
Foto: Martin Bureau/AFP
Caozeiro existe em qualquer idioma. O nadador norte-americano Ryan Lochte, ouro no revezamento 4 x 200 metros livre, pode ter inventado a história de que fora assaltado no Rio de Janeiro enquanto voltava em um táxi para a Vila Olímpica com outros compatriotas. É o que cogita a imprensa dos Estados Unidos depois que um investigador da polícia contou à agência de notícias “Associated Press” que existem poucas evidências do assalto. Segundo a publicação, os nadadores foram incapazes de fornecer detalhes importantes em interrogatórios policiais.
A polícia, ainda conforme a reportagem, não encontrou o motorista do táxi ou testemunhas. O policial que conversou com a agência falou sob a condição de anonimato porque a investigação ainda está em curso.
De acordo com declarações de Lochte e do Comitê Olímpico dos Estados Unidos, os nadadores estavam retornando para a Vila Olímpica depois de uma noite na casa de hospitalidade da equipe olímpica francesa na área da lagoa Rodrigo de Freitas.
Segundo as autoridades, Lochte não chamou a polícia após o assalto. Ele afirmou que inicialmente não contaria aos dirigentes olímpicos dos EUA sobre o roubo porque “todos os envolvidos estavam com medo de punições”. A polícia entrevistou o atleta medalhista e outro nadador, que disseram ter sido intoxicados e não conseguiam se lembrar como aconteceu o roubo.
Contradições e fuga comprometem

Foto: Reprodução/Câmera de segurança
Com ordem judicial de apreender os passaportes, a polícia do Rio de Janeiro não encontrou em seus quartos os nadadores americanos que mentiram sobre um “assalto” de que teriam sido vítima por bandidos disfarçados de policiais. O principal deles, Ryan Lochte, medalhista olímpico, deixou o País antes que a polícia o alcançasse.
Os investigadores, que não descartam qualquer hipótese, investigam se os nadadores americanos – entre os quais o medalhista Ryan Lochte – mentiram. Imagens de câmeras de segurança mostram os três rapazes retornando à Vila pelas 6h da manhã, demonstrando bom humor e mostrando pertences pessoais, como celulares e relógios de pulso, após ter ocorrido o suposto assalto. Eles disseram à imprensa americana que foram assaltados por bandidos disfarçados de policiais.
A versão mais frequente, compartilhada por policiais nas redes sociais, é Ryan Lochte e seus amigos estavam numa farra, provavelmente com mulheres, e inventaram a história do assalto para não dar problema com a namorada do medalhista, hospedada no hotel Grand Mercure, na Barra da Tijuca.
Ryan não deixou a festa na Casa França pelas 4h da madrugada, como afirmou, para em seguida ser roubado por um policial de distintivo em local “incerto”. Os três deixaram a festa perto das 6h e quarenta minutos depois chegariam à Vila Olímpica, como confirmam as imagens das câmeras de segurança. Confrontado com a própria história, os nadadores afirmam que estavam bêbados e por isso não teriam condições de reconhecer os supostos bandidos.
A notícia do suposto assalto levou o Comitê Olímpico Brasileiro a pedir desculpas à delegação americana. Apesar das evidências de mentira, Ryan Lochte ainda concedeu entrevistas reforçando sua versão da história inverossímil de um assaltante gentil que deixou com as vítimas relógios e celulares, objetos de desejo de criminosos do gênero.
Confirmada a mentira, os nadadores estão sujeitos a processo por falsa comunicação de crime, mas também podem – ou deveriam – sofrer algum tipo de punição no âmbito do Comitê Olímpico Internacional (COI).
por Jota Carvalho