
foto: Tânia Regô/Agencia Brasil
Centenas de taxistas protestaram ontem no Rio de Janeiro contra o aplicativo de celular Uber, que oferece caronas pagas em veículos cadastrados. Os taxistas percorreram diversos bairros da cidade e se concentraram no Aterro do Flamengo, onde interditaram pistas no sentido centro em frente ao Monumento Nacional aos Mortos da Segunda Guerra Mundial.
Os motoristas amarraram fitas brancas e azuis nos carros e seguiram em comboios por algumas das principais avenidas da cidade, percorrendo as zonas oeste, norte e sul.
Com o fechamento do Aterro, o Centro de Operações da Prefeitura do Rio recomenda que os motoristas usem as pistas da Praia do Flamengo e ruas de dentro do bairro para fazerem o caminho zona sul-centro.
Os taxistas argumentam que o serviço oferecido pelo Uber é ilegal e clandestino, e, em São Paulo, chegaram a pedir a suspensão do funcionamento do aplicativo, que foi negada pela Justiça.
Taxista há dez anos, Márcio Madureira partiu da Barra da Tijuca para o centro da cidade em uma das carreatas de manifestantes. “A verdade é que a prefeitura do Rio nos fiscaliza numa fiscalização rigorosa, e esse aplicativo chamado Uber, que é um pirata alienígena hoje está atrapalhando nosso trabalho em todo canto do mundo”, diz o taxista, que afirma que as corridas estão em queda: “No período da noite, caíram 40%.”
O motorista Ismael Almeida, que exerce a profissão há cinco anos, morador de Belo Horizonte, foi ao protesto pelo orgulho de ser taxista. “Percorri mais de 500 quilômetros pelo orgulho de ser taxista. A nossa luta lá é a mesma que está aqui. Nós somos legalizados, portanto, não somos bandidos. Se eles não são legalizados, estão contra a lei e devem ser punidos por isso”, afirmou Ismael. Ele estimou em cerca de 35% do faturamento mensal o prejuízo dos taxistas por causa do aplicativo. Segundo Ismael, até conflitos entre os próprios taxistas têm ocorrido devido à escassez de corridas.
Viagens de graça

foto: Tânia Regô/Agencia Brasil
Em resposta ao protesto dos taxistas, a Uber ofereceu duas viagens de menos de R$ 50 gratuitamente no Rio de Janeiro, até as 19h de ontem. “Sabemos que hoje (ontem) será um dia complicado para locomoção e, para não deixar os cariocas sem opção, todos poderão utilizar a Uber para qualquer lugar da cidade gratuitamente”, diz o texto da promoção.
Em nota, o Uber afirmou ser a favor de os usuários terem mais opções de transportes e defendeu que seu serviço gera oportunidades de negócios para milhares de motoristas parceiros. “A Uber defende que os usuários têm o direito de escolher o modo que desejam se movimentar pela cidade. Em uma cidade como o Rio de Janeiro, que tem uma população que precisa de opções de transporte e que recebe milhares de turistas de todo o mundo anualmente, a inovação é crucial para que a cidade fique cada vez mais conectada, transparente e inteligente. A Uber acredita que é possível trazer uma série de melhorias para a sociedade, gerando novas oportunidades de negócio para milhares de motoristas parceiros e ao mesmo tempo oferecer novas opções de mobilidade urbana.”
Secretário de Transportes do Rio manifesta apoio a protestos de taxistas
O secretário de Transportes do Rio de Janeiro, Carlos Roberto Osório, declarou apoio aos protestos feitos pelos taxistas. Osório disse que o serviço de transporte de passageiros por veículos não licenciados é ilegal. Aqueles envolvidos nesse tipo de transporte deverão ser multados.
Ele cumprimentou a categoria por ter organizado uma manifestação totalmente regular, de acordo com normas municipais, e minimizou o impacto no trânsito. “A posição do estado é muito clara: transporte individual de passageiros por cobrança. Pela nossa legislação, só pode ser feito por veículos licenciados nos nossos municípios. O governo do estado está à disposição de todos os municípios para fazer valer a lei”, afirmou o secretário.
Carlos Osório observou que o Departamento de Transportes Rodoviários do Rio de Janeiro fará a fiscalização de tais veículos. “Neste mês de julho, já apreendemos 34 carros particulares fazendo serviço irregular de passageiros. Na democracia, existem duas coisas: ou se cumpre a lei ou se altera [a lei]. Hoje a lei está valendo.”
O empresário Edson Dias, usuário de táxis há 32 anos, concorda com a posição do secretário de Transportes do Rio, mas destaca que a ideia do aplicativo Uber pode ser útil. “Outras alternativas são interessantes, sim. Afinal, se você for ver, no horário de pico, não se consegue pegar um táxi aqui no Rio”, afirmou.