Fotos : Ivan Teixeira
O terreno da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), campus de Nova Iguaçu, foi expandido em quase quatro vezes. Com isso, a área atual, de 35 mil metros quadrados, passará para 111 mil no total. A oficialização da doação da área ampliada será hoje às 18h. A ampliação é resultado de negociação realizada entre a universidade e a Superintendência Regional da Secretaria do Patrimônio da União (SPU). Com o novo terreno, a faculdade poderá construir mais prédios para salas de aula, além de outras atividades, ampliando inclusive o número de cursos e de alunos – atualmente são 3.500 alunos, distribuídos entre 11 cursos.
A solicitação da expansão se iniciou em 2013 e teve o processo encabeçado pelo então diretor do campus Alexandre Fortes. Atual pró-reitor de pós-graduação dos três campus da universidade (além Nova Iguaçu, tem Seropédica e Três Rios), Fortes integrou o grupo de 20 professores pioneiros do campus, instalado Nova Iguaçu no ano de em 2006. Na época, a instituição funcionava, provisoriamente, na Escola Municipal Monteiro Lobato, no centro de Nova Iguaçu. Segundo a assessoria de imprensa da UFRRJ, a cerimônia que oficializa a doação acontecerá hoje, a partir das 18 h, no auditório do campus – na avenida governador Roberto Silveira, s/nº, no bairro Moquetá.
Para Fortes, esta ampliação da área é um grande passo para a educação pública na região. “Com mais espaço poderemos crescer. Criaremos novos prédios, não apenas para aulas. Planejamos ocupar o terreno em frente (que até então vinha sendo utilizado por parque e circos itinerantes) com uma tenda fixa, que poderá ser utilizada no fomento à cultura regional. Pensamos, ainda, em construir uma nova biblioteca que sirva não somente à comunidade escolar, mas a comunidade do entorno. Trata-se de uma grande conquista!”, comemorou Fortes. “Teremos uma agenda para muitos anos de trabalho. Vamos explorar todo o potencial desta área, da melhor maneira possível”, completou.
A estudante do segundo período de Direito no campus, Karina da Silva, de 21 anos, torce para que a expansão da faculdade aumente a oferta de cursos. “Na Baixada faltam opções de ensino público. Espero que cursos concorridos como Medicina também passem a ser oferecidos”, disse.
O vice-prefeito de Nova Iguaçu, Carlos Ferreira, o Ferreirinha, comemorou a conquista. “A cessão do terreno acaba possibilitando sua ampliação, além da vinda de mais cursos e, por consequência, mais vagas para o ensino superior na Baixada, futuramente.” A universidade abriga 3.500 alunos, distribuídos em 11 cursos. Ainda não há, porém, a projeção para a quantidade de salas e novos cursos com a ampliação, com expansão da área.
A expansão do terreno também é motivo de alegria para o comerciante Flávio Santos Cerqueira. Ele mantém um trailer instalado às portas da UFRRJ, onde vende lanches. “Pra mim a expansão da faculdade é um ótimo negócio. Vou poder melhorar minhas vendas”, acredita Flávio.
Pendenga judicial entre empresas e UFRRJ

Enquanto a doação do terreno proporciona alegria para diretores e alunos, também cria problemas para proprietários de empresas e imóveis residenciais que estão instaladas há muito tempo na área doada. No terreno delimitado na doação, por exemplo, funciona um pátio para estacionamento de veículos pesados, oficinas mecânicas e uma marmoraria – que, se consideradas com ocupações irregulares, deverão ser retiradas no local, criando dificuldades de sobrevivência comercial para os donos dos negócios instalados nestes locais.
Sobre assunto, Fortes lembra que a área cedida à universidade, em 2006, era de 44 mil metros quadrados, mas a instituição só ocupou apenas 35 mil metros, por causa dessas referidas empresas, além de construção de casas no local. Ele afirma que alguns dos empresários “já foram notificados pela SPU há muito tempo”, mas que todas as medidas possíveis “exigem muito estudo jurídico”.
A batalha jurídica que pode ser travada entre os empresários e o campus, seria semelhante processo que envolveu Canecão (famosa casa de espetáculos no bairro Botafogo, na Zona Sul do Rio) e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Durante décadas ambos brigaram na Justiça pela posse da área da casa e a universidade saiu vitoriosa. “Não podemos ser omissos às ocupações irregulares existentes. A situação vai demandar muito estudo para nossa procuradoria”, afirmou Fortes.
Para o pró-reitor, “a prioridade, entretanto, é ocupar as áreas não edificadas, para consolidar a posse. A doação prevê uma única possibilidade de reversão: se, em dez anos, a universidade não utilizar efetivamente a área”, avaliou. Outro problema na área doada à UFRRJ é o complexo de esportes que da prefeitura de Nova Iguaçu construiu no terreno – que também pertence à universidade. “Temos excelente diálogo com a prefeitura para definirmos conjuntamente qual o melhor arranjo institucional para manter o trabalho da Vila Olímpica. Mas isso está dentro da matrícula doada para a UFRRJ”, finaliza Fortes.
Davi Boechat