A investigação da Polícia Civil sobre um plano de invasão ao Estádio do Maracanã, na noite desta quarta-feira, durante semifinal da Copa Libertadores da América entre Flamengo e Grêmio, revela que o bando havia agendado uma concentração para as 18h, no Parque da Candelária, na favela da Mangueira, na Zona Norte do Rio. O local fica a 400 metros do estádio e o percurso pode ser feito a pé em cerca de cinco minutos. A informação consta na decisão do juiz Bruno Monteiro Rulière, que autorizou a prisão temporária de 27 pessoas.
De acordo com o inquérito da 18ª DP (Praça da Bandeira), o grupo de supostos torcedores do Flamengo estaria convocando pessoas nas redes sociais para a invasão. “Os elementos de informação até então colhidos dão conta de, em tese, a constituição de uma associação de mais de 100 (cem) indivíduos, com o fim específico de cometer diversos crimes no entorno e dentro do estádio”, escreve o magistrado, acrescentando que os acusados queriam se valer da atuação de uma “multidão delinquente” para promover episódios de “violência gratuita, selvageria e barbárie”.
Em conversas interceptadas pela polícia com autorização judicial, integrantes do grupo falam em cometimento de roubos, criação de tumulto e até execução de pessoas. “Nos diálogos há referência a cometimento de crimes gravíssimos, como a prática de um número indiscriminado de roubos, ataques contra policiais e outros agentes públicos, incluindo menção à execução de pessoas, criação de tumulto, danos ao patrimônio público, lesões corporais contra transeuntes, com expressa referência ainda a pessoas idosas e deficientes”.
As conversas captadas também mostram, segundo o juiz, que o bando atua “sob o comando e organização de líderes, que demonstram ,nas suas manifestações, participação em atos pretéritos de violência extrema nos estádios”.
A delegada Carina Bastos, da 18ª DP (Praça da Bandeira), afirmou que muitos deles estavam impedidos pela Justiça de chegarem perto do Maracanã desde 2017, quando fizeram um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o Ministério Público estadual do Rio. Ainda segundo a delegada, o grupo planejava, falsificar os ingressos para ludibriar a barreira da polícia e chegar até a porta do estádio. Lá eles causariam um tumulto para conseguir invadir estádio.
Na manhã desta terça-feira, dezesseis pessoas foram presas em uma operação da Polícia Civil na favela do Jacarezinho. Durante a ação, três pessoas foram baleadas. Marcos Ferreira da Silva Palmie, de 22 anos, foi o criador do grupo e incitava os roubos e agressões. Ele era o principal alvo da ação e foi o primeiro a ser preso.
Segundo o delegado Allan Turnowski, chefe do Departamento Geral de Polícia da Capital, entre os integrantes do grupo há menores de 16 anos até maiores de 40 anos. Também foram identificados alunos de Ensino Fundamental e Médio, estudantes de Direito e até advogados. Durante a operação, um aluno de Direito de uma universidade privada foi retirado de uma sala de aula e levado para a Cidade da Polícia.