
Fotos: Giulia Ferretti
Pesquisadores do Instituto de Bioquímica Médica Leopoldo de Meis, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), estudam a inativação do vírus da zika como um possível caminho para o desenvolvimento de uma vacina contra a doença. Ainda em fase inicial, a pesquisa foi um dos estudos sobre arboviroses apresentados, esta semana, durante seminário que reuniu a comunidade científica para divulgar e avaliar os resultados da Rede Zika, programa criado pela Faperj (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro) diante dos problemas causados pela epidemia da doença.
No evento Resultados e Avanços da Rede de Pesquisas em Zika, Chikungunya e Dengue no Estado do Rio de Janeiro, realizado na Academia Nacional de Medicina, no Centro do Rio, os integrantes das seis redes apoiadas pela fundação discutiram os avanços científicos e tecnológicos decorrentes do programa.
“Avaliamos os resultados alcançados no primeiro ano de trabalho”, resumiu Jerson Lima Silva, diretor científico da Faperj.
Os pesquisadores do IBqM/UFRJ observaram que, por meio de pressão hidrostática, a estrutura do vírus pode ser modificada. Geralmente, o vírus causa infecção quando em contato com uma célula hospedeira modelo. Mas, depois de submetido a um sistema de alta pressão, ele se mostrou completamente inativado e, portanto, incapaz de infectar as células.
Por meio dessa técnica, apesar da estrutura do vírus ser alterada, impedindo a infecção, ele não perde a capacidade imunogênica, ou seja, os camundongos vacinados com essas partículas inativadas produzem anticorpos contra ele e, portanto, não morrem quando em contato com o vírus infeccioso.
“A técnica de inativar vírus por pressão é uma estratégia de baixo custo”, disse Fernando Bozza, pesquisador da Fiocruz.
A Rede Zika também envolve pesquisas relacionadas a estratégias de controle do mosquito Aedes aegypti. É o caso do estudo que propõe a modificação genética dos mosquitos para alterar o comportamento do inseto.
“O mosquito não precisa picar seres humanos. Ele pode ser modificado para que mantenha a dieta vegetal”, explicou o pesquisador Richard Ian Samuels, do Laboratório de Entomologia e Fitopatologia da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf).
A pesquisa aponta que, depois de passar pela fase de larva e pupa, o Aedes chega à vida adulta faminto, à procura de substâncias doces e açucaradas. Por dois ou três dias, ele se nutre da seiva e do néctar das plantas e, somente após esse período, as fêmeas passam a procurar sangue. Segundo o estudo, inibidores de desenvolvimento poderiam impedir a necessidade do inseto de buscar sangue.
Criado em fevereiro deste ano para atender a necessidade do país de buscar respostas para a epidemia de zika, o programa Pesquisa em Zika, Chikungunya e Dengue no Estado do Rio de Janeiro apoia seis redes de pesquisa em arboviroses, que envolvem 325 pesquisadores de importantes centros de ciência e tecnologia sediados em território fluminense.