
Foto: Divulgação/COB
No sábado, o brasileiro Felipe Wu garantiu a prata no tiro esportivo. Na terça, Rafaela Silva foi ouro no judô. Ambos têm histórias de muito treino suor e superação.
Felipe treinava em casa sem equipamentos adequados e em espaços menores do que nas competições. Rafaela treina desde criança na Cidade de Deus e precisou vencer o preconceito para se sagrar campeã mundial e olímpica.
Os medalhistas Felipe e Rafaela são atletas militares e beneficiários do programa Bolsa Pódio do governo federal, ou seja, fazem parte de uma complexa rede formada há anos para o Brasil conseguir medalhas.
Há quem acuse a imprensa de não dar o devido crédito ao esporte militar. Há quem diga que esse fator não interfere na preparação dos atletas. Os argumentos parecem se perder na briga reducionista entre “coxinhas” e “petralhas”, “reaças” e “progressistas”. No meio disso, não se entende direito como funciona essa complexa rede formada por trás dos nossos atletas olímpicos.
Felipe e Rafaela são apenas dois dos 145 atletas militares que fazem parte dos 465 esportistas da delegação do Brasil. Entre eles, também está Yane Marques, que conduziu a bandeira brasileira na cerimônia de abertura.

Foto: COB/Divulgação
Eles fazem parte do Programa Atletas de Alto Rendimento do Ministério da Defesa.
Como funciona? Por meio de um edital, o Ministério da Defesa recruta atletas de ponta, oferece estrutura de treinamento e uma bolsa que pode chegar a R$ 3,2 mil por mês.
Para receber esse valor, é preciso se graduar a terceiro sargento. Já graduados, eles passam a defender o Brasil também nos Jogos Militares. São recursos públicos do Brasil colocados em prol do esporte. É também o Brasil usando instalações esportivas militares.
Em parceria com o Ministério do Esporte, é possível investir em equipamentos para os atletas. Felipe Wu, por exemplo, precisa de local adequado, armas e munições para treinar. Já o triatleta Juraci Moreira treina no centro de treinamento do Exército na Urca, no Rio de Janeiro.
Além de receber o valor previsto no edital, os atletas militares continuam contando com os recursos do Bolsa Atleta e do Bolsa Atleta Pódio, ambos do governo federal, administrados pelo Ministério do Esporte.
Os dois programas são considerados, hoje, a maior iniciativa de transferência de renda para atletas do mundo. Felipe Wu, Rafaela Silva e Yane Marques também são bolsistas!
Na prática, ser atleta militar e ter o Bolsa Atleta são formas de complementar a renda e contar com mais apoio. Boa parte deles não conta com patrocínios milionários, como vemos no vôlei, ou confederações ricas, como no futebol.
Nos Estados Unidos, jovens promessas do esporte não se aliam a universidades para ter onde treinar e recursos? No Brasil, temos os clubes, esses incentivos do governo e, só agora, o Ministério do Esporte está montando uma rede nacional de treinamento mais ampla, inclusive contando com universidades federais.
Mas não para por aí. Esses convênios, bolsas e formas de incentivo fazem parte do Plano Brasil Medalhas. Lançado em setembro de 2012 pela então presidente Dilma Rousseff, o Plano Brasil Medalhas instituiu o Bolsa Pódio e Bolsa Atleta com o objetivo de colocar o País entre os 10 primeiros no quadro de medalhas dos Jogos Olímpicos e cinco primeiros nos Jogos Paralímpicos Rio 2016.
Todos os 22 melhores atletas paralímpicos de 2015 são beneficiários do Bolsa Atleta ou Bolsa Pódio.
Desde a criação do programa, 8.991 atletas com deficiência receberam bolsas e nenhum deles participou desse programa do Ministério da Defesa, porque ainda não há um projeto voltado para os paralímpicos.
Isso não impediu os canarinhos de terem ficado em sétimo lugar no quadro de medalhas nos Jogos de Londres 2012. A posição do Brasil nos esporte olímpico foi o 22º lugar. (Fonte: site Brasil Post)
por Jota Carvalho