
Foto: Ivan Teixeira
Ruas de barro, falta d’água e iluminação pública precária. Esse é o cenário em que moram alguns cidadãos na região do Rodilândia, localizada no bairro de Austin, em Nova Iguaçu. Além de tudo isso, os moradores convivem com o constante medo das enchentes que castigam o local em determinadas épocas do ano. Segundo eles, por falta do escoamento adequado, a água chega a um metro e meio dentro de casa.
Morando há 32 anos na Rodilândia, Sheila Maria Frazão, de 53 anos, contou que na grande chuva de 2013 ela e os vizinhos perderam tudo, e por conta da falta de pavimentação na rua, o socorro demorou. “Foi a primeira vez que enfrentamos uma enchente, nós perdemos tudo, inclusive alimentos. Foi uma época muito difícil, era impossível o socorro chegar aqui. Nossa rua era só lama”, disse Sheila.
Segundo a moradora Rosemeire Barbosa de 42 anos, a casa dela é atingida por qualquer volume de chuva por ficar na parte mais baixa da Rua Engenheiro Lira Gomes. “Moro aqui há sete anos e há dois fiz uma barreira na minha casa porque com qualquer chuvinha entrava água”, contou a moradora.
As ruas ainda são de barro. Uma obra da prefeitura começou a ser feita, mas apenas metade da Estrada de Ferro foi contemplada com asfalto. “O absurdo começa aqui. Estavam colocando o asfalto e pararam a obra no meio do caminho. Aqui quando chove vira uma poça e o esgoto retorna para nossas casas”, contou Sheila.

Foto: Ivan Teixeira
Segundo moradores, eles já se mobilizaram para reclamar sobre a situação em que estão vivendo e não receberam retorno. “Na época da campanha eleitoral, o prefeito trazia o governador Pezão e eles nos prometiam inúmeras coisas”, disse a moradora.
Por conta do difícil acesso, algumas ruas, como a Engenheiro Lira Gomes, Sérgio Lopes, Pereira Pinho, José Paulino e a Rua dos Rochas, não são assistidas pela coleta de lixo. “Aqui nós temos dois lixões, e colocamos nosso lixo lá porque o caminhão não chega aqui. Ele já até passou, mas ficou intransitável devido ao entupimento das galerias”, disse o morador Carlos Henrique Fernandes, de 32 anos. “Esse esgoto está retornando para nossa casa”, complementou Carlos Henrique.
Na Rua Sergio Lopes, para tentar amenizar o problema, moradores colocaram concreto para facilitar o ir e vir. Há poucos metros dali, na Rua Engenheiro Lira Lopes, mora dona Maria das Graças Teixeira Lourenço, de 62 anos. Ela também foi vítima da enchente de 2013, mas hoje o que tira o sono da moradora é falta de água. “Moro aqui há sete anos, e já ouvi muita promessa do vereador daqui. Aqui, para ter água, precisamos ter poço artesiano”, disse a dona de casa.
Carlos Henrique Fernandes, de 32 anos, também mora na Rua Engenheiro Lira Lopes e precisou perfurar de um poço artesiano. “Na época que fiz o poço gastei R$7.500,00 e hoje temos que pedir água de vizinhos, pois a do poço está barrenta”, disse Carlos Henrique, indignado.
Já na casa de Daniele Brandão, de 24 anos, além de barrenta a água está com mau cheiro. Daniele é mãe de uma menina de um ano e também precisa recorrer aos vizinhos para ter água própria para o consumo.
Moradores terão que esperar por obras

Foto: Ivan Teixeira
Segundo a prefeitura de Nova Iguaçu, “as ruas citadas não estão incluídas no pacote de obras para este ano, exceto a Rua Sérgio Lopes que está contemplada em um convênio para execução direta do Governo do Estado. A respeito da Iluminação Pública, uma equipe irá ao local na semana que vem para avaliar a situação”.
Já sobre a coleta de lixo, a prefeitura informou por meio da assessoria de imprensa que “o presidente da Empresa de Limpeza Urbana (Emlurb), Jorge Paschoal, enviará uma equipe ao local amanhã (hoje) para avaliar o problema e providenciar os reparos”.
A Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae) informou em nota que “a região está incluída no projeto Água para Todos na Baixada e Complexo Guandu II, que visa universalizar o abastecimento na região. O projeto já está em andamento, com a liberação da primeira parcela do empréstimo da Caixa, no valor de R$ 1,076 bilhão referente à operação de R$ 3,4 bilhões para a construção do novo sistema produtor de água tratada, denominado Complexo Guandu II, que visa aumentar, em três anos, a quantidade de água tratada beneficiando cerca de 3 milhões de habitantes da Região Metropolitana, especialmente da Baixada Fluminense (com a construção, nos diversos municípios da Baixada Fluminense, de 17 novos reservatórios, 16 elevatórias de grande porte (sistema de bombeamento), assentamento de 95 quilômetros de adutoras para abastecer os reservatórios e outros 760 quilômetros de troncos e rede distribuidora, instalação de mais de 100 mil novas ligações prediais e reforma de outros nove reservatórios que hoje estão fora de operação)”.
Por: Gabriele Souza (Gabriele.souza@jornalhoje.inf.br)