
Foto: Luis Macedo/ Câmara dos Deputados
Após anunciar o rompimento político com o Governo de Dilma Rousseff (PT), o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), autorizou, ontem, a criação de quatro comissões parlamentares de inquérito (CPI). Elas vão investigar os empréstimos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), supostas irregularidades nos fundos de pensão das estatais, maus-tratos contra animais e crimes cibernéticos no país.
O foco da CPI do BNDES são os empréstimos concedidos a empreiteiras e outras empresas investigadas na Operação Lava Jato. Entre 2003 e junho de 2014, o banco concedeu financiamentos de R$ 2,4 bilhões para essas empresas. Também serão investigados os empréstimos para empresas do ramo de frigorífico e em favor de empresas do Grupo do empresário Eike Batista, além dos empréstimos concedidos a outros países como Angola e Cuba, cujas informações foram classificadas como secretas.
A CPI dos Fundos de Pensão, apesar de ter a criação autorizada, ela só poderá funcionar após encerramento dos trabalhos da CPI do Sistema Carcerário, previsto para o início de agosto. Pelo Regimento da Câmara, apenas cinco CPIs podem funcionar ao mesmo tempo. Além das quatro criadas hoje, atualmente funciona a CPI da Petrobras.
O alvo da CPI será a Fundação dos Economiários Federais (Funcef), a Fundação Petrobras de Seguridade Social (Petros), a Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil (Previ), da Câmara dos Deputados e do Instituto de Seguridade Social dos Correios e Telégrafos (Postalis).
BNDES diz que será capaz de atender a todos os pleitos da CPI
Ontem, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) afirmou em nota, que uma vez instalada a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre a instituição, conforme decisão do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), demonstrará de maneira clara sua contribuição para o desenvolvimento do País.
Segundo a nota divulgada o banco “acompanha com tranquilidade as notícias relacionadas à instalação” da CPI. “Como instituição pública, o BNDES tem o dever de prestar contas à sociedade brasileira, o que tem demonstrado de maneira cabal com as iniciativas recentes que colocaram o banco na vanguarda no que se refere a práticas de transparência”, diz a nota.
Deputado do PMDB diz que sigla só sairá do governo se o povo pedir
Em meio à discussão sobre os rumos do PMDB após a declaração do integrante do partido e presidente da Câmara, Eduardo Cunha (RJ), o deputado Danilo Forte (PMDB-CE) afirmou que o partido não sairá do governo se não houver uma manifestação popular a favor do movimento. O parlamentar, que votou em Cunha para a liderança do partido e para a presidência da Casa, não se disse arrependido sobre suas escolhas. “O PMDB não sai do governo se não tiver manifestação popular. Teremos uma manifestação dia 16 de agosto e o partido só sairá do governo se o povo for para a rua. Agora nós vamos intensificar as discussões sobre esse assunto”, afirmou.
Com relação às declarações dadas ontem pelo presidente da Câmara, que anunciou rompimento pessoal com o governo Dilma, Forte disse que Cunha amenizou sua fala após a movimentação interna do partido. “Inicialmente, ele iria realizar seu pronunciamento em nome do partido, mas conversamos com ele, transformando sua fala em uma declaração pessoal. Cunha sabe fazer o contraponto, mas não pode colocar uma decisão individual como se fosse coletiva.”
O deputado defendeu a permanência de Cunha à frente da presidência da Câmara. Segundo Forte, não há motivação para ele deixar o cargo. “Tem que se respeitar a democracia. Ele foi eleito. Se a democracia não for respeitada, não fica ninguém em canto nenhum”, afirmou.
Com relação ao posicionamento do vice-presidente Michel Temer, Forte disse que este representa o partido e é a liderança da legenda. “Nossa visão crítica é desde 2012 e o Temer nos ajuda muito. Nós não podemos despolitizar a base porque isso é ruim.”
Questionado sobre as investigações da Lava Jato que acabaram envolvendo o nome de Eduardo Cunha, Forte argumentou que ninguém conhece o processo e defendeu o direito de defesa de todos.