
Ontem, o jornal italiano La Gazzetta dello Sport publicou entrevista com o senador Romário (PSB-RJ), responsável por coordenar as investigações pertinentes à CPI do futebol. Para o ex-jogador, tetracampeão do mundo em 1994, Joseph Blatter, presidente demissionário da entidade, e Michel Platini, candidato no pleito, pertencem a “mesma escola” de corrupção; enquanto Zico não parece corrompível, mas também não tem apoio.
Crítico declarado destas ‘oligarquias’ que dão as cartas no futebol e aos poucos vêm sendo desmascaradas, Romário citou a presença de um cartel na Fifa. “A Fifa está corrupta, dentro dela há um cartel. Alguns já foram presos, outros ainda serão. Acredito, espero e rezo para que Blatter seja um deles. Blatter é o chefe dessa escola de pessoas que pode influenciar no mundo do futebol”, declarou.
Romário não garantiu que Platini esteja envolvido em esquemas de corrupção, mas admitiu que uma alteração no comando, entre o suíço e o francês, pouco simbolizaria em termos de mudança na estrutura da entidade. Além do brasileiro, o milionário sul-coreano Chung Mong-joon já tinha especulado sobre a proximidade entre Blatter e Platini e a similaridade das propostas.
“Não posso afirmar que Platini seja corrupto, mas está claro que a forma dele dirigir a Uefa não é a melhor. Platini é parte deste mundo e não há nada de positivo em sua gestão. Platini é da mesma escola de Blatter”, bradou Romário, antes de comentar de forma mais detida sobre Zico, compatriota que ainda luta, até 26 de outubro, para buscar o apoio necessário de cinco federações e oficializar a candidatura.
“Quando Zico anunciou sua candidatura, disse que era uma boa opção, mas acredito que não está pronto. O que é certo é que não está corrompido e por isso meu voto é dele. Mas não terá nenhuma chance, a CBF não o apoia”, declarou o senador, apesar de, há cerca de um mês, Zico ter visitado a maior entidade do futebol brasileiro e conversado com Marco Polo Del Nero sobre um eventual apoio à candidatura.
Além de Zico e Platini, os candidatos já declarados são Chung Mong-joon; Ali Bin Al Hussein, príncipe da Jordânia; Musa Bility, presidente da Federação Liberiana; e os ex-jogadores David Nakhid, de Trinidad e Tobago; e Segun Odegbami, da Nigéria.
Há interesses nas convocações

Foto: Rafael Ribeiro/CBF
Na mesma entrevista ao jornal italiano o atual senador pelo Rio de Janeiro afirmou que existe interesses por trás das convocações da Seleção Brasileira.
“Os problemas são refletidos nas convocações. Dunga é meu amigo, mas não é a sua hora. Não convoca-se mais os melhores, há interesses por trás. O diretor é Gilmar Rinaldi, que, até um dia antes de sua nomeação, era um agente de jogadores. Uma provocação! Você viu a convocação? Todos pertencem aos empresários que lucram com convocações. É evidente para todos”, disse.
Romário classificou os resultados da seleção na Copa do Mundo e Copa América como desastrosos e alegou que os jogadores têm sido afetados pelo momento político turbulento envolvendo a Confederação Brasileira de Futebol (CBF).
Questionado se Dunga tem autonomia no time comprometida, Romário não hesitou: “A 100%. Eu acho que ele nem mesmo faz convocações como ele gostaria. Dunga está envolvido nessa sujeira da CBF. Eu não sei se ele está sujo, se participa, mas está vendo tudo. Não é nem cego nem estúpido. O que está acontecendo não é bom, e ele está participando. Não deveria voltar como treinador, não é mais seu tempo desde que perdeu a Copa do Mundo de 2010. A era pós-Scolari era uma oportunidade para renovar o ambiente”, relatou o ex-jogador.
O senador afirmou que o também ex-jogador Ronaldo não é capaz de se tornar o presidente da CBF porque ainda não teria definido sua posição. O escolhido por ele como nome ideal para o cargo foi de Leonardo, seu companheiro no título do mundial de 1994, que já trabalhou como diretor no Milan e PSG.
“Ele sim seria adequado. Entre os ex-jogadores, o colocaria como o primeiro da lista, mas isso não significa que assinaria sua candidatura”, disse Romário, referindo-se a Leonardo.
por Jota Carvalho