
Foto: Geraldo Magela/Agência Senado
Senadores já articulam um acordo para barrar uma eventual ordem de prisão contra o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB) e o senador Romero Jucá (PMDB). Os pedidos feitos pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, serão avaliados pelo Supremo Tribunal Federal (STF), mas parlamentares só podem ser mantidos presos com a aprovação do Senado, o que aconteceu com o senador cassado Delcídio Amaral (sem partido) em novembro do ano passado. Com a possibilidade da delação premiada da Odebrecht atingir muitos outros políticos, um grande pacto começaria a tomar corpo na Casa.
Para líderes no Senado consultados pelo jornal O Estado de S. Paulo, o conteúdo das gravações do ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, com Renan e Jucá não seria suficiente para levar um parlamentar à prisão. O pedido de Janot, contudo, não teria base apenas nas gravações, mas também em documentos que comprovariam repasses financeiros. A imprensa, além disso, divulgou apenas parte dos áudios em poder da PGR.
A Operação Lava Jato já investiga 12 senadores, com inquéritos em tramitação no STF. De acordo com a Folha de S. Paulo, a delação de Marcelo Odebrecht pode envolver 30 senadores, quase metade da Casa.
O senador Cássio Cunha Lima (PSDB) disse ao Estado que foi feito um pedido de acesso à delação e gravações do Sérgio Machado. “O procurador-geral que prove que teve e qual foi o flagrante”, disse ao jornal paulista. “Não é uma questão de dar uma resposta institucional, porque pode parecer corporativismo, mas é uma questão constitucional. Quem tem que mostrar o ônus da prova é ele.”
O pedido de prisão de Renan, Jucá e do ex-presidente José Sarney (PMDB-AP) indica que eles combinavam versões de defesa e estratégias para lidar com as investigações da Operação Lava Jato. Há indícios de que seriam produzidos ainda documentos para disfarçar desvios na gestão de Sérgio Machado, segundo a Folha.