
Foto: Sylvio Sirangelo
O juiz federal Sérgio Moro decidiu ontem colocar em segredo de Justiça uma lista de pagamentos a cerca de 200 políticos, de 18 partidos, apreendida pela Operação Lava Jato na casa de um dos executivos da Odebrecht. Os dados foram revelados pela Justiça Federal na terça-feira (22), ficaram disponíveis na página da JF do Paraná e copilados pelo UOL.
As planilhas foram apreendidas na 23ª fase da Lava Jato em um imóvel do executivo da Benedicto Barbosa Júnior, presidente da Odebrecht Infraestrutura. A lista contempla nomes tanto da oposição quanto do governo, como os senadores Aécio Neves (PSDB-MG), José Serra (PSDB-SP), Renan Calheiros (PMDB-AL) e Lindbergh Farias (PT-RJ). O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, também aparece no documento, apelidado com o codinome “carangueijo”, bem como o peemedebista José Sarney, batizado de “escritor” pelos executivos da Odebrecht. Além deles, estão os prefeitos do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB), e de São Paulo, Fernando Haddad (PT). Ainda do Rio, aparecem os nomes do ex-governador Sérgio Cabral; o vereador Jorge Felippe, que preside a Câmara Municipal; o vereador Luiz Antonio Guaraná; e Jorge Picciani, que preside a Assembleia Legislativa (Alerj). Também estão na lista os deputados federais Otávio Leite (PSDB) e Rodrigo Maia (DEM), que representam o Rio na Câmara.
A cada nome são atribuídos valores, provavelmente, repassados pela empreiteira aos políticos. Ao prefeito do Rio, Eduardo Paes, uma das tabelas apreendidas pela Polícia Federal atribuiu o valor de R$ 5.000.000. Já a Sérgio Cabral, Eduardo Cunha, Jorge Picciani, o valor atribuído é de R$ 500 mil. Ao vereador Jorge Felippe, R$ 100 mil são atribuídos. E a Luiz Antonio Guaraná, R$300 mil.
Nos documentos, contudo, não há qualquer indício de que os pagamentos sejam ilegais. Os investigadores da Polícia Federal ainda estão investigando se esses repasses faziam parte do esquema de pagamentos de propina da empreiteira. Logo, os políticos que aparecem nessas planilhas não se tornam automaticamente envolvidos com o caso de corrupção em empresas públicas.
“Prematura conclusão quanto à natureza desses pagamentos. Não se trata de apreensão no Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht e o referido Grupo Odebrecht realizou, notoriamente, diversas doações eleitorais registradas nos últimos anos”, argumenta o juiz.
Moro decidiu colocar a planilha, apreendida na residência de Benedicto Barbosa da Silva Júnior, executivo da empreiteira, por citar políticos que tem foro por prerrogativa de função e só podem ser processados pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
“De todo modo, considerando o ocorrido, restabeleço sigilo neste feito e determino a intimação do MPF para se manifestar, com urgência, quanto à eventual remessa ao Egrégio Supremo Tribunal Federal para continuidade da apuração em relação às autoridades com foro privilegiado”, decidiu Moro.
Os codinomes levam em conta atributos físicos e também trocadilhos com os nomes dos políticos. Confira alguns nomes da lista
Manuela D’Avila (PCdoB-RS) – Avião
Marcelo Nilo (PDT-BA) – Rio
Edvaldo Brito (PTB-BA) – Candomblé
Daniel Almeida (PCdoB-BA) – Comuna
Paulo Magalhães (PSC-BA) – Goleiro
Raul Jungmann (PPS-PE) – Bruto
Geraldo Júlio (PSB-PE) – Neto
Etore Labanca (PSB-PE) – Cacique
Fabio Branco (PMDB-RS) – Colorido
Mário Kertesz (PMDB-BA) – Roberval
Artur Maia (PMDB-BA) – Tuca
Jarbas Vasconcelos Filho (PMDB-PE) – Viagra
Renan Calheiros (PMDB-AL) – Atleta
José Sarney (PMDB-MA) – Escritor
Eduardo Paes (PMDB-RJ) – Nervosinho
Sergio Cabral (PMDB-RJ) – Proximus
Eduardo Cunha (PMDB-RJ) – Caranguejo
Jorge Picciani (PMDB-RJ) – Grego
Adão Villaverde (PT-RS) – Eva
Carlos Todeschini (PT-RS) – Alemão
Tarcísio Zimmermann (PT-RS) – Irmão
Jairo Jorge (PT-RS) – Nordeste
Nelson Pelegrino (PT-BA) – Pelé
Humberto Costa (PT-PE) – Drácula
Pedro Eugênio (PT-PE) – Droeu
Paulo Garcia (PT-GO) – Pastor
Lindberg Farias (PT-RJ) – Lindinho