
Foto: Lula Marques/Agência PT
Na tarde de ontem, a presença do deputado Pastor Marco Feliciano (PSC-SP) causou tumulto na audiência pública da Comissão de Cultura da Câmara que discutia a extinção e a posterior recriação do Ministério da Cultura no governo interino de Michel Temer.
Diante de uma plateia lotada de artistas e trabalhadores da cultura, Feliciano entrou no Plenário sob os gritos de “golpista”, “fascista” e muitas vaias. A segurança foi reforçada em torno do deputado.
Diante da confusão, a representante do Movimento Ocupa MinC Brasil, Marina Brito, só conseguiu concluir o seu pronunciamento em coro com a plateia.
Ela reafirmou a manutenção da ocupação de órgãos públicos da cultura em todos os estados do País, disse que o movimento exige a proteção da “diversidade cultural” e leu a carta do movimento em que afirma que “democracia é inegociável” e, por isso, o movimento não admite negociar nem dialogar com o governo Temer.
A deputada Maria do Rosário (PT-RS) acrescentou: “Feliciano, você não combina com cultura”.
Feliciano insistiu em discursar, mas o presidente da Comissão de Cultura, deputado Chico D’Angelo (PT-RJ), afirmou que seria respeitada a lista de inscrições de pronunciamentos, na qual Feliciano aparecia na última posição. A plateia então anunciou que deixaria o plenário durante o pronunciamento do deputado paulista.
Discurso e beijos na boca como reação
Por ser vice-líder do PSC, Marco Feliciano teve preferência e discursou.
O deputado criticou a plateia: “Isso não é cultura, é baderna dos que não aceitam o governo Temer”. Feliciano disse que também é “artista e cantor” e prometeu esforço na criação efetiva de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar supostas irregularidades em convênios do Ministério da Cultura.
Os artistas e trabalhadores da cultura, presentes na plateia, ouviram de costas o depoimento do deputado. Também o vaiaram e voltaram a chamá-lo de “golpista, fascista”.
Após o pronunciamento, Marco Feliciano deixou o plenário cercado de policiais legislativos e voltou logo depois acompanhado dos deputados Eduardo Bolsonaro (PSC-SP) e Jair Bolsonaro (PSC-RJ), o que aumentou o clima de provocação mútua e uma reação inusitada: manifestantes gays e lésbicas presentes promoveram um beijaço prolongado na frente dos parlamentares.
Diante do clima tenso, alguns deputados chegaram a sugerir o encerramento da reunião, mas a plateia reagiu com coros de “Essa Casa é nossa. Ocupa e resiste!”, em uma referência ao movimento de ocupação de prédios públicos que artistas e trabalhadores da cultura promovem em todo o País, em defesa do Ministério da Cultura.
O presidente da comissão, deputado Chico D’Angelo (PT-RJ), decidiu manter a reunião, sob o argumento de que o colegiado passará a ser “uma trincheira em defesa da cultura brasileira”.