
Foto: José Cruz/Agência Brasil
MONTEVIDÉU (Reuters) – Especialistas dos Estados Unidos viajarão ao Brasil na semana que vem para iniciar o trabalho de desenvolvimento de uma vacina contra o Zika vírus, que é transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, informou o ministro da Saúde, Marcelo Castro, nesta quarta-feira.
Castro fez a declaração durante reunião com ministros de toda a América do Sul para discutir o que a Organização Mundial da Saúde (OMS) classificou como emergência internacional de saúde pública, e como a região pode coordenar sua luta contra o vírus. O Zika vem sendo relacionado a casos de microcefalia em recém-nascidos no Brasil e está se disseminando rapidamente nas Américas.
“No dia 11 de fevereiro, especialistas técnicos dos EUA chegarão ao Brasil para realizar uma reunião de alto nível na qual determinarão os primeiros passos e o cronograma do desenvolvimento da vacina”, disse Castro na sede do Mercosul, na capital uruguaia, Montevidéu. Atualmente não existe cura nem vacina para o Zika.
O Brasil é o país mais atingido pelo vírus. Na terça-feira (2), a presidente Dilma Rousseff disse que Brasil e EUA irão agir juntos para desenvolver uma vacina contra o Zika. Produzir uma vacina segura, entretanto, é um desafio repleto de obstáculos, e a aprovação técnica do medicamento pode levar anos.
“Até que (uma vacina) seja desenvolvida, só temos uma opção: eliminar o mosquito, e a melhor maneira de fazê-lo é evitar que o mosquito nasça destruindo seus locais de procriação”, disse o ministro. De acordo com a OMS até 4 milhões de pessoas podem ser infectadas pelo Zika nas Américas.
Castro exortou os governos latino-americanos a fortalecerem a cooperação, dizendo que a região precisa “trocar informações, fazer alianças e discutir que ação coordenada podemos adotar para controlar esta epidemia”. Ministros de Argentina, Uruguai, Paraguai, Venezuela, Chile, Bolívia, Equador, Peru, Suriname, México, Costa Rica e República Dominicana foram convidados para o encontro.
Corrida por imunização antizika já mobiliza
Mais uma vez o mundo clama para que cientistas e empresas farmacêuticas criem rapidamente uma vacina contra uma doença viral que, no caso mais recente, poucas pessoas tinham ouvido falar até algumas semanas atrás.
Em teoria, não deveria ser muito difícil produzir uma reação imunológica contra o zika vírus, que está se espalhando pelas Américas, mas criar um produto seguro, eficaz e de pronta entrega que proteja mulheres e meninas em risco não é fácil na prática.
Para começar, cientistas de todo o mundo sabem ainda menos sobre o zika, do que sabiam sobre o vírus ebola, que causou uma epidemia jamais vista na África Ocidental no ano passado.
Só há 30 menções ao zika em pedidos de patentes – são 1.043 para o ebola e 2.551 para a dengue, de acordo com o Índice Mundial de Patentes Thomson Reuters Derwent. E só foram publicados 108 estudos de destaque sobre o zika desde 2001, contra mais de 4 mil a respeito do ebola, como revela a plataforma digital de pesquisa Web of Science.
Ainda assim, o Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos, a Agência de Saúde Pública do Canadá e o Instituto Butantan, em São Paulo, iniciaram trabalhos com candidatos em potencial a uma vacina para o zika, e várias empresas de biotecnologia também estão no páreo. Entre elas está a NewLink Genetics, que ajudou a desenvolver a primeira vacina bem-sucedida contra o ebola junto com a Merck.
Já há ao menos uma grande fabricante de vacinas: a Sanofi informou na terça-feira (2) que vai lançar um programa para criar uma vacina contra o zika, um dia depois de a Organização Mundial de Saúde (OMS) ter declarado a doença e seus supostos elos com malformação cerebral de recém-nascidos uma emergência de saúde pública mundial.
A japonesa Takeda Pharmaceutical também disse,ontem, que montou uma equipe para investigar como pode ajudar a criar uma vacina, e a GlaxoSmithKline (GSK) está finalizando estudos de viabilidade para determinar se sua tecnologia de produção de vacinas pode servir.