
O governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão (PMDB), disse ontem, que as bancadas do partido na Câmara e no Senado indicarão nomes para o novo ministério da presidente Dilma Rousseff, que pretende anunciar uma reforma administrativa nos próximos dias. Na segunda-feira (21), o vice-presidente Michel Temer e os presidentes da Câmara, Eduardo Cunha (RJ), e do Senado, Renan Calheiros (AL), todos do PMDB, se negaram a fazer indicações para o primeiro escalão.
Pezão disse que a recusa dos principais líderes do partido não significou mais um passo para o rompimento do PMDB com o governo. “Não entendi assim. As bancadas é que vão fazer as indicações. O líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani, está ouvindo a bancada. Se a presidente pedir indicação, haverá indicação”, afirmou Pezão, que se reuniu com Dilma, em Brasília, na tarde de segunda-feira.
“Se o PMDB achar que não deve indicar, tem que ajudar a governar, dar tranquilidade à presidente Dilma de indicar quem ela quiser. Mas tenho certeza de que as bancadas na Câmara e no Senado vão indicar membros para os ministérios. A presidente falou ontem para mim que queria que o PMDB participasse do governo. Ela vai diminuir o número de ministérios, fazer unificação de órgãos, juntar algumas pastas. Ela pediu muito que o PMDB ajudasse a participar dessa fase. Não estou no Congresso, mas minha visão é que o PMDB deva participar, porque quem ajudou a eleger tem que ajudar a governar, se ela pedir”, insistiu Pezão, um dos governadores mais próximos da presidente.
O governador repetiu a tese de que o PMDB tem responsabilidade em garantir apoio ao governo. “Nós temos o vice-presidente, fomos para a rua, tomamos uma decisão em convenção nacional de apoiar essa chapa do Michel e da Dilma. O PMDB nunca fugiu da sua responsabilidade, desde (os ex-presidentes) Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso, de dar sua participação. Ainda mais em um momento difícil como esse. As idas que tenho feito a Brasília são para ajudar na governabilidade”, afirmou Pezão em entrevista, depois de entregar apartamentos do programa Minha Casa Minha Vida, ao lado do ministro da Integração Nacional, Gilberto Occhi, em São João de Meriti, na Baixada Fluminense.
Dilma oferece Saúde ao PMDB

Em reunião com o carioca Leonardo Picciani, líder do PMDB na Câmara Federal, Dilma Rousseff ofereceu o Ministério da Saúde ao PMDB. Mas impôs como condição que o futuro ministro seja avalizado pela bancada de deputados federais da legenda antes de ter o nome publicado no Diário Oficial. Ou seja: para propiciar o ‘toma lá’, a presidente quer obter a segurança de que contará com o ‘da cá’. Esta abertura de comentário no Blog do Josias, publicado no fim da manhã de ontem no site UOL, mostra que, apesar de o País se encontrar na pior crise dos últimos anos, a preocupação dos que mandam é com o poder e interesses pessoais em primeiro lugar.
Segundo Josias, o encontro entre Dilma e Picciani ocorreu na noite de segunda-feira (21). Convidado a participar, o vice-presidente Michel Temer testemunhou a parte final da conversa. Nela, Dilma ofereceu também ao PMDB da Câmara a oportunidade de bancar a permanência de Henrique Eduardo Alves na pasta do Turismo. Mas Picciani informou que acha difícil que a bancada se anime a referendá-lo.
Segue o comentário do blog: “Convertido em interlocutor preferencial do governo depois que Eduardo Cunha se declarou rompido com o Planalto, Picciani se comprometeu com Dilma a consultar a bancada na terça-feira (ontem). O líder tinha a pretensão de articular para a Saúde a indicação de um deputado que já ocupou o posto sob Lula: Saraiva Felipe, do PMDB de Minas Gerais. Porém…”.
Convertido à cantada política da presidente, o filho do presidente da Alerj, Jorge Picciani (PMDB), teve de ouvir Dilma insinuar durante a conversa que Saraiva Felipe não teve bom desempenho à frente do ministério. Ficou entendido que a presidente prefere outro nome. Mais: a presidente receia que uma indicação feita pela bancada mineira do PMDB resulte em problemas futuros. Por quê? A força-tarefa da Operação Lava Jato vasculha os negócios trançados na área Internacional da Petrobras pelo ex-diretor Jorge Zelada.
Preso em Curitiba desde junho, Zelada chegou à direção da Petrobras por indicação do PMDB mineiro. Horas antes da reunião de Dilma com Picciani, a Polícia Federal prendera, por ordem do juiz Sérgio Moro, o empresário João Augusto Rezende Henriques, apontado como mais um operador do PMDB na pilhagem da Petrobras.
Dilma deseja manter na sua equipe os ministros peemedebistas Eduardo Braga (Minas e Energia) e Kátia Abreu (Agricultura), ambos licenciados dos respectivos mandatos de senadores. Consultado, o líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE), informou a Dilma que a maioria da bancada concorda em avalizar o nome de Braga. Mas não se sente representada por Kátia, uma ministra da cota de Dilma, diz ainda o blog.
“De resto, Dilma revelou-se disposta a manter sob o controle do PMDB o ministério que resultará da fusão das pastas da Aviação Civil e dos Portos. Deu indicações de que gostaria de nomear para esse posto o ex-deputado Eliseu Padilha, atual ministro da Aviação. Padilha é amigo de Temer. Mas o vice-presidente autolimitou-se ao dizer para Dilma que não cogita patrocinar nenhuma indicação”, acrescenta Josias de Souza em seu espaço.