
Foto: Ivan Teixeira/Jornal de Hoje
A Polícia Civil determinou a prisão temporária de Elen Cristina Cury, de 23 anos, por envolvimento na morte do namorado, o empresário Felipe Lavina, de 27 anos, que foi assassinado no dia 25 de outubro, em Nova Iguaçu. Segundo as investigações realizadas pela Divisão de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF), Elen é apontada mandante do crime.
De acordo com o delegado titular da especializada, Giniton Lages, Elen teria interesse em se beneficiar com a morte do namorado. “Estamos muito próximos do fechamento de um caso clássico em que a companheira vê a possibilidade de depois da vítima morta, assumir todos os seus bens”, declarou o delegado. Ainda segundo Lages, apesar de negar em depoimento, a acusada teria participado do crime desde o planejamento. “As investigações mostram que o que parecia um latrocínio se revelou um crime programado e executado. Há fortes indícios que Elen teve efetiva participação nesse crime, desde a sua preparação, até a sua execução, ou seja, desde a ideia, passando pela facilitação dos indivíduos na casa, até o resultado final. Até o presente momento, a Divisão de Homicídios acredita na tese que os indivíduos que estiveram na casa naquela noite, tiveram o acesso facilitado pela companheira de Felipe”, complementou Lages.
A prisão da Elen Cury é temporária, inicialmente por 30 dias, podendo ser prorrogara por até 60 dias por haver indícios da participação dela no crime. “A prisão dela é legal, existe protocolarmente justamente para esse tipo de situação”, explicou Giniton. Ainda segundo ele, quatro pessoas participaram do crime naquela noite. Um segue foragido, um adolescente de 17 anos que foi apreendido no dia 1º de novembro, e outr

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os dois participantes que teriam sido mortos. “Os quatro já estão identificados, sendo um deles detido. Trabalhamos com a linha de investigação que dois deles possam ter sido mortos em uma queima de arquivo”, informou o delegado.
Ainda segundo o delegado, o menor apreendido foi contundente sobre a participação de Elen no crime. “Ele informou que ela sempre teve conhecimento do plano desde o início. Ela sabia quanto tinha dentro do cofre, teve o papel de deixar as portas abertas e sabe quem são todos eles, inclusive tem um relacionamento parental com um dos autores”, contou Giniton Lages. “Poucos sabiam da quantia e onde estava o dinheiro, ela é uma delas”, finalizou ele.
A movimentação da conta bancária de Elen será investigada pela polícia. A especializada vai analisar a quantia que existia antes e depois do relacionamento dela com Felipe. Se comprovado o envolvimento no caso, ela pode pegar até 30 anos de prisão e deve responder por latrocínio, roubo seguido de morte.
Motivação do crime

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Parentes do empresário não ficaram surpresos com a prisão de Elen, e acreditam que a motivação do crime seja o dinheiro de Felipe. “Estamos muito decepcionados, mas eu já esperava. Meu irmão era bem sucedido. Foi o olho grande no dinheiro dele que motivou o crime”, declarou a irmã de Felipe, Paula Lavina, de 31 anos. Ainda segundo ela, duas semanas antes do crime, o casal teve uma discussão. “Eu moro nos fundos da casa dele e ouvi. Ela jogou uma garrafa de água congelada na cabeça dele. Depois disse para ele que foi apenas uma brincadeira. Tenho certeza que ela já estava tramando a morte dele”, contou Paula.
Segundo o delegado titular Giniton Lages, existem fortes indícios sobre o interesse de Elen em herdar os bens de Felipe. “A questão do patrimônio dele faz parte do inquérito policial. É muito comum em relações afetivas o interesse de uma das partes do casal em herdar o patrimônio do companheiro ou companheira”, contou Lages sem revelar muitos detalhes. “Esperamos daqui a 60 dias estar com todos os autores presos e todas as respostas sobre a solução desse crime”, finalizou.
Abraço do inimigo
A mãe de Felipe, Rita de Cássia Lavina, contou que encontrou Elen apenas mais uma vez após o crime. Ela afirmou que durante a passeata que cobrava justiça, chegou a ser consolada pela jovem. “Eu estava chorando e ela me abraçou dizendo: ‘Tia, não fica assim. A justiça vai ser feita’. Eu respondi que Deus não iria deixá-los impune”, lembrou. “Estou muito triste. Ela estava todo o dia com a gente”, complementou.
Rita também lembrou que naquela noite Elen demonstrou um comportamento estranho. “Nesse dia ela insistiu para o meu neto ficar em casa com eles, ela nunca fez isso. Sabe-se lá o que ela poderia fazer com o meu neto”, lembrou a mãe da vítima.
Segundo Danúbia Mello, 32 anos, ex-mulher e mãe do filho de Felipe, Elen tirou do filho a oportunidade de ter um pai exemplar. “Ele sempre foi muito dedicado ao filho. Às vezes tinha até mais preocupação que eu, o Felipe achava que muitas vezes eu passava a mão na cabeça dele”, contou Danúbia.
Relembre o caso
Felipe Lavina e a namorada Elen Cristina Cury estavam na casa do empresário, no bairro Therezinha, em Mesquita, quando foram rendidos por três criminosos armados, por volta das 5h manhã do dia 25 de outubro. Após roubarem R$ 10 mil de um cofre localizado no quarto de Felipe, dinheiro que seria utilizado para pagar o salário dos funcionários de uma academia da qual era proprietário, os bandidos roubaram o carro do irmão do empresário, que estava na garagem, e o seqüestraram.
Elen Cristina também foi levada pelos criminosos, mas liberada poucas ruas depois da casa de Felipe. O empresário foi conduzido até uma rua do bairro Caonze, em Nova Iguaçu, onde foi deixado apenas de cueca antes de ser executado com três tiros.
Por: Gabriele Souza (gabriele.souza@jornalhoje.inf.br)