
Foto: Ivan Teixeira/Jornal de Hoje
Uma reunião realizada na última sexta-feira (13), entre a Secretaria de Estado de Educação (Seeduc) e alunos da rede pública, decidiu que todas as 68 escolas estaduais do Rio de Janeiro ocupadas por estudantes farão eleição para direção. O início do processo se dará em 40 dias a partir da desocupação de cada unidade.
Em Nova Iguaçu, a única escola nesta situação é o Instituto de Educação Rangel Pestana (IERP), ocupado desde o dia 18 de abril. Apesar da bandeira branca, os alunos do instituto não pretendem deixar a unidade. “Não adianta somente trocar a direção e continuar a mesma coisa. Nossa causa vai muito além disso, tem a melhoria da merenda, mais investimento na infraestrutura, entre outros. Como nós fazemos parte da liderança das ocupação decidimos manter a ocupação”, disse Arthur Córdova, um dos líderes da ocupação, garantindo que não há previsão de quando o local será desocupado.
A Seeduc informou que o projeto de lei estabelecendo os critérios dos processos consultivos para escolha de diretor e diretor adjunto foi aprovado ontem no dia 12 de maio pela Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) e segue para sanção do governador em exercício Francisco Dornelles, que, segundo a secretaria, já se comprometeu em sancionar.
Hoje foi debatido o tema gestão democrática, que inclui a indicação dos alunos para o grêmio estudantil e o conselho estudantil. Detalhes da pauta serão debatidos por um grupo de trabalho formado por estudante e representantes da Seeduc, com mediação da Defensoria Pública e do Ministério Público.
Durante a última reunião ficou acertado o calendário de debates, que acontecerão sempre a partir das 10h na Defensoria Pública. Sobre a infraestrutura aconteceu ontem, o transporte e Riocard (dia 17), exame de avaliação unificada Saerj e o currículo mínimo (dia 19). O dia 20 ficou em aberto para a necessidade de avançar em algum outro tema. A alimentação será discutida no dia 23 e segurança, portaria e inspetor no dia 24.
Manifestações contra a ocupação

Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil
O IERP é uma das mais tradicionais escolas de Nova Iguaçu e em 2012 foi eleita como a escola modelo do município. Porém, a situação nos últimos anos não está tão agradável como em tempos atrás. De acordo com os alunos e professores, a diretoria da escola se tornou quase “fantasma e omissa a qualquer tipo de melhoria”. A demanda de alunos aumentava e as obras, reformas dentro e fora das salas diminuíam. Tantos problemas geraram insatisfação por parte dos estudantes que decidiram então ocupar o instituto desde 18 de abril.
No dia 5 de maio, pais e alunos do Instituto de Educação Rangel Pestana, do Ciep 166 – Abílio Augusto Távora, do bairro Palhada e do C.E. Vicentina Goulart, de Miguel Couto, fizeram uma manifestação em frente ao IERP, pedindo a desocupação da escola e o retorno das aulas. Segundo os alunos desfavoráveis a ocupação, os estudantes que acampam na unidade representam somente uma parte de todo colegiado e estão tirando o direito de quem quer estudar.
Primeiro colégio ocupado já foi liberado
Alunos do Colégio Estadual Prefeito Mendes de Moraes, na Ilha do Governador, zona norte do Rio, anunciaram ontem a desocupação do colégio. A escola foi a primeira unidade da rede estadual de ensino a ser ocupada no dia 21 de março último por estudantes com o objetivo de apoiar a greve dos professores e pedir melhorias na qualidade da educação.
O anúncio feito no auditório da escola e gerou uma confusão entre o chefe de gabinete da Secretaria de Estado de Educação (Seeduc), Caio Castro Lima, e uma professora, que gerou o pedido de exoneração do cargo feito pelo próprio Castro Lima. O pedido surgiu após uma discussão se deu quando um boato de um suposto ataque de alunos contrários à ocupação se espalhou entre os presentes. A professora acusou Lima de incitar ataques ao colégio e chamou o chefe de gabinete de fascista. Ele retrucou com dedo em riste, ordenando que a professora calasse a boca. A partir daí, os estudantes se revoltaram e colocaram Caio Castro Lima para fora do colégio à base de protestos.