
A Chapecoense faria hoje o primeiro confronto da decisão da Copa Sul-Americana com o Atlético Nacional, em Medellín, na Colômbia. Faria. Mas o sonho virou pesadelo. Isso porque o avião que levava a delegação da ‘Chape’ na madrugada de ontem a poucos quilômetros da cidade colombiana. Um comunicado da Aeronáutica do país informa que 75 corpos foram resgatados do local do acidente e serão levados para uma base da Força Aérea, de onde seguirão para o Instituto Médico Legal de Medellín. Seis sobreviveram à queda: os jogadores Alan Ruschel, Neto e Follmann, o jornalista Rafael Henzel, o técnico da aeronave Erwin Tumiri e a comissária de bordo Ximena Suarez. O goleiro Danilo também tinha sido resgatado com vida, mas morreu no hospital.
O avião da LaMia, matrícula CP2933, decolou de Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, com destino a Medellín com a delegação do time, jornalistas e convidados. Segundo as autoridades colombianas, a lista do voo tinha 81 nomes: 72 passageiros e nove tripulantes.

O chefe da comunicação da Aeronáutica Civil colombiana, Uriel Bedoya, que visitou o local do acidente, confirmou que o grupo de investigação já tem as duas caixas-pretas da aeronave. As autoridades britânicas anunciaram o envio à Colômbia de três investigadores para analisar a cena do acidente – o avião da companhia boliviana LaMia foi fabricado pela British Aerospace. Segundo a imprensa local, a aeronave perdeu contato com a torre de controle às 22h15 (1h15 na hora de Brasília), entre as cidades de La Ceja e Abejorral, e caiu ao se aproximar do Aeroporto José Maria Córdova, em Rionegro, perto de Medellín.
O Comitê de Operação de Emergência (COE) e a gerência do aeroporto informaram que a aeronave se declarou em emergência por falha técnica às 22h (local) entre as cidades de Ceja e La Unión.
O diretor da Aeronáutica Civil, Alfredo Bocanegra, explicou à Rádio Nacional da Colômbia que, embora chovesse e houvesse neblina na região, o aeroporto Rionegro estava operando normalmente. Segundo ele, aparentemente foram falhas elétricas que causaram o acidente. O piloto relatou problemas à torre de controle do aeroporto de Santa Cruz, na Bolívia.
Mais cedo, a imprensa colombiana chegou a cogitar como causa a falta de combustível, mas também informou que o piloto despejou combustível após perceber que o avião iria cair.
O vice-presidente da Chapecoense, Ivan Tozzo, afirmou que um grupo de médicos embarcou para Medellín para identificar os corpos, que devem ser liberados a partir de amanhã. Segundo ele, há intenção de fazer um velório coletivo no estádio do time em Chapecó.
Entre os jogadores mortos da Chapecoense, estão figuras conhecidas, como o atacante Bruno Rangel e o meia Cleber Santana, além do treinador Caio Júnior. Jornalistas conhecidos também não resistiram aos ferimentos. São eles: Victorino Chermont (FOX), Devair Paschoalon (FOX), ex-jogador e comentarista Mário Sérgio (FOX), além dos jornalistas Paulo Julio Clement (FOX) e Guilherme Marques (TV Globo).
Atlético Nacional propõe que título fique com Chape

Reprodução / Atlético Nacional
O Atlético Nacional pediu à Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol), que organiza a Copa Sul-Americana, que entregue o título de campeão da Copa Sul-Americana ao Chapecoense. Em seu site, o clube colombiano diz que recebeu consternação a notícia do acidente com o avião que levava os atletas chapecoenses à Colômbia.
“A dor atinge profundamente nossos corações e invade de luto nosso pensamento”, afirma a equipe colombiana. “O acidente de nossos irmãos do futebol da Chapecoense nos marcará por toda a vida e já deixa uma marca inapagável no futebol latino-americano e mundial.”
No comunicado, o Atlético Nacional propõe à Conmebol que a Associação Chapecoense de Futebol fique com o título da Copa Sul-Americana como homenagem póstuma às vítimas do acidente. “Da nossa parte, e para sempre, Chapecoense, Campeão da Copa Sul-Americana 2016.”
A Conmebol deverá aceitar o pedido, mas que ainda não há data para a confirmação do título ao clube brasileiro por se tratar de um caso sem precedentes. Caso a Chape seja declarada campeã, haverá duas conseqüências práticas para o clube catarinense. A primeira seria a classificação para a fase de grupos da Copa Libertadores de 2017. Outra seria a vaga automática na Recopa Sul-Americana, a ser disputada contra o mesmo Atlético Nacional de Medellín, atual campeão da Taça Libertadores da América.
A premiação para os dois participantes da Recopa é de US$ 1 milhão para time, o que na visão da confederação ajudaria na reconstrução do clube catarinense.
Clubes brasileiros sugerem ceder jogadores de graça
Desde que foi confirmada a tragédia envolvendo a Chapecoense, muitos se perguntaram qual será o futuro do clube. Grande parte de seu elenco estava no avião que caiu em Medellín e alguns dirigentes já sugerem medidas para que a Chape possa se reerguer após o acidente. Ontem à tarde, o Corinthians divulgou nota oficial em seu site sugerindo algumas medidas. O comunicado representa os presidentes dos clubes brasileiros, como afirma.
As duas medidas sugeridas envolvem a cessão de jogadores para a Chape por empréstimo, sem nenhum tipo de cobrança, e também um pedido para que o clube catarinense não seja rebaixado por três temporadas. Caso termine na zona de rebaixamento, o 16º colocado cairia em seu lugar.
>>>> Confira parte da nota: Neste momento de perda e de profunda tristeza, nós, presidentes dos clubes brasileiros que publicam essa nota, gostaríamos de manifestar nossos mais sinceros sentimentos de pesar e solidariedade à Associação Chapecoense de Futebol e seus torcedores, e em especial às famílias e amigos dos atletas, comissão técnica e dirigentes envolvidos na tragédia.
Os Clubes anunciam Medidas Solidárias à Chapecoense, que consistirão, dentre outras, em: (I) Empréstimo gratuito de atletas para a temporada de 2017; e (II) Solicitação formal à Confederação Brasileira de Futebol para que a Chapecoense não fique sujeita ao rebaixamento à Série B do Campeonato Brasileiro pelas próximas 3 (três) temporadas. Caso a Chapecoense termine o campeonato entre os quatro últimos, o 16o colocado seria rebaixado.
Trata-se de gesto mínimo de solidariedade que se encontra ao nosso alcance neste momento, mas dotado do mais sincero objetivo de reconstrução desta instituição e de parte do futebol brasileiro que fora perdida hoje.
#ForçaChape
Ex-rubro-negros e maior artilheiro da Chape na lista dos mortos
Arthur Maia e Cleber Santana defenderam o Flamengo. Já Bruno Rangel marcou 77 gols pela Chapecoense e morre como maior artilheiro da história do clube
A Chape faria hoje o primeiro confronto da decisão da Copa Sul-Americana com o Atlético Nacional, jogo que foi adiado pela Conmebol. A final seria o último ato da histórica campanha do clube na competição, com direito a eliminação dos gigantes argentinos Independiente e San Lorenzo. Um dos ídolos do time, o goleiro Danilo, de 31 anos, fez uma defesa com o pé no final do segundo jogo da semifinal, na Arená Condá, contra o San Lorenzo, se sagrando o herói da classificação do time. Também grande nome do clube catarinense, o centroavante Bruno Rangel, de 34 anos, tinha 77 gols pela Chapecoense. Ele é o maior artilheiro da história da equipe.
Com passagens por Flamengo, Santos e Atlético de Madrid (ESP), entre outros, o meia Cléber Santana, de 36 anos, era capitão do time e um dos mais experientes jogadores do elenco. Segundo familiares, ele ainda não planejava se aposentar do futebol. Outro atleta que passou pelo rubro-negro é o meia Arthur Maia. Mas o jogador não agradou e ‘esquentou’ o banco de reservas.
Outro destaque do time na temporada, o atacante Kempes tinha 31 anos e passagens por Portuguesa, América (MG) e Ceará, entre outros clubes. Um dos treinadores mais conhecidos do Brasil, o técnico Caio Júnior, de 51 anos, também está entre as vítimas. Em maio de 2008, ele assumiu o rubro-negro no lugar de Joel Santana, que ia para a Seleção da África do Sul.
O filho do treinador, que faz parte da comissão, estaria no voo, mas esqueceu o passaporte e não embarcou. Também estava no avião o preparador físico Anderson Paixão, de 37 anos, filho do histórico ex-preparador da Seleção Brasileira, Paulo Paixão. Anderson é o segundo filho que Paixão perde.
Craques internacionais prestam solidariedade
O acidente que vitimou jogadores e jornalistas brasileiros teve repercussão internacional e não demorou muito para que esportistas de vários cantos do mundo usassem as redes sociais para publicar mensagens lamentando a tragédia e também de apoio aos familiares das vítimas. O primeiro deles foi Felipe Melo, ex-Flamengo e seleção brasileira, atualmente na Inter de Milão.
“Oremos para que esse pesadelo termine logo e que tenhamos boas notícias. #Chapecoense”, escreveu o atleta em sua conta no Twitter, às 5h35, ainda sem saber a real dimensão da tragédia.
Camisa 10 da Seleção, Neymar também comentou o acidente. O jogador do Barcelona disse ser impossível acreditar no ocorrido e garantiu: “Hoje o mundo chora, mas o céu se alegra em receber campeões”. Companheiro de Neymar, Messi também prestou solidariedade. “Meu mais sentido pêsame para todas as famílias, amigos e torcedores da Chapecoense. #FuerzaChape”, disse o argentino. O time do Barcelona, aliás, fez um minuto de silêncio durante o treino de ontem, a exemplo do Real Madrid.
O goleiro Casillas, da seleção espanhola, Casemiro, do Real Madrid, Michael Ballack, os zagueiro Dante e Thiago Silva, o chileno Valdivia, o alemão Podolski, o espanhol Sergio Ramos, o português Luís Figo, o inglês Wayne Rooney, o colombiano James Rodríguez, Ronaldinho Gaúcho, Kaká e Maradona foram outras personalidades do futebol mundial que prestaram solidariedade.