
Um dia depois de a Rocinha ser palco de uma série de confrontos — que deixaram um policial militar morto e um PM, três suspeitos e um morador baleados — moradores da comunidade,localizada na Zona Sul do Rio, pedem paz e orações. Por meio de redes sociais, eles lamentam a onda de violência que a favela tem vivido nos últimos quatro meses. Na manhã desta sexta-feira, não foram registrados confrontos.
Um morador postou no perfil “Rocinha Alerta” um desabafo. “Chega de violência, os moradores querem paz. Deixe seu desabafo!! Poste uma foto com um desabafo e vamos fazer uma corrente de paz para os moradores!! Marque a página no desabafo. Eu sou Rocinha. Eu quero paz”.
Em resposta ao texto, dezenas de pessoas lamentaram a violência na região. Alguns moradores disseram que nunca viram uma situação como essa na comunidade. E até mesmo pessoas que não moram lá lamentaram a guerra na Rocinha.
“Sou português e conheço a Rocinha. Fiz muitos amigos e sei como é o povo da Rocinha, povo de bem que sabe receber quem vem de fora de braços abertos, essa corrente já chegou a Portugal e Nossa Senhora de Fátima estará com vocês! Paz na Rocinha”.
“Moro na Rocinha há 37 anos e nunca vi uma guerra assim tão perto na minha casa, que dura meses. Até gente que não tem nada a ver com essa guerra está morrendo. Um deles é meu filho. Amo muito a Rocinha, mas está difícil conviver com esse clima. A Rocinha grita paz”.
“É verdade nós temos que fazer uma corrente de oração para todos nós moradores da Rocinha”.
Uma mulher que está grávida de nove meses contou o drama vivido nesta quinta-feira, quando tiros atingiram sua casa. Ela estava com o filho de 6 anos: “Não acreditei naquilo de ontem, spray de pimenta e muitos tiros. Estou grávida de nove meses e eu e meu filho de 6 anos ficamos preso dentro de casa. As balas furaram as paredes e eu me senti um nada naquela situação. Não tinha como sair. Pensei que ia morrer. Só pedia a Deus pra nos protejer, não aguento mais”.
Alguns pontos da Rocinha permanecem sem energia elétrica e sem água. Tiros atingiram transformadores e tubulações. De acordo com informações de moradores, as localidades sem água são Trampolim, Vila Verde e Cachopa. E estão sem luz Rua 1, Macega, e Rua 2, localizadas na parte baixa da comunidade. Em redes sociais, muitos se queixam da situação.
Em nota, a Light informou que não há previsão para que os reparos na Rocinha sejam feitos: “A Light recebeu ocorrências de interrupção de energia para a Rocinha. No entanto, no momento, devido a conflitos no local, equipes não podem acessar a área. A Light só entrará nas comunidades em condições de segurança”.
Já a Cedae que programa ida ao local ainda hoje, para realizar reparos, desde que a situação permita a atuação das equipes com segurança.