
A Divisão de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF) vai ouvir, até o fim da semana, os policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) envolvidos na operação que resultou na morte de Fernando Ambrosio de Moraes, de 15 anos. O jovem foi atingido por dois tiros na barriga quando estava no quintal de casa, em Japeri, na última segunda-feira. A polícia ainda investiga de onde partiram os dois disparos. Mas, segundo o delegado Evaristo Pontes, responsável pelo caso, os PMs poderão vir a responder por fraude processual e omissão de socorro, caso se confirme o relato da mãe do adolescente, Ana Paula Ambrosio Vasconcelos, de 36 anos.
Ao ser ouvida na DHBF, a dona de casa contou que, ao voltar da padaria, encontrou o filho ensaguentado no quintal, em meio a vários PMs. Em um primeiro momento, os agentes ordenaram que a mulher não mexesse no corpo. Contudo, após serem informados de que a vítima morava na casa, os policiais disseram para Ana Paula levar o filho de carro a um hospital da região, aonde o menino já chegou morto. O protocolo da corporação, no entanto, prevê que o socorro deve ser feito pelos próprios policiais.
Horas após a morte, homens do Bope registraram na 48ª DP (Seropédica) um confronto com dois suspeitos baleados, além de três armas apreendidas. Não houve, porém, qualquer menção ao adolescente ferido.
“A investigação está muito no início. Mas, em sendo verdade o que afirmou a mãe, existe, sim, a possibilidade de ter havido tanto a fraude processual quanto a omissão de socorro”, explicou o delegado Evaristo Pontes, que quer fazer “o mais rápido possível” uma perícia no local da morte.
A operação do Bope no bairro São Jorge, onde morava Fernando, também entrou no radar da Corregedoria da PM. Nesta quarta-feira, a corporação afirmou que iniciou uma averiguação interna para apurar a conduta dos agentes. À noite, os policiais envolvidos na ocorrência prestavam esclarecimentos na 3ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar (3ª DPJM), em Nova Iguaçu. A PM, no entanto, não divulgou detalhes sobre o procedimento em questão.
Também na noite desta quarta-feira, agentes da DHBF ainda ouviam um dos suspeitos baleados na operação, que permanece internado no hospital. O objetivo é saber, por exemplo, se a informação que teria sido fornecida aos parentes de Fernando pelos homens do Bope, dando conta de que bandidos em fuga entraram na casa da família, de fato ocorreu. O outro criminoso ferido pelos PMs na ação não resistiu e morreu.