
Foto: Assimp Meriti/Gláucio Burle
A Orquestra Sinfônica de São João de Meriti é um celeiro de talentos. Criada em 2009 e com 110 integrantes sempre muito aplaudidos em apresentações pelo estado, a orquestra reúne apaixonados por música e aceita crianças a partir de 8 anos. E um dos destaques desse talentoso grupo é o tenor Pedro Paulo Martins, que tem na voz seu grande e versátil instrumento, já que usa os dotes vocais até para dar voz a personagem de videogame.
E essa paixão é uma herança de família. Ainda menino, Pedro convivia com o pai e os irmãos, que tinham uma banda de rock. O tio tocava saxofone. Desse ambiente musical até chegar às aulas de música no Complexo Cultural Kenedi Jaime de Souza Freitas, em São João de Meriti, seguiu-se ainda um belo caminho. Ele chegou a ser vocalista de uma banda de rock, também cursou Letras e foi gerente de banco. Mas a música falou mais alto. “Neste período em que fiquei sem cantar, comecei a me sentir estranho. Fiz uma auto-análise e vi que a música era o que estava faltando na minha vida. Decidi, então, estudar música”, explica o morador do bairro de Coelho da Rocha.
Pedro, então, procurou o maestro Iracito Cerqueira, que comanda a Orquestra Sinfônica de São João de Meriti. “Ele me indicou sua filha, a Ellen Serqueira, que é professora de canto. Comecei tendo aulas particulares com ela e depois vim estudar na escola de música do Complexo Cultural Kenedi Jaime de Souza Freitas, onde ela era professora”, afirma o tenor, que se firmou como músico na Orquestra, porta de entrada para muitos meritienses que, como ele, sonham em se dedicar à carreira musical. O tenor cursa também o segundo período da graduação no Conservatório Brasileiro de Música.
Voz de mil talentos
E se Pedro encanta as plateias com seu canto, ele também fez bonito dando voz a uma das personagens do jogo Yooka-Laylee, da Playtonic Games, que será lançado em 2017. O convite surgiu em um fórum na Internet. “Fui chamado, em fevereiro deste ano, pelo Chris Sutherland, diretor vocal do game. Gravei os sons em um estúdio em São João de Meriti, e os enviei para ele, que aprovou. Fico satisfeito e honrado em saber que a minha voz estará no jogo”, conta o músico, fã de importantes nomes da ópera atual, como o alemão Jonas Kaufmann e o peruano Juan Diego Flórez.
Feliz com o surgimento de talentos como Pedro, a coordenadora da Orquestra Sinfônica e diretora do Complexo Cultural Kenedi Jaime de Souza Freitas, Márcia Brair ressalta a importância de dar aos jovens acesso à cultura. “Muitos desses jovens nunca haviam tido chance de assistir uma orquestra e hoje, não somente tocam como se, sentem donos dela. Isso é emancipação e pertencimento; é autonomia que se leva pra vida. É abrir horizontes”, afirma. Márcia lembra que a orquestra, além de proporcionar um despertar musical, abre portas para uma carreira. “Algumas pessoas chegam sem nunca ter visto uma orquestra ou ter ido ao teatro. E hoje são músicos, compositores, instrutores em Ongs, escolas, igrejas… Hoje temos 80 músicos e 30 coristas na Orquestra Sinfônica de São João de Meriti. A música é universal. Muitos talentos só precisam de uma oportunidade”, finaliza.