, em companhia do vereador Wesley George, o Miga, iria procurar o comando do 24º BPM para ‘alinhar’ com o mesmo”, informou o Ministério Público.
Quem fazia a ligação entre a Prefeitura de Japeri, a Câmara Municipal da cidade e os traficantes do Guandu era, de acordo com as investigações, Jenifer Aparecida Kaiser de Matos. A mulher, que foi nomeada assessora, é um dos alvos da operação.