Policias de UPP se recusam a entrar na Vila Cruzeiro

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Muro de concreto foi construído ao lado da base da UPP Vila Cruzeiro Foto: reprodução da internet

Policiais militares das quatro UPPs do Complexo da Penha, na Zona Norte do Rio, não atendem ocorrências em localidades das favelas consideradas por eles como “áreas de risco”. Relatos de PMs das unidades e registros de ocorrência  revelam que, quando os agentes são chamados por moradores para atender casos em pontos dominados pelo tráfico — como mortes naturais, incêndios e brigas —, eles se recusam a ir.

No último dia 2, uma camelô foi até a base da UPP Vila Cruzeiro para comunicar aos policiais que havia encontrado sua irmã morta em casa, na Rua Taperoá. O imóvel parecia ter sido revirado e a mulher estava com a boca sangrando e o nariz sujo, com um pó branco. De acordo com o registro de ocorrência feito na 22ª DP (Penha), os policiais responderam “que não seria possível ir ao local devido à área ser de risco”.

“A favela está dominada pelos bandidos. Há locais em que só dá para entrar em bando. Não vamos colocar nossa vida em risco”, afirmou um policial da UPP Vila Cruzeiro.

Em 23 de outubro do ano passado, um parente de um homem morto dentro de casa precisou marcar um encontro com PMs da UPP Vila Cruzeiro no 16º BPM (Olaria) para comunicar a ocorrência. Os agentes — chamados pelo 190 — não foram ao imóvel, na Rua General Rocha Calado, porque “a residência se encontra em um local de risco e para que pudessem comparecer ao local seria necessário uma grande operação”.

Também no segundo semestre de 2017, PMs da UPP Fé/Sereno se recusaram a ir até um imóvel que havia sido incendiado, no Morro da Fé, e argumentaram que o local era conflagrado. Os policiais foram acionados por agentes da 38ª DP (Irajá), que desejavam constatar a veracidade das informações prestadas pelo morador da casa. A perícia do local só foi feita dias depois, numa operação conjunta da delegacia com a UPP.

O EXTRA perguntou à Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP) se a decisão dos agentes de não atender determinadas ocorrências faz parte de uma determinação do comando. A CPP não respondeu o questionamento.

A Polícia Civil também evita entrar no Complexo da Penha. Na madrugada do dia 7 de novembro, a Divisão de Homicídios (DH) não fez perícia numa casa, na Vila Cruzeiro, onde um casal foi assassinado. A medida foi tomada, segundo o delegado, para “preservar a vida dos policiais e dos demais moradores, que estariam em risco no caso da presença policial ” da favela.

Na última terça-feira, o comando da PM abriu um procedimento apuratório para investigar se PMs da UPP Parque Proletário passaram por um bloqueio do tráfico sem reagir. Um vídeo feito no mesmo dia mostra uma viatura da UPP ignorando por um homem armado com um fuzil. Segundo a CPP, os quatro policiais flagrados nas imagens foram identificados e ouvidos.

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