Os milicianos fizeram um terreno de uma igreja de passagem e deixaram pelo menos 60 crianças de uma creche, que funciona no local, sem atendimento. Tanto as paredes da igreja quanto as da creche estão cravejadas de bala. Segundo uma testemunha, que preferiu não se identificar, nesta segunda-feira teria uma reunião para decidir a situação das crianças, com idades de 2 a quase 4 anos, que estão há dias sem aula.
“Os milicianos saiam daquela casa e faziam aqui de passagem. Fizeram até um buraco numa parte do muro da igreja para escapar com mais rapidez dos traficantes. As professoras e a diretora da creche, com medo de expor as crianças aos tiroteios. não estavam deixando a creche abrir. Hoje teria uma reunião com os pais, mas começaram novos tiroteios, e a reunião foi cancelada”, disse a testemunha, acrescentando que até uma granada foi deixada no terreno.
Nesta manhã, um grupo armado foi flagrado, pelo helicóptero da TV Globo, se deslocando e atirando pelas ruas da região. Durante o tiroteio, pelo menos cinco carros foram atingidos por disparos no início da manhã desta segunda-feira. Três deles estavam parados na Rua Tamareira, onde os confrontos foram intensos. Foram atingidos também um Fiesta de um morador; o carro do filho dele – uma Parati; e o veículo da empresa onde ele trabalha. Todos os tiros atingiram os vidros traseiros e dianteiros.
Na Rua Almirante Melquíades de Souza, mais conhecida como Rua 1, inscrições no muro mostram o poder da criminalidade na região. Nele está escrito um alerta: “Ao subir, acenda a luz do salão e baixe a luz do farol: assinado a firma”.
Por volta das 10h, policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) chegaram ao local e entraram na Favela da Chacrinha para onde um grupo de milicianos fugiu na manhã desta segunda-feira.