Professor morto com tiro no peito em Meriti

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Os pais do professor Leonardo dos Santos Sá, de 36 anos, estavam desolados durante enterro no Cemitério Jardim da Saudade, em Mesquita
Fotos: Ivan Teixeira / Jornal de Hoje

“Ele foi assassinado com um tiro a queima roupa. Não reagiu ao assalto e foi baleado quando tirava o capacete. O bandido não roubou a moto do ‘Leo’, ele roubou a vida de um jovem, ele roubou a alegria de uma família, ele destruiu uma mãe, um filho, um pai”. Esse foi o desabafo de uma prima do professor de matemática Leonardo dos Santos Sá, de 36 anos, identificada apenas como Claudia. O rapaz foi morto a tiros em um assalto, no bairro de Agostinho Porto, em São João de Meriti, na madrugada da última quarta-feira. Leonardo foi abordado por bandidos na rua Cacilda, onde morava, quando voltava da academia. Apesar de ter entregado sua moto e outros pertences, um criminoso ordenou: “mata logo esse playboy”. Ele recebeu um tiro no coração que perfurou o pulmão e chegou sem vida no Posto de Atendimento Médico (PAM) do Éden.
O professor estava indo buscar o filho na casa da avó, mãe de Leonardo, a poucos metros de onde foi morto. O menino de 8 anos mora no Nordeste com a mãe e sempre passava as férias com o pai no Rio. Leonardo foi sepultado ontem à tarde no Cemitério Jardim da Saudade, em Mesquita. Durante o enterro, parentes estavam revoltados. A mãe da vítima, Angélica Labarcio, estava inconsolável e não falou sobre a morte do filho.
Leonardo já havia comprado o apartamento que dividiria com a futura esposa. com quem casaria em breve. Ele também tinha finalizado seu mestrado na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), estava iniciando o doutorado e estava pronto para começar a dar aulas de matemática na instituição, que era seu sonho.
“Meu filho era um excelente garoto. Companheiro, filho, amigo… Eu não perdi ele não, todos nós perdemos. E esse bandido está aí, solto na rua. E as autoridades não fazem nada. Todo dia tá morrendo todo mundo. É bala perdida, assalto. Eu não espero nada!”, desabafou o pai Suamir de Sá, 63 anos.
Leonardo era envolvido em causas sociais e dava aula em um cursinho em uma comunidade para ajudar quem queria passar no vestibular. “Ele dava aulas de forma voluntária em uma comunidade do Rio para pessoas que queriam ter uma oportunidade de vida melhor e ingressar no vestibular. Meu primo era engajado em causas sociais e se incomodava muito com isso, porque ele já foi anteriormente vítima de assalto, tanto que não foi surpresa e ele não reagiu, entregou seus pertences e o bandido fez que questão de atirar no peito dele, para matar”, disse Claudia, prima do professor.
Ainda segundo ela, a avó de 80 anos de Leonardo ainda não sabe da morte do neto. “Ela amava muito o Leonardo. Não sabemos como dizer isso para ela. Esperamos justiça. Até mesmo porque o telefone dele tem um rastreador”, afirmou.
Leonardo dava aulas de Matemática na Escola Municipal Hilton Gama, na Pavuna. Ele também chegou a trabalhar na Daniel Piza, em Acari, onde em março de 2017 a adolescente Maria Eduarda foi morta quando praticava Educação Física.
Sem ainda identificar os culpados do crime, a Delegacia de Homicídio da Baixada (DHBF), apura latrocínio — roubo seguido de morte, mas acredita que eles venham das regiões da Pavuna e Costa Barros, onde há as comunidades da Pedreira e Chapadão. De acordo o delegado assistente da DHBF, Evaristo Pontes, a região de São João de Meriti teve um aumento deste tipo de ação.
“Já recolhemos as imagens, mas a princípio estamos trabalhando com a possibilidade do caso de latrocínio. Familiares e amigos da vítima já prestaram depoimento e uma equipe de agentes trabalham para identificar os dois autores de moto, que podem ser das comunidades do Chapadão e da Pedreira. Alguns deles matam por prazer”, comentou o delegado.
Já a Polícia Militar informou que “nos últimos três meses de 2017, de acordo com dados do Instituto de Segurança Pública (ISP), houve quatro casos de latrocínio na área do 21ºBPM (São João de Meriti)”. “O batalhão é responsável pelo policiamento ostensivo no município com rondas em horários alinhados com a mancha criminal, pontos de baseamento e operações para coibir a ação de criminosos. A unidade segue empenhada em garantir a segurança da população da cidade”, diz trecho da nota.
“A Polícia Militar ressalta que denúncias podem ser feitas através do telefone 190, pelo WhatsApp disponibilizado pelo 21º BP: (21) 99525-3534 ou do Disque Denúncia (2253-1177), contribuindo assim com o trabalho do batalhão”, diz outra parte do comunicado

Noiva lamenta morte nas redes sociais

Nas redes sociais, a noiva do professor, Camila Munhoz, lamentou a morte de Leonardo. A mensagem foi compartilhada no Instagram.
“Amor, acorda para eu te dar café e te apressar para você não se atrasar. Amor, acorda para me dar bom dia, para eu te dar esporro, para você comer bem. Acorda para eu fazer a sua dieta. Acorda e abre o olho para perguntar que horas são. Acorda para a gente ir na feira comprar os nossos ratinhos. Acorda para você roubar minha comida e eu rir da sua cara quando você tropeçar. Amor, acorda para me dar boa noite e me chamar de princesa. Acorda para a gente ir junto para qualquer lugar naquele raio de moto desconfortável. Acorda para eu dar crise de ciúmes. Acorda para Hebe ver nossa série que ainda não acabou. Acorda para a gente ir pegar nossos passaportes porque a passagem para Orlando tá (sic) cara. Acorda, amor, por favor e fala que isso teve um pesadelo igual a ontem e fala que tá tudo bem! Amor, acorda por favor! Não me deixa aqui sozinha sem chão e sem você! Amor, acorda para dizer que me ama. Acorda, amor, acorda minha draga, acorda, amor! Acorda pelo amor de Deus e não me deixa nesse mundo sem você! Acorda porque a gente ia casar, acorda porque minha vida sem você não é nada!”, escreveu.

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