
Um dos principais corredores de trânsito do Rio, a Linha Amarela voltou a ficar fechada nos dois sentidos na manhã desta quinta-feira, na altura da Cidade de Deus, devido a uma intensa troca de tiros na comunidade em Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio. A via expressa ficou fechada durante cerca de 40 minutos, a partir de 8h10.
É o segundo dia consecutivo em que tiroteios na Cidade de Deus fecham a Linha Amarela. De acordo a Lamsa, concessionária que administra a via, a interdição aconteceu devido a uma “operação policial” na região. Mas, de acordo com a Polícia Militar, a Linha Amarela foi fechada após uma viatura ser atacada por criminosos na via. A corporação informou que não havia operação policial na comunidade.
Nas redes, moradores relataram intensos disparos na favela. O Centro de Operações Rio (COR), da prefeitura, pediu que os motoristas evitassem a região.
Assustados com os sons de tiros, motoristas deixaram seus carros e se abrigaram na mureta da via expressa. Um vídeo da página “Onde Tem Tiroteio – Rio de Janeiro” mostra o desespero de passageiros de ônibus e condutores presos em meio ao caos.
Além da via Linha Amarela, a Estrada Marechal Miguel Salazar Mendes de Moraes e a Rua Edgard Werneck também foram fechadas em função dos tiros. Nas redes sociais, moradores da Cidade de Deus relataram seu pânico durante um novo dia de confrontos nas portas de suas casas.
“Só queria comprar pão para os filhos”, lamentou um morador.
“É muito tiro mesmo, gente”, alertou outro usuário das redes sociais.
“Está tudo parado na (Rua) Edgar Werneck. Até quando ficaremos reféns dessa violência?Daqui a pouco não teremos mais o direito de trabalhar”, ressaltou um terceiro residente.
Uma página dedicada ao cotidiano da Cidade de Deus ressaltou que os moradores vivem “mais de 24 horas de confronto” na comunidade.
Segundo o Centro de Operações da Prefeitura, o desvio do trânsito foi feito pela Avenida Antonieta Campos da Paz. Também são rotas alternativas a Avenida Abelardo Bueno, a Avenida Salvador Allende e a Estrada dos Bandeirantes, além do Alto da Boa Vista, a Autoestrada Grajaú-Jacarepaguá e a Autoestrada Lagoa-Barra.
Por volta de 9h30m, o clima na Cidade de Deus era de aparente tranquilidade. As pessoas caminhavam nas ruas em meio a forte policiamento, sobretudo nas proximidades da Linha Amarela. Um helicóptero da polícia sobrevoa a comunidade.
Um agente da CET-Rio explicou que, durante os tiroteios, a via expressa foi fechada pelo menos duas vezes. O motorista de caminhão Adeílton dos Santos Venâncio, de 40 anos, se viu perto dos disparos enquanto levava um carregamento de tijolos para a comunidade. OS agentes aconselharam que ele esperasse a situação se acalmar. Morador de Campos dos Goytacazes, ele pensa em desistir da profissão por causa da violência, mas não pode.
‘Estou acostumado a fazer esse trajeto (até a Cidade de Deus), mas tenho percebido que está mais perigoso. Eu penso em desistir, mas não posso. Tenho que ganhar o meu dinheiro”, ressaltou o caminhoneiro.