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Ontem, o presidente do Senado, Renan Calheiros, afirmou ao vice-presidente da República Michel Temer que sem o apoio e participação do PSDB o seu eventual governo pode não dar certo.
Calheiros fez essa avaliação na conversa reservada com Temer e a reiterou à chegada do senador Aécio Neves (MG), presidente nacional do partido tucano.
Temer visitou Renan na residência oficial, em um encontro marcado para as 11h30 e o senador tucano chegaria meia hora depois, a pedido do anfitrião, para também participar. Aécio saiu do encontro sem entender direito por que Renan fez tanta questão da sua presença, mas admitiu que seu partido poderá apoiar o novo governo. No entanto, o presidente tucano afirmou que a sigla não pretende fazer indicação para cargos, mas não se oporá a quaisquer convites aos quadros visando participação na administração federal.
Oposição diz que o impeachment
é o remédio constitucional

Foto: PPS/Divulgação
A ideia de encaminhar ao Congresso uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para realização de novas eleições presidenciais em outubro foi rechaçada ontem pela oposição, que não vê chances da PEC prosperar. O líder do PPS na Câmara, Rubens Bueno (PR), disse que novo pleito só seria possível se a chapa da presidente Dilma Rousseff e de seu vice, Michel Temer, fosse cassada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Caso contrário, traria mais tensão ao ambiente político e econômico. “A Constituição não prevê qualquer possibilidade de antecipação das eleições que não seja pela renúncia de presidente e vice ou a cassação da chapa eleita pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O remédio constitucional para a crise é o impeachment da presidente Dilma”, disse, por meio de nota. “Saídas fora desse caminho, como a tentativa de se mudar a Constituição com o jogo em andamento, podem agravar ainda mais a situação política e econômica e retardar a implantação de mudanças urgentes que o Brasil precisa”, emendou.
A proposta de nova eleição vem sendo arquitetada pelo Palácio do Planalto, que estuda a possibilidade de encaminhar a PEC antes da primeira votação do impeachment de Dilma no plenário do Senado, previsto para acontecer no dia 11 de maio. Já há uma PEC sobre esse tema no Senado, mas auxiliares de Dilma avaliam que o gesto de propor o encurtamento do mandato deve ser feito por ela como sinal de pacificação.
Bueno considera que a proposta gestada pelo governo e pelo PT se deve ao fato do discurso de “golpe” não ter sido acolhido pela sociedade. “É o desespero de um governo que acabou com a economia do País e busca uma saída honrosa para não ser despejado do Palácio do Planalto pela porta dos fundos”, comentou.
Petistas na Câmara desconversam quando questionados sobre o assunto e dizem que o tema não está sendo tratado pelos deputados. O vice-líder do governo na Casa, Paulo Teixeira (PT-SP), disse desconhecer qualquer conversa definitiva sobre a PEC, mas admitiu o início de discussão sobre o assunto. Segundo Teixeira, o direcionamento partidário é “lutar pelo mandato da presidente”.