Luciano da Silveira Sarmento, por pouco não ficou ilhado. Moradores fecharam a rua durante protesto
Fotos: Ivan Teixeira
Cerca de 30 moradores da localidade Boa Esperança, no bairro Miguel Couto, entre as cidades de Nova Iguaçu e Belford Roxo, fizeram ontem de manhã uma manifestação pelo segundo dia consecutivo para cobrar uma solução da empresa Facility, que está construindo um conjunto de casas de luxo GranLand para serem vendidas na região. De acordo com os moradores, o problema começou após a empresa manilhar um rio que passava atrás das residências da Avenida Itapemirim (Estrada do Iguaçu Belford Roxo). Eles afirmam que as manilhas são pequenas e não suportaram a força d’água, vindo a estourar e inundando os imóveis vizinhos. Para piorar a situação, após a forte chuva do último sábado, um enorme quantidade de barro da obra invadiu o quintal e o interior das residências dos moradores. Alguns chegaram a perder móveis e roupas.
Eles afirmam que muitas residências foram tomadas pela lama e que a obra está prejudicando a vizinhança. Revoltados, moradores atearam fogo em madeiras e bloquearam a via. Policiais militares do 20ºBPM (Mesquita) tiveram que ser chamados para negociar a liberação da via, que parte dela foi reaberta horas depois.
Segundo a moradora Sônia Pedrosa, de 63 anos, que tem um filho portador de necessidades especiais, que não anda e fala, sofreu com o descaso da obra. “No último sábado, a força da lama e da água eram tão grandes que não consegui tirar meu carro da garagem para socorrer meu filho”, lembrou a dona-de-casa.
Momentos de aflição também passaram o motorista de ônibus Luciano da Silveira Sarmento e a esposa Suzana Gonçalves, 44. “Desde sábado, quando ouve o estouro, a única providência da empresa foi mandar uma quentinha para nós e os outros moradores. A água e a lama entraram com força. Foi correria para salvar os móveis. Perdi fraldas do meu neto. A empresa improvisou uma ponte para que possamos entrar em casa. Estamos dormindo na casa de parentes. É um absurdo”, disse Luciano, indignado com o descaso da empresa que faz a obra do conjunto de casas.
O condomínio deve vender cerca de 200 lotes e no local deverá ter área de lazer, estacionamento e até academia, e é considerado um empreendimento luxuoso. Até o fim da tarde nenhum representante da empresa foi encontrado para comentar sobre o problema do estouro da manilha.
por Diego Valdevino
diego.valdevino@jornalhoje.inf.br
Colaborou: Ivan Teixeira
ivan.teixeira@jornalhoje.inf.br