Cientistas comprovam ondas gravitacionais previstas há 100 anos por Einstein

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Na teoria de Einstein, publicada em 1916, a gravidade é uma força de atração que age distorcendo o tecido do espaço-tempo, de modo que interações gravitacionais muito fortes e muito rápidas seriam capazes de produzir ondas, assim como a luz é uma onda proveniente da interação eletromagnética entre dois objetos
Na teoria de Einstein, publicada em 1916, a gravidade é uma força de atração que age distorcendo o tecido do espaço-tempo, de modo que interações gravitacionais muito fortes e muito rápidas seriam capazes de produzir ondas, assim como a luz é uma onda proveniente da interação eletromagnética entre dois objetos

Ter detalhes sobre o Big Bang e outros eventos violentos da história, além de explorar a possibilidade da existência de outros universos. Ou saber o que existe dentro de buracos negros e, até mesmo, potencialmente abrir o caminho para viagens no tempo. Essas são algumas possibilidades esperadas por físicos, após a confirmação da descoberta das ondas gravitacionais anunciadas esta semana por cientistas do Observatório de Ondas Gravitacionais por Interferômetro Laser (LIGO), previstas há um século pela Teoria da Relatividade de Albert Einstein.

A descoberta foi publicada na revista científica Physical Review Letters e divulgada simultaneamente nos EUA e na cidade de Cascina, na Itália, onde está o projeto Virgo, colaborador das pesquisas do Ligo. “Detectamos ondas gravitacionais. Conseguimos”, disse David Reitze, diretor executivo do LIGO, durante a coletiva de imprensa realizada em Washington, nos Estados Unidos, que colocou fim a meses de rumores e de grande expectativa entre a comunidade de pesquisadores diante de uma descoberta que abre caminho para a redescoberta do Universo.

“Nossa observação das ondas gravitacionais cumpre um ambicioso objetivo estabelecido há cinco décadas para detectar de maneira direta este fenômeno e entender melhor o Universo. Além disso, completamos o legado de Einstein no centenário de sua Teoria da Relatividade Geral”, afirmou Reitze. O fenômeno é a única parte da teoria de Einstein que ainda não havia sido comprovada, e sua confirmação é uma conquista histórica buscada há pelo menos cinquenta anos pelos pesquisadores.

Einstein previu, em sua teoria, que os objetos que se movimentam no Universo produzem ondulações no espaço-tempo – aquilo que os físicos descrevem metaforicamente como o tecido do universo, o ambiente dinâmico onde todos os acontecimentos transcorrem -, e que estas se propagam pelo espaço. As ondas gravitacionais seriam essas minúsculas distorções no campo gravitacional do Universo que transportam energia, uma espécie de “eco” dos eventos cósmicos.

Conforme os cientistas, esses sinais foram registrados por dois detectores do LIGO em 14 de setembro de 2015, um localizado em Livingston (Louisiana) e outro em Hanford (Washington), nos Estados Unidos. Os detectores, com braços de cerca de quatro quilômetros de extensão, foram feitos para captar oscilações muito mais sutis que a luz – eles poderiam registrar distorções viajando no espaço se tivessem o tamanho de um milésimo do diâmetro de um núcleo atômico.

No caso das ondas descobertas pelo Ligo, a origem do fenômeno está na colisão entre dois buracos negros ocorrida 1 bilhão de anos atrás. Ou seja, para a física a novidade é duplamente surpreendente, já que também dá a primeira prova direta da própria existência dos buracos negros. “Observamos o primeiro evento em absoluto no qual uma colisão não produz dados observáveis, a não ser por meio das ondas gravitacionais. Durou uma fração de segundo, mas a energia emergida foi enorme, equivalente a três massas solares”, acrescentou Ricci.

Os cientistas estimam que esses sinais, que seriam “exatamente” o que a teoria de Einstein previa, sejam resultado da interação entre dois buracos negros, um com 36 vezes a massa do Sol e o outro com 29 vezes a massa solar. Após girar velozmente um ao redor do outro, eles acabaram colidindo, dando origem a um único buraco negro (em um evento chamado pelos físicos de “coalescência”). Toda essa movimentação, que aconteceu a cerca de 1,3 bilhão de anos-luz de distância (cada ano-luz equivale a 9,46 trilhões de quilômetros), liberou ondas gravitacionais com energia equivalente a cerca de três vezes a massa do Sol – é bastante, em termos astronômicos. Foram essas ondas que o LIGO observou.

No Brasil, físicos do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e do IFT-Unesp (Instituto de Física Teórica da Universidade Estadual Paulista) também participaram do projeto.

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