
O juiz federal Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal em Curitiba, homologou ontem mais um acordo de delação premiada na Operação Lava Jato. A pedido do Ministério Público Federal (MPF), Moro validou os depoimentos de colaboração de João Antônio Bernardi Filho, preso na 14ª fase da Lava jato, deflagrada em junho. Em troca das declarações, o acusado ganhou o direito de responder às acusações em liberdade.
Entre as cláusulas que constam no acordo com o MPF, Bernardi Filho deverá devolver aos cofres públicos R$ 3 milhões, dos quais 80% serão destinados à Petrobras e 20% aos órgãos de investigação da Lava Jato. Bernardi também assinou compromisso no qual se comprometeu a comparecer a todos os atos judiciais e a não mudar de endereço sem autorização do juízo.
O delator detalhou aos investigadores sua relação com ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque. João Bernardi foi denunciado pelo MPF, por suposto pagamento de propina a Duque para favorecer a petroleira italiana Saipem.Em depoimentos prestados para acordo de delação premiada, João Antônio Bernardi Filho, admitiu que gerenciava a offshore Hayley a pedido do ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque. Segundo os depoimentos, a Hayley recebeu US$ 9,4 milhões entre os anos de 2009 e 2013.
Para receber os valores, Duque procurou Bernardi, que conhecia há mais de 30 anos, conforme o depoimento. O delator disse que o então diretor da estatal contou que tinha valores importantes a receber nos próximos anos, e que gostaria de investir para usufruir dos valores na aposentadoria, quando assumiria a Hayley.
Os pagamentos foram feitos, segundo Bernardi, a título de propina por representantes da empresa Confab, que mantinha contratos com a Petrobras. O delator afirmou que a empresa procurou Duque propondo os pagamentos de comissões proporcionais às ordens de compra que fossem emitidas.
Assim, foi constituída a Hayley, controlada por Bernardi, mas cujo beneficiário era Renato Duque. A empresa chegou a comprar 12 imóveis com os recursos recebidos, a maior parte deles no Rio Janeiro, e alguns em São Paulo. Além disso, foram adquiridas pelo menos 14 obras de arte.Pelo gerenciamento da offshore, Bernardi deveria receber 50% dos ativos da Hayley, quando estes fossem vendidos. Dos 12 imóveis, no entanto, apenas um chegou a ser passado adiante.
Conforme Bernardi, com as dificuldades do mercado imobiliário, ele optou por diversificar os investimentos da Hayley com as obras de arte – que tinham menor custo fixo e eram mais facilmente vendidas. Segundo a delação, foram investidos R$ 848,6 mil em quadros de artistas como Di Cavalcanti, Alfredo Volpi, e Guignard.