
Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil
A greve nacional dos bancários, aprovada por 140 sindicatos filiados à Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf/CUT), fechou agências em todo o país. A paralisação é por reajuste salarial, benefícios e contra demissões. A categoria reivindica aumento real de 5%, mais a reposição da inflação.
A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) oferece reajuste de 6,5% nos salários e benefícios, além de abono de R$ 3 mil, a ser pago de uma vez. “Somados, o abono e o reajuste representarão ganho superior à inflação na remuneração do ano da grande maioria dos funcionários do sistema bancário”, diz, em nota.
Outro item na proposta da Fenaban é a participação nos lucros dos bancos, que distribuem até 15% do lucro apurado no exercício de 2016 aos empregados, calculado segundo uma fórmula capaz de ser atendida por todos os bancos, favorecendo ao conjunto dos bancários. Os valores individuais podem representar até quatro salários no ano para a função de caixa, diz o texto.
Os bancários protestam também contra o fechamento de postos de trabalho. No primeiro semestre deste ano, foram demitidos 7 mil trabalhadores do setor em todo o Brasil, segundo dados do sindicato. Em todo o país, cerca de 500 mil funcionários atuam no setor, que obteve lucro líquido de R$ 30 bilhões em seis meses, conforme estimativa do sindicato, que leva em conta o faturamento dos cinco maiores bancos do país.
A Federação afirma que o setor continua sendo o empregador de maior qualidade no mercado de trabalho, pelas condições de trabalho, oportunidades de carreira e remuneração, acima da média de outras categorias. Os avanços, conforme a nota, são um forte aliado na melhoria das condições de trabalho e posicionam os bancários entre os trabalhadores mais qualificados e de maior empregabilidade.
Durante a greve, os caixas eletrônicos funcionam normalmente e podem ser utilizados para o pagamento de contas. Os clientes podem usar também o internet banking ou casas lotéricas. Algumas redes de supermercados recebem o pagamento de boletos e contas de água, luz, gás e telefone. Os prazos de vencimento das contas continuam valendo, sendo que multas e juros poderão ser cobrados.
Rio de Janeiro
De acordo com o Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro, somente na manhã de ontem já eram contabilizadas mais de 120 agências bancárias fechadas, de um total de 960 unidades.
“Temos uma expectativa alta de adesão para a greve deste ano. Já sabemos que mais de 120 unidades pararam hoje [ontem], pela manhã, e cinco prédios de grandes bancos também aderiram. Daremos uma resposta aos banqueiros de que a categoria exige seus direitos. Eles querem nos impor essa derrota, mas estamos indo a luta de maneira consciente e dentro do que é legal. A greve é um direito constitucional de todo trabalhador. Não estamos fazendo isso para prejudicar a população e já percebo que as pessoas entenderam isso”, afirmou a presidente do sindicato, Adriana Nalesso.
A categoria reivindica a reposição da inflação do período, 9,57%, e 5% de ganho real, além da manutenção dos postos de trabalho e dos direitos trabalhistas. Segundo o sindicato, os bancos ofereceram 6,5% de reajuste salarial, índice que não cobre a inflação do período, e um abono de R$ 3 mil.
“Somente no primeiro semestre deste ano os bancos lucraram R$ 30 bilhões e, ainda assim, falam em crise quando demitem mais de 8 mil pessoas. É estranho, pois alegam esses problemas, mas as metas trabalhistas só aumentam e são cada vez mais rigorosas. Temos funcionários ficando doentes, apresentando transtornos psicológicos por conta dessa pressão desumana. É um assédio moral constante com o que temos que lidar diariamente”, disse Adriana Nalesso.
Fonte: Agência Brasil