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O judô deu a Rafaela Silva a chance de ser medalhista de ouro nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. Três anos antes, em 2013, propiciou a ela iniciar um namoro com Thamara Cezar, que também era judoca e treinava no Instituto Reação. Thamara afirmou que prefere ver as lutas de longe, mas que agora, já aposentada, se realiza por meio da parceira. “Disse que ela era foda e que tinha conseguido o que queria. Agora eu me realizo nela, a acompanho sempre nas lutas e treinos”, afirmou a mulher de Rafa a jornalistas.
Ainda atleta, Thamara Cezar foi campeã sul-americana duas vezes. Agora longe do tatame, ajuda Rafaela a cuidar de sua imagem pública, funcionando como uma assessora de imprensa informal, além de cursar faculdade de Educação Física.
Em entrevista ao Globoesporte.com, a campeã olímpica falou sobre a importância de Thamara no processo de preparação: “Ela foi fundamental, porque ficava responsável por marcar entrevistas. Às vezes ela sabia que eu ficava cansada no treino e tentava minimizar a situação. Ela estava ali no dia a dia e sabia o que eu passava, quando eu estava cansada, quando eu não estava. Tudo o que eu precisava ela estava ali à disposição para fazer, então ela também é muito importante nessa conquista”, elogiou.
Rafaela Silva, de 24 anos, chegou à sua primeira medalha olímpica. Ela já havia sido campeã mundial em 2013, campeã mundial militar em 2015 e bicampeã do Campeonato Pan-Americano de Judô, em 2012 e 2013.
“Falaram que o judô não era para mim”

Foto: Diego Vara/Agencia RBS
Após conquistar o primeiro ouro do Brasil no Rio 2016, Rafaela Silva não conteve as lágrimas. Aos prantos, desabafou ao lembrar da derrota em Londres-2012, quando acabou desclassificada por um golpe ilegal, a catada de perna, na luta contra a húngara Hedvig Karakas.
“Eu treinei muito depois da derrota em Londres. Eu não queria realizar o mesmo erro. Depois daquela derrota todo mundo me criticou, falaram que o judô não era para mim e que eu era a vergonha da minha família”, afirmou.
“Hoje eu pude fazer todos os brasileiros felizes com essa medalha aqui dentro da minha casa. Eu só posso falar que o macaco que tinha que estar na jaula em Londres hoje é campeão olímpico dentro de casa. Hoje eu não fui uma vergonha para a minha família”.
Já com a medalha de ouro, a judoca deu entrevistas para jornalistas brasileiros e internacionais. Ao lembrar de Londres, Rafaela falou que a derrota a fez pensar em desistir, mas que, no fim, serviu como um estímulo para se esforçar mais: “Depois de Londres, eu pensei em desistir. Comecei um trabalho com uma técnica para pensar de forma mais positiva e ser mais focada nos meus objetivos.
Após a derrota em Londres, a judoca foi vítima de racismo e duramente criticada pelos torcedores. Então, no Twitter, respondeu com palavrões: “Vai se f… filho da p… Perdi, sim, sou humana como todos. Errei e sei que tenho capacidade de chegar e conquistar uma vaga para 2016. Você veio aqui? Ah, não tem capacidade de conquistar uma vaga e representar seu país por uma bandeira no peito, babaca”,escreveu.
No Rio 2016, Rafaela Silva enfrentou sua algoz, Hedvig Karakas, na segunda luta. O combate durou alguns segundos, sem chances para a húngara.
Veio a semifinal, e a carioca derrotou a romena Corina Carprioriu com um wazari. Na última luta, diante da mongol Sumiya Dorjsuren, a judoca brasileira aplicou o wazari logo no início do confronto e levou o resultado até o final da disputa.
Oriunda de um projeto social, o Reação, idealizado pelo medalhista olímpico e hoje global Flávio Canto, Rafaela saiu da Cidade de Deus para vencer no esporte.
“Eu acho que a minha vida é o judô. Se não fosse o judô eu não sei onde estaria. Graças a Deus eu encontrei o esporte e estou aqui”, completou. “Acho que ninguém treinou mais do que eu para estar aqui”, acrescentou.
A judoca valorizou a importância de seu primeiro treinador, Geraldo Bernardes, ex-técnico da seleção brasileira e idealizador do projeto que a revelou para esporte. “Ele representa tudo. Ganhava as competições desde pequena, mas minha família não tinha dinheiro para viajar ao exterior. O professor pegava o cartão e bancava”. Fecha o pano. (Fonte: ZH Esporte).
por Jota Carvalho