Rio 2016 sem apoio financeiro do governo federal

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Comitê organizador das olimpíadas, Rio 2016, terá cortes de 30% em seu orçamento, mas terá garantias do município e estado
Comitê organizador das olimpíadas, Rio 2016, terá cortes de 30% em seu orçamento, mas terá garantias do município e estado

O diretor de comunicações do Comitê Rio 2016, Mário Andrada, confirmou em entrevista à BBC Brasil que o comitê não terá mais aportes financeiros do governo federal caso seja deficitário, mas contará com garantias do município e do Estado do Rio de Janeiro. Segundo Andrada, não há riscos à montagem dos Jogos, que terão suas despesas de organização cortadas em 30% – ele explica que os cortes vão ocorrer em transporte, segurança, alimentação, uniformes e programa de voluntários. “A retirada das garantias federais foi feita em acordo com o Comitê Olímpico Internacional (COI) e o Comitê Rio 2016. Nós participamos do processo e não vemos impactos disso para a organização dos Jogos”, disse.
Questionado sobre o que deve ocorrer caso o Comitê Rio 2016 não consiga fechar suas contas, ele informou que a responsabilidade em garantir ajuda financeira em caso de deficit ficará a cargo do município e do Estado do Rio de Janeiro.
A Prefeitura do Rio confirmou à BBC Brasil as garantias dadas ao Comitê Rio 2016 em caso de deficit orçamentário e ressaltou a presença de um membro do governo municipal no Conselho do Comitê.
O governo estadual também confirmou e disse que a administração do governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) está comprometida em sanar as contas do Comitê Rio 2016 casa haja deficit.

Redução nos custos atingirá a Cidade Olímpica e estruturas temporárias
Redução nos custos atingirá a Cidade Olímpica e estruturas temporárias

Segundo Mário Andrada, os governos firmaram esse compromisso em 2009, quando assinaram contrato com o COI após a seleção do Rio como sede olímpica.
Quanto ao escopo das garantias municipais e estaduais, Andrada disse que não há limites de valores e que os detalhes constam do contrato firmado com o COI – que não será tornado público, a despeito do solicitado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e o Ministério Público Federal (MPF), que pedem mais transparência ao orçamento dos Jogos.
“O Conselho do Comitê conta com três membros das esferas do governo, que participam das decisões orçamentárias e estão cientes das contas”, disse Andrada. “Há cláusulas de confidencialidade e questões dos patrocinadores que nos impedem de torná-lo público. Na prática, com a retirada das garantias federais, o TCU e o MPF não têm mais ingerência sobre essas questões”, acrescentou.
O Ministério do Esporte confirmou em nota a retirada das garantias federais e também descartou impactos. “O governo brasileiro tem plena confiança de que a revogação do artigo 15º do ‘Ato Olímpico’ (Lei 12.035/2009) não trará prejuízo à organização dos Jogos Olímpicos. A alteração na lei foi negociada com o Comitê Rio 2016 e com o COI, que abriu mão da garantia financeira”, disse o ministério. “O comitê organizador tem feito esforços para captar patrocínios e, ao mesmo tempo, otimizar serviços e recursos humanos, com iniciativas que resultaram num orçamento equilibrado, o que torna possível o cumprimento de suas atribuições sem a utilização de recursos públicos”.
O custo total de R$ 38,7 bilhões para organizar os Jogos está dividido em três frentes orçamentárias: Comitê Rio 2016 (verbas privadas, estimadas em R$ 7,4 bilhões – onde haverá cortes de 30%), Matriz de Responsabilidades (gastos com as instalações olímpicas, orçados em R$ 6,67 bilhões) e o plano de legado (com as obras de infraestrutura prometidas ao COI, no valor de R$ 24,6 bilhões).
Garantias e transparência nas ações

No início da semana a BBC noticiou a decisão do Comitê Rio 2016 de reduzir seus gastos em 30%, com o intuito de evitar deficit. Ainda não era de domínio público, no entanto, a informação de que o Governo Federal havia retirado suas garantias federais, firmadas com o COI ainda em 2009.
Tais garantias constavam do artigo 15º da Lei Federal 12.035, de 2009, conhecida como “Ato Olímpico”. O artigo foi revogado pela Lei Federal 13.161/2015, sancionada pela presidente Dilma Rousseff em 31 de agosto, sem alarde por parte do governo ou da mídia. Para o MPF, a decisão foi fruto de pressões e recomendações e de um acórdão do TCU.
Em nota, o MPF relembra que semanas atrás “recomendou ao Comitê Rio 2016 que desse publicidade e transparência aos detalhes da sua movimentação de recursos utilizados para a realização das Olimpíadas Rio 2016”.
MPF e o TCU já haviam manifestado preocupação com a falta de transparência orçamentária da organização dos Jogos e com a possibilidade de o governo federal arcar com deficits – algo que já ocorreu, no setor de segurança da Olimpíada.
Em entrevista à BBC Brasil, o ministro Augusto Nardes, destacado pelo TCU para fiscalizar as contas e o legado dos Jogos, e o procurador da República Leandro Mitidieri, do Grupo de Trabalho de Olimpíadas do MPF, cobraram maior transparência.
No início de setembro, o Comitê Rio 2016 declarou que, “ao contrário dos entes públicos, é financiado por recursos privados e por isso não tem a obrigação de prestar contas e publicar seu orçamento” e que “não trabalha com a hipótese de extrapolar seus gastos”.
Detalhes dos cortes anunciados

Mário Andrada detalhou à BBC Brasil os cortes de 30% em seus gastos anunciados no início da semana, sobretudo no que diz respeito à infraestrutura e operações. “Em termos de infraestrutura, a maioria será nos bastidores, e o grande público não perceberá. Teremos tendas no lugar de paredes e estruturas mais sólidas nos escritórios atrás dos locais de competição, por exemplo”, disse. “Já nas questões de operações, teremos cortes de até 30% em transporte, alimentação, segurança e uniformes, dentre outros”, confirmou,
Segundo Andrada, as estruturas temporárias, como arquibancadas e tendas – os chamados overlays -, serão drasticamente reduzidas de tamanho, para baratear os custos.
As áreas que não sofrerão cortes são as de comunicação, esportes, cerimônias de abertura e encerramento e a dissolução (desmontagem das estruturas temporárias ao término dos Jogos).
Questionado sobre a cerimônia de abertura, Andrada disse que ao contrário do que o diretor Fernando Meirelles divulgou, o orçamento da festa que dá início aos Jogos Olímpicos será “10% menor do que o de Londres, em 2012, e não 10% do total utilizado na cerimônia britânica”. (Fonte: Jefferson Puff/BBC BRasil).
por Jota Carvalho

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