Criado em 2010 com o objetivo de aumentar o número de transplantes de órgãos e tecidos no Rio de Janeiro, o Programa Estadual de Transplantes (PET) triplicou o número de doadores por milhão de pessoas (pmp). Em 2012, o Rio de Janeiro atingiu a média de 14 doadores pmp, superando a média brasileira, que é de 11 doadores pmp. O Rio conta ainda com dois Bancos de Olhos – um em Volta Redonda e outro na capital – e aumentou os hospitais credenciados ao Sistema Único de Saúde (SUS) para realizar transplantes de fígado, rins, coração, pâncreas e córneas.
“O programa revolucionou o procedimento no estado. O Rio foi pioneiro em transplante: o primeiro no país, de rim, foi feito em 1968 no Hospital dos Servidores. A partir daí, tivemos altos e baixos. Com o PET, a Central de Transplante foi reestruturada. Hoje, há organizações de procura de órgãos, um programa de sensibilização forte chamado Doe + Vida, e a rede de transplantes, consequentemente, acompanhou o crescimento”, disse Rodrigo Sarlo, coordenador do Programa Estadual de Transplantes.
O Doe + Vida, criado no ano passado, é uma campanha constante para incentivar as pessoas a discutirem o tema da doação de órgãos, disponibilizando o site www.doemaisvida.com.br, além do aplicativo para celular, que permite compartilhar a decisão de ser doador com amigos e familiares nas redes sociais. A campanha é reforçada com a realização de palestras de conscientização em empresas, instituições públicas e privadas e escolas. Há outras ferramentas para orientar a população: o Disque-Transplante (155), o site do programa e cartilhas distribuídas em hospitais estaduais.
Desde que o PET foi criado, mais de 7 mil vidas foram salvas. Atualmente, cerca de 2,2 mil pessoas aguardam por um transplante.
“A sociedade precisa entender que a questão do transplante é um problema de todos e que qualquer um pode precisar”, ressaltou Sarlo.
Em 2102, foram implantadas as comissões de doações exclusivas. Nos hospitais Getúlio Vargas e Albert Schweitzer, no Rio, Alberto Torres, em São Gonçalo, e Adão Pereira Nunes, em Caxias, há médicos e enfermeiros dedicados só à doação intra-hospitalar. Esses profissionais fazem o “meio de campo” de todo o processo: falam com famílias, auxiliam equipes e fazem contato com a Central de Transplantes. Com isso, o crescimento de doações chegou a 400%, um resultado expressivo que já foi apresentado em um seminário internacional e publicado recentemente na revista especializada Transplantation Proceedings.
O coordenador do Programa Estadual de Transplantes, Rodrigo Sarlo, acredita que o trabalho desses profissionais, de identificar e acolher a família, em um momento tão delicado, é fundamental: isso aumenta a eficiência em todas as etapas do processo. Pelo SUS, hoje há sete hospitais disponíveis para esse tipo de cirurgia: Geral de Bonsucesso; Adventista Silvestre, em Santa Teresa; Hospital do Coração, em Laranjeiras; São Francisco, na Tijuca; e os universitários Clementino Fraga (UFRJ), Pedro Ernesto (Uerj) e Antonio Pedro (UFF).
O transplante de órgão mais realizado no estado é de rim, que representa 60% dos procedimentos. Com relação à córnea e tecidos, houve um crescimento considerável a partir da criação dos Bancos de Olhos. Só este ano, já foram realizados mais de 500 transplantes de córnea. Em 2010, o estado teve apenas 138 dessas cirurgias.
A Central Estadual de Transplantes, localizada na Praça da Bandeira, na Zona Norte do Rio, é a estrutura física onde são executadas as ações relativas ao PET. Além de receber as notificações de morte encefálica de todo o estado e organizar a cadeia de procedimentos até a doação efetiva de um órgão, ela fiscaliza e coordena as inscrições de receptores, órgãos e hospitais transplantadores. Havendo uma doação efetiva, a Central faz a distribuição dos órgãos de acordo com os critérios estabelecidos pelo Sistema Nacional de Transplantes.
