Um ano depois do passeio alemão, a coisa piorou

Facebook
Twitter
LinkedIn
Pinterest
Pocket
WhatsApp
Arte: Folha de S. Paulo
Arte: Folha de S. Paulo

De 8 de julho do ano passado até ontem parece que tudo ficou mais complicado que o acachapante 7 a 1 da Alemanha sobre a Seleção Brasileira (nem tão brasileira assim), pelas semis da segunda Copa do Mundo que o País sediou. Como a primeira, em 1950, decepcionante ao ponto de calar uma nação inteira e com um ponto negativo: em 50, contra os uruguaios, o escrete Canarinho chegou à disputa do caneco, como favorita. Desta vez, entrou em campo recheada de ‘estrangeiros’ e predisposta a perder para atender interesses fora do futebol. Por isso a decepção foi maior.
Ninguém poderia imaginar que aquela tarde no Mineirão ‘seria pinto’ perto de tudo que ainda estaria por vir: os gols contra mais recentes que os poderosos e cartolas insistem em impor ao futebol brasileiro, hoje desrespeitado em todo planeta.
O ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) José Maria Marin e outros seis dirigentes da Fifa acabaram presos em maio num hotel de luxo na Suíça. A ação cinematográfica tem participação do FBI e investiga um esquema de corrupção para a escolha das sedes das próximas duas Copas do Mundo, além de pagamentos de propinas da ordem de US$ 100 milhões (R$ 313,4 milhões). O escândalo envolve cartolas da América Central e América do Norte. Com reservas de US$ 1,5 bilhão e tendo lucrado mais de US$ 5 bilhões com a Copa do Mundo no Brasil em 2014, a Fifa parece ter perdido sua aparente blindagem. A operação se transforma no maior escândalo já vivido pela entidade já acostumada com casos de corrupção. Joseph Blatter anuncia renuncia, mas, dias depois admite a possibilidade de seguir presidente.

Após a ‘sacolada de gols’ da Alemanha o capitão David Luiz pede desculpas aos torcedores brasileiros pela vergonha no Mineirão Foto: CBF/Divulgação
Após a ‘sacolada de gols’ da Alemanha o capitão David Luiz pede desculpas aos torcedores brasileiros pela vergonha no Mineirão
Foto: CBF/Divulgação

Seguindo seu sexto sentido, o presidente da CBF, Marco Polo Del Nero pulou fora da Suíça, momentos depois da prisão de seu padrinho Marin, que luta para se livrar da Justiça americana. Ele já gastou R$ 1,9 milhão para não ser extraditado para os EUA, onde a coisa pode ficar mais preta do que está, para ele.
Depois daquela vergonhosa tarde em Belo Horizonte, o clima era de terra arrasada. Comentaristas, entendedores, palpiteiros, corneteiros e até quem nada sabe de futebol ficou procurando buraco para enterrar o focinho. Todos unidos pela fome de mudança. Novos ares, novos nomes. Que tal um estrangeiro? Mas o que fez a CBF? Apostou em Dunga! A partir daí a história você já sabe. Foram 11 amistosos sem derrotas para desaguar numa campanha pífia na Copa América. Empate com o Peru, derrota para a Colômbia e eliminação nos pênaltis para o Paraguai, o lanterna das últimas eliminatórias para a Copa.
Para explicar o quanto se sente perseguido pela imprensa e pelos torcedores, o treinador da Seleção se saiu com a terrível frase: “Nós éramos ruins com sorte e os outros eram bons com azar. Aquela Seleção tinha uma cobrança de 40 anos sem Copa América e 24 anos sem Copa. Até acho que sou afrodescendente de tanto que apanhei e gosto de apanhar. Os caras olham para mim e falam ‘vamos bater nesse aí’. E começam a me bater, sem noção e sem nada”. Ninguém merece ouvir ou ler isso que o ‘professor’ disse. Trocaram seis por meia dúzia e as bananas continuaram verdes.
Conselho com as ‘moscas’ de sempre

Preso na Suíça, o ex-chefe da CBF, José Maria Marin, está com medo de ser extraditado para os Estados Unidos Foto: CBF/Divulgação
Preso na Suíça, o ex-chefe da CBF, José Maria Marin, está com medo de ser extraditado para os Estados Unidos
Foto: CBF/Divulgação

Como no velho dito popular usado para o esporte e principalmente em nossa política, ‘mudam as moscas mas a merda é a mesma’, começaram as ações de um tal Conselho de Desenvolvimento Estratégico do Futebol Brasileiro. O nome é pomposo, a ideia parece cheia de boas intenções. Mas a realidade é bem diferente. Quem forma o conselho, são as mesmas pessoas de sempre. Carlos Alberto Parreira e o vovô, Mario Jorge Lobo Zagallo, para começar. Mas tem também Paulo Roberto Falcão, Carlos Alberto Silva, Sebastião Lazaroni, Candinho e Ernesto Paulo. Onde está a renovação? Mano Menezes, Luiz Felipe Scolari, Vanderlei Luxemburgo, Émerson Leão e Edu foram convidados, mas não aceitaram. Menos mal. Para reforçar a má-vontade em nada mudar, Tite, Muricy Ramalho ou Marcelo Oliveira, os técnicos mais vencedores dentro do futebol brasileiro nos últimos anos, sequer foram lembrados ou convidados.
Parece que a Seleção é um ‘clubinho do bolinha’, que só quem já pisou lá pode entrar ou é capaz de discutir sobre o tema. Ouvir quem vem de fora? Renovação? Olhar como se faz para além das nossas fronteiras? Nada. A solução será sempre olhar para dentro. De quebra, Gilmar Rinaldi vira ‘o cara’ do futebol na CBF e veta tudo que não satisfaz seus interesses de empresário de atletas.
Valor do marketing sem talentos

O mito que ouvimos durante a infância contava que o jogador brasileiro era dotado de técnica, sagacidade e habilidade para além do usual. Zizinho, Nilton Santos, Garrincha, Pelé, Zico, Romário, Ronaldo, Rivaldo, Alex, para citar alguns dos que que chamavam a bola de você, fizeram parecer que o ‘melhor futebol do mundo’ sempre fez sentido.
A atual ‘neymardependência’ é remédio apenas para o Barcelona, da Espanha.
Na Copa América, Neymar foi capitão, camisa 10, armador, centroavante e ponta-esquerda. Perdeu a cabeça, é claro. Foi expulso contra a Colômbia e passou do limite nas provocações. Sozinho é sempre bem difícil para um garoto que não estava preparado para o sucesso e riqueza.
Onde estão os talentos? Recentemente, documentos obtidos pelo Estadão mostram que a CBF “leiloava” as convocações de atletas. No tácito acordo, o jogador “titular” precisa ser substituído por um outro com o “mesmo valor de marketing”. Quem ganhava? Agentes, cartolas e empresas registradas em paraísos fiscais, longe do Fisco brasileiro.
>> MP do Futebol – A Câmara dos Deputados aprovou, em primeiro turno, na noite de terça-feira (7) a medida provisória que cria o Programa de Modernização da Gestão e Responsabilidade Fiscal do Futebol Brasileiro (Profut). O chamariz é a possibilidade de renegociação das dívidas dos clubes, estimadas em R$ 4 bilhões, em até 240 meses (20 anos), corrigidas pela taxa Selic.
Será que vai adiantar alguma coisa, ou a ‘depressão 7 a 1’ ficará marcada para sempre dentro de cada brasileiro? Só o tempo dirá.
por Jota Carvalho

Facebook
Twitter
LinkedIn
Pinterest
Pocket
WhatsApp

Nunca perca nenhuma notícia importante. Assine nosso boletim informativo.

Publicidades

error: Conteúdo protegido!