Ser gay diminui em 16 vezes a chance de ser assassinato no Brasil

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*Davi Boechat

Casal homossexual passeia de mãos dadas

“O Brasil é o país que mais mata travestis, transexuais, homossexuais e bissexuais no mundo”, afirmou Liniker no programa ‘Amor & Sexo’, exibido pela TV Globo na madrugada de sexta-feira (3). A publicação do vídeo onde o artista crava a frase após um musical, já chegou a quase 3 milhões de visualizações na internet após 12 horas, fenômeno viral puxado pelos SJW (sigla em inglês para Guerreiros do Justiça Social, movimentos de esquerda que impregnam as redes sociais com “lacrações”).
O que Liniker e os demais militantes da causa LGBT ignoram, ou desconhecem, é que o Brasil está entre os primeiros colocados no ranking mundial de homicídios, realizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Somos um dos que mais matamos, inclusive héteros, maioria absoluta da população. Com 59.627 mil assassinatos registrados em 2014, de acordo com os dados mais recentes divulgados pelo Mapa da Violência, conquistamos a 11º colocação, ficando acima de países em conflito militar.
No perfil das vítimas, cor, idade e sexo são levados em consideração. Do todo, 80% são homens, a maioria negros. Ainda de acordo com o estudo, entretanto, os dados são imprecisos. Se o governo admite não conseguir fazer a catalogação da etnia dos assassinados, que salta aos olhos de peritos nas cenas de crime, imagine aferir um critério subjetivo como a opção sexual dos assassinados.
Em sua declaração, Liniker não se deu o trabalho de citar fonte. No entanto, mesmo os dados mais fidedignos que indicam a morte de homossexuais, traçados pelo Grupo Gay da Bahia (GGB), não são alarmantes: pelo contrário, colocam as estatísticas da população gay brasileira em moldes escandinavos.
Em 2012, ano da publicação da última atualização, o índice realizado pela instituição soteropolitana listou 266 mortes que, em apuração absolutamente questionável, teriam sido causadas por crime de ódio. O maior problema metodológico do material é que os números não levam em consideração os inquéritos encaminhados à Justiça, contabilizando de forma míope a opção sexual da vítimas, desconsiderando o envolvimento com crimes. Para o GGB, gays não se envolvem em tráfico ou sofrem crimes passionais.
Cruzados esses dados com os números do Mapa da Violência daquele mesmo ano, A CHANCE DE SER ASSASSINADO SENDO GAY É 16 VEZES MENOR QUE SENDO HÉTERO, afinal, seguindo a tendência geral o número deveria ser de quase 4 mil mortes.
Ainda que o Mapa da Violência inclua em próximas edições a opção sexual das vítimas, seria impossível cravar com exatidão a real motivações das mortes. Mesmo uma pesquisa minuciosa, caso a caso, seria imprecisa, afinal, apenas 5% dos homicídios são elucidados no Brasil. Soma-se a isso a morosidade do judiciário que agrega a cada ano milhares de processos pendentes em suas prateleiras.
Em uma analise fria dos dados, podemos afirmar: vire gay e fuja das estatísticas assombrosas desse país!
A intensidade da homofobia na forma que está sendo apresentada pela mídia atualmente é questionável. Em todo bairro há um homossexual ou travesti. Quantos são vítimas de violência? Em Mesquita, a mulherada da comunidade da Chatuba confia o cuidado das madeixas a um travesti, que chegou a pleitear vaga no legislativo nas últimas eleições. Essa convivência na vizinhança pode, para muitos, até ser marcada por olhares discriminatórios. Eles, no entanto, não matam.

*Davi Boechat é repórter do jornal Conecta Baixada, com passagens pelo Jornal de Hoje e Correio da Lavoura, ambos de Nova Iguaçu. Roda a Baixada Fluminense para contar histórias.

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