
Foto: Montagem/Estadão/Reuters
O ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) José Maria Marin e outros seis dirigentes da Fifa foram presos na manhã de ontem (27) em um hotel de luxo na Suíça, como parte de uma operação que investiga um esquema de corrupção para a escolha das sedes das próximas duas Copas do Mundo e pagamentos de propinas da ordem de US$ 100 milhões (R$ 313,4 milhões).
A operação é uma ação integrada entre as autoridades suíças e norte-americanas em dois processos diferentes. Na Europa, o Ministério Público da Suíça realizou as prisões dos sete cartolas e alguns executivos de marketing esportivo. Além disso, a sede da Fifa foi alvo de buscas por documentos e computadores. A suspeita é de que dirigentes receberam propinas para votar nas sedes das Copas de 2018 (Rússia) e de 2022 (Qatar). O MP suíço confirmou que abriu uma investigação penal contra os dirigentes. No total, dez pessoas estão sendo investigadas.

Nos EUA, uma corte federal em Nova York aceitou o processo que acusa 14 pessoas de extorsão, fraude eletrônica e conspiração para lavagem de dinheiro, como parte de um esquema que durou mais de duas décadas, de acordo com nota do Departamento de Justiça norte-americano. “A acusação alega que a corrupção é desenfreada, sistêmica e profundamente enraizada tanto no exterior como nos Estados Unidos”, disse a procuradora-geral dos EUA, Loretta Lynch, em nota.
As prisões, feitas por policiais à paisana, ocorreram durante a manhã em um hotel de luxo de Zurique, onde autoridades da Fifa estavam hospedadas para a eleição presidencial da entidade desta semana, em que o atual presidente Joseph Blatter é esperado para ganhar o quinto mandato. Blatter, aliás, não está entre os presos.

Foto: BBC Brasil
“Certamente é um momento difícil para nós. Mas isto é bom para a Fifa. Confirma que estamos no caminho certo. Dói. Não é fácil. Mas é a maneira certa de seguir”, declarou o porta-voz da Fifa, Walter De Gregorio.
Além de Marin, atual membro do comitê organizador do torneio olímpico de futebol da Fifa, foram detidos o atual vice-presidente e membro do comitê executivo da Fifa, Jeffrey Webb, e Eduardo Li (da Federação de Futebol da Costa Rica). Outros indiciados são o ex-presidente da Confederação de Futebol das Américas do Norte e Central e do Caribe (Concacaf), Jack Warner, que por anos mandou no futebol do Caribe até ser suspenso por desvio de verbas, e os ex-presidentes da Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) Eugenio Figueiredo e Nicolás Leoz. “Hoje é um dia triste para o futebol”, declarou o jordano Ali bin al Hussein, único a lançar uma candidatura contrária a Blatter.
A Fifa, em nota, disse apoiar as investigações que estão sendo “energicamente realizadas pelo bem do futebol”. (Com Estadão Conteúdo e Agência Reuters)
Copa no Brasil nas investigações

A Justiça americana indicou em suas investigações que parte das propinas pagas aos dirigentes indiciados se referiam à organização da Copa do Brasil, Taça Libertadores da América e mesmo da Copa América. Além de corrupção, Marin é acusado de “conspiração” e pode ser extraditado aos EUA. Segundo os americanos, quem também será acusado é o brasileiro José Hawilla, fundador da Traffic Group, que opera os direitos de transmissão de eventos da Fifa. Ele se declarou culpado e concordou em devolver US$ 151 milhões.
O FBI e os promotores do Brooklyn vêm investigando a Fifa durante anos, de acordo uma pessoa próxima ao caso. A investigação mudou de patamar em 2011, quando um dirigente norte-americano da entidade, Charles ‘Chuck’ Blazer, começou a cooperar com as autoridades após ser ameaçado com denúncias de sonegação de impostos. Blazer foi secretário-geral da Concacaf entre 1990 e 2011, e tem informado o FBI sobre o suposto esquema de fraude e lavagem de dinheiro entre os quadros da instituição. Ele também teria concordado em gravar conversas com outros executivos da Fifa.
por Jota Carvalho