
Foto: Fábio Gonçalves/Agência O Dia
A doméstica Terezinha Maria de Jesus, de 36 anos, segue hoje para a Europa com a Anistia Internacional, para atuar na internacionalização da campanha “Jovem Negro Vivo”, que chama atenção para os altos índices de violência contra essa população. Terezinha é mãe de Eduardo de Jesus, de 10 anos, morto durante ação policial no Conjunto de Favelas do Alemão, Zona Norte do Rio, no dia dois de abril deste ano.
Indignada com a conclusão da Polícia Civil de que se tratou de legítima defesa a morte do seu filho pela Polícia Militar, Terezinha contará sua história em eventos públicos, encontros de ativistas e para autoridades locais em quatro países: Espanha, Suíça, Inglaterra e Holanda. “Estou levando o caso do meu filho para fora do Brasil e vou detonar com o estado do Rio de Janeiro. Vou mostrar como o estado age aqui com as pessoas inocentes. Primeiro, eles atiram, para depois perguntar quem é”, criticou Terezinha.
“Vem dizer que foi em legítima defesa? Quer dizer que meu filho estava trocando tiro com eles? Isso não existe. Meu filho era uma criança que estudava o dia inteiro no colégio e não tinha tempo para se misturar com quem não presta. E meu filho era uma criança amável, uma criança muito querida”, disse Terezinha . “Não teve troca de tiros em hora nenhuma. O único tiro foi o que matou meu filho. Vou lutar com unhas e dentes, porque esse crime não pode ficar impune”.
Segundo apurações da Anistia Internacional, no momento em que Eduardo foi morto não havia confronto ou troca de tiros. Eduardo estava sentado na frente de casa, esperando a irmã e brincava com o celular quando foi atingido. De acordo com a organização, os policiais militares ainda tentaram modificar a cena do crime, retirando o corpo, o que só não ocorreu por mobilização da família e vizinhos da vítima.
Quando a mãe de Eduardo em desespero gritou aos policiais “Você matou meu filho”, teve como resposta um fuzil apontado para a sua cabeça e uma ameaça: “assim como eu matei seu filho, eu posso muito bem te matar porque eu matei um filho de bandido, um filho de vagabundo”.