
“Os tiros não param”. A frase se repete nos desabafos publicados nas redes sociais por moradores da favela da Rocinha, que vive, nesta quinta-feira, um dia de intensos tiroteios entre bandidos e policiais. Em meio aos posts desesperados, a foto publicada no Facebook por um residente da Rua 1, principal via da comunidade, ilustra a violência que toma conta da favela na Zona Sul do Rio.
A imagem compartilhada mostra a mão do morador cheia de cápsulas de balas, perto de um berço. “Na minha mão, 1% das cápsulas de balas que estão na minha casa e no fundo o berço do meu filho que está prestes a nascer!”, relata ele na rede social.
“Os tiros não param. Confrontos intensos a todo instante, desde 9h. Houve um tiroteio aqui na porta, muitas balas entraram na minha casa”, descreveu o morador, pedindo para não ser identificado. “Estamos só esperando a hora de o bebê nascer. Mas espero de verdade que tudo isso acabe. É guerra todos os dias, tiros todos os dias. Clima de apreensão e desespero.
Segundo o futuro pai, a comunidade está tomada pelo desespero de quem precisa sair de casa para trabalhar, mas é impedido pela insegurança. “São trabalhadores que não podem sair de casa, são crianças que não podem brincar na rua, são idosos, como meu avô que teve que descer correndo pra casa em meio a todos esses tiros”, escreveu ele em seu post.
Os tiros na manhã desta quinta-feira começaram durante uma operação do Comando de Operações Especiais (COE), com apoio de outras unidades. Segundo a PM, as equipes foram recebidas a tiros em diferentes pontos da favela. Em meio ao confronto, um policial do Batalhão de Choque foi baleado na barriga e levado para o Hospital Miguel Couto, na Gávea. Além disso, uma base da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) foi atingida.