
Foto: Tânia Rêgo/ Agência Brasil
As manifestações de apoio ao combate à corrupção, contra o governo e a favor do impeachment foram marcadas em mais de 500 cidades pelo país, no último domingo (13). A maioria delas organizada pelo Movimento Vem pra Rua ou pelo Movimento Brasil Livre. Eventos de apoio ao governo Dilma e a Lula também ocorreram no Rio de Janeiro, São Bernardo do Campo (SP) e Porto Alegre. A Central Única dos Trabalhadores marcou para o próximo sexta-feira(18) manifestações em defesa da democracia em todo o país.
No Rio de Janeiro, a ação durou cerca de cinco horas e ocupou vários quarteirões nas duas faixas da Avenida Atlântica, na orla de Copacabana, zona sul da cidade. O que mais se viu foram bandeiras do Brasil, cartazes contra o governo federal e o PT, empunhados por manifestantes vestidos de verde e amarelo.
A Polícia Militar acompanhou a manifestação com viaturas e um helicóptero. Não foram registrados confrontos nem incidentes graves. A PM não divulgou número de manifestantes, mas os manifestantes ocuparam cerca de dez quarteirões da orla. A apresentação do hino nacional encerrou a manifestação.
Por volta das 9h, teve início a concentração na altura do Posto 5, seguida de uma caminhada de cerca de dois quilômetros. A diversidade de ideias marcou o encontro. Alguns defendiam a intervenção militar, faixas pediam novas eleições, outras defendiam que o juiz Sérgio Moro, que julga, em primeira instância, os processos resultantes da Operação Lava Jato, se candidate à Presidência da República.
Os manifestantes também levavam faixas contra a legalização do aborto. Porém, a defesa pelo impeachment da presidenta Dilma Rousseff e a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva monopolizaram os discursos nos três carros de som.

Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Em São Paulo, manifestantes a favor do impeachment já se concentravam na Avenida Paulista, região central da capital, antes das 14h. Por volta das 10h, chegaram os primeiros caminhões de som dos grupos que organizam o protesto contra o governo.
Em Salvador, manifestantes contrários ao governo Dilma reuniram-se às 10h, na Barra, bairro de classe média em Salvador. Segundo a Polícia Militar, cerca de 20 mil pessoas participaram do protesto, que se encerrou no Farol da Barra, onde houve dispersão dos participantes por volta das 13h.
A manifestação contra o governo federal, no Recife, levou 120 mil pessoas, segundo a Polícia Militar, à orla da capital pernambucana, no bairro de Boa Viagem. O ato, que começou às 10h, pediu o impeachment da presidenta Dilma Rousseff e a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Em resposta à manifestação contra o governo federal e contra o ex-presidente Lula, militantes e parlamentares do PT realizaram ontem pela manhã uma carreata pelas ruas da periferia de Fortaleza. O grupo se concentrou no bairro Parangaba e percorreu cerca de 12 quilômetros pelo lado oeste da cidade em direção à orla do bairro Pirambu.
A manifestação em Brasília de apoio ao combate à corrupção e a favor do impeachment da presidenta Dilma Rousseff, realizada na Esplanada dos Ministérios, terminou ao som do Hino Nacional. Ao final do hino, os manifestantes gritaram “Fora, PT”. Segundo a Polícia Militar, 100 mil pessoas participaram da manifestação.
Governo reconhece que manifestações foram “vigorosas”
O ministro-chefe da Casa Civil, Jaques Wagner, disse ontem, após a reunião da coordenação política com a presidenta Dilma Rousseff, que o governo reconhece que as manifestações ocorridas nesse domingo (13) foram “vigorosas”, mas que também foram produzidas por federações de empresas.
“O que não tira o seu valor. Nessa manifestação tem uma agenda que considero negativa porque não tem uma proposição. Tem um “tira fulana” e pronto. Isso não vai resolver o problema do Brasil. Impeachment não é remédio nem para impopularidade nem para crise econômica. De qualquer forma, deve ter animado a oposição”.
Segundo o ministro, o governo não tem “nada de bombástico para anunciar” como resposta às ruas. “O que a gente vai fazer é apressar o que já vem fazendo. Tem vários componentes, mas o componente que considero fundamental é o da economia. Se a economia estiver apontando desemprego e diminuição da atividade econômica, não há alegria nas pessoas. Se você tem um processo que é de baixa da atividade econômica, evidentemente que há um mau humor no comércio, na casa das pessoas, nas famílias. Este [retomada econômica] é o único remédio que eu acho que tem que ser feito e esse remédio está sendo pensado”, acrescentou.
Processo de impeachment
O ministro informou que o governo está reunindo os ministros e as lideranças políticas aliadas para montar a estratégia de defesa da presidenta no processo de impeachment na Câmara dos Deputados.
“Porque, a depender da decisão do Supremo, se sai ou não na quarta-feira (16), acho que sai, pode começar o processo. Então, nós vamos ter de cuidar da montagem da comissão e depois conversar com todo mundo. Tenho tranquilidade para dizer que a gente tem tudo para barrar esse processo ainda na Câmara. Acho que teremos mais de 172 votos. Não tem nenhum crime de responsabilidade atribuído à presidenta Dilma Rousseff. O processo está sendo muito mais político, de tentar consertar a economia com impeachment. Acho que esse é o pior remédio porque vai paralisar o país por mais 120, 180 dias e aí perdemos mais um ano”.
O Supremo Tribunal Federal deverá concluir esta semana o julgamento dos embargos apresentados pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ao rito do processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff.