
Foto: Montagem: Agência Câmara
O presidente do Conselho de Ética, José Carlos Araújo (PSD-BA), sorteou nesta ontem o nome dos deputados que formam a lista tríplice para escolha do relator do processo que pede a cassação do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Araújo escolherá entre Zé Geraldo (PT-PA), Fausto Pinato (PRB-SP) e Vinícius Gurgel (PR-AP).
Na sessão de instauração do processo, Araújo explicou que conversará com cada um dos sorteados para tomar a decisão. A previsão é que o nome seja divulgado ainda nesta quarta (4). “Nossa responsabilidade é muito grande e nós precisamos dar uma resposta para o Brasil.”
A expectativa é que Araújo escolha um parlamentar que não engavete o processo imediatamente. A primeira missão do relator é entregar um texto dizendo se a investigação é viável ou não.
O PSOl e a Rede, autores do pedido de cassação de Cunha, apresentaram uma série de argumentos contra ele, como a delação premiada de Julio Camargo, que acusa o peemedebista de ter cobrado propina, as contas na Suíça e a suspeita de que ele tenha mentido na CPI da Petrobras, ao dizer que não tinha contas bancárias no exterior. O nome mais cotado para a missão é o de Pinato. Ele é vice-presidente do conselho e próximo de Araújo. Gurgel é conhecido na Casa pela proximidade com Cunha. Já Zé Geraldo é um nome que causa desconfiança por ser do PT.
Após a sessão, o petista afirmou que não seria influenciado pelo partido, caso seja escolhido para relatar o caso. “As evidências (contra Cunha) são muitas e não somos nós que estamos dizendo, são os delatores”, pontuou o parlamentar.
Depoimento até a semana que vem

Foto: Agência Câmara
Assim como fez na CPI da Petrobras, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), cogita antecipar sua defesa e comparecer voluntariamente ao Conselho de Ética, cujos trabalhos começaram na tarde de ontem.
O peemedebista disse a líderes partidários que pretende ir ao colegiado antes do prazo regimental que tem para se defender. De acordo com um dos líderes presentes no encontro, ele se apresentará aos conselheiros até a próxima semana.
A ideia é tentar mostrar que não mentiu na CPI da Petrobras ao dizer que não possuía contas no exterior e desconstruir a acusação de que irrigou contas na Suíça com recursos provenientes do esquema de corrupção na Petrobras investigado pela Operação Lava Jato. Pela versão relatada, Cunha dirá que as aplicações na Europa são anteriores às irregularidades envolvendo a estatal.
Essa teria sido a saída encontrada pelo peemedebista diante de documentos enviados pelo Ministério Público suíço, que, segundo a Procuradoria-Geral da República, comprovam a existência de contas em nome dele e de familiares no país europeu. Aliados entendem que a antecipação da defesa cria um contraponto à versão da PGR, que vem sendo reproduzida pela imprensa.
Cunha negou ter falado sobre esse assunto com qualquer pessoa e se recusou a comentar as informações.
Para bater o martelo quanto à decisão de comparecer ao Conselho de Ética já nos próximos dias, Cunha faz ponderações e aguarda saber quem será o relator de seu processo.
A partir de ontem começou a se contar os 90 dias úteis de duração do processo contra Eduardo. A previsão é de que a apreciação do caso só seja concluída entre março e abril do ano que vem devido ao recesso parlamentar e feriados, como o do carnaval.
No Palácio do Planalto, a avaliação é de que Cunha tem maioria no Conselho e não vai deixar o cargo pela via “política”. Por isso, a ordem é manter o diálogo “institucional” com o presidente da Câmara e segurar o PT, para que o partido não lidere a ofensiva contra o peemedebista.