O Hospital Geral de Japuíba (HGJ) corre sério risco de fechar as portas. De acordo com relatos de pacientes e médicos, durante manifestação realizada na terça-feira (20) na porta da unidade, o HGJ não deveria nem ter sido inaugurado, já que não tem medicamentos, médicos e verba para a sua manutenção. “Esperamos que o Ministério Público tome providências em relação a este hospital. Vamos encaminhar ao Ministério da Saúde pedido de intervenção federal no setor de saúde de Angra dos Reis”, afirmou a vice-presidente do Sindicato dos Médicos do Rio de Janeiro, Sara Padron, que participou da mobilização.
No último sábado (17), o problema do déficit de pessoal ficou claro, quando o HGJ precisou fechar as portas. Isso porque o plantão tinha apenas três médicos para atender toda a demanda da unidade. De acordo com Ilmar Bezerra, representante do Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj) – seccional de Angra dos Reis, há cerca de três meses a Prefeitura não paga a empresa de anestesistas que presta serviço para algumas unidades de saúde do município. “Hoje, o HGJ conta com apenas um anestesista e a Santa Casa não tem nenhum. Como vai internar uma gestante lá? E se ela entrar em trabalho de parto? Isso é muito grave”, denunciou. No último dia 15, durante visita técnica ao HGJ, o Cremerj relatou a presença de mofo e de vazamento de água no teto do Centro Cirúrgico. Já no Centro de Especialidades Médicas (CEM), o mau cheiro se alastra por toda a unidade, devido à falta de cuidado com o lixo hospitalar.
Há cerca de três meses, Agda Maria, de cinco anos, deu entrada no Hospital de Japuíba com fortes dores no estômago. A família da criança, que apoiou a manifestação, conta que na unidade não tinha aparelho de ultrassonografia. “Por isso, decidiram operar a menina para identificar a doença. Após a cirurgia, não tinha CTI Pediátrico para a Agda ficar. Arrumamos um helicóptero para transferi-la, mas ela não resistiu e veio a óbito”, relatou o tio da criança, Igor Rafael Barros.
Segundo a médica do HGJ, Kátia Valéria da Costa, o hospital tem apenas um médico de clínica geral. “A quem a população vai cobrar pela falta de atendimento? Ao médico que faz hora extra, e não recebe por isso, ou à prefeita? Isso aqui deixou de ser descaso, é crime por omissão”.
Na última assembleia do SinMed/RJ, realizada no dia 24 de agosto, foi aprovada a suspensão da realização de horas extras até que sejam regularizados os pagamentos dos salários. Há mais de um ano os pagamentos são realizados fora da data prevista e os profissionais passam por momentos de penúria e inconstância devido à irregularidade financeira. A prefeitura de Angra dos Reis está sob investigação do Ministério Público devido ao atraso na data dos pagamentos e à implantação de Organizações Sociais nas unidades hospitalares.
