A ditadura do corpo ideal e o preconceito velado

Facebook
Twitter
LinkedIn
Pinterest
Pocket
WhatsApp

A palavra estética refere-se à cognição pelos sentidos, ou seja, a “compreensão pelos sentidos”. É um ramo da filosofia que perpassa e ultrapassa o campo visual já que compreende um conjunto de sensações que refletem a percepção da beleza. Além das avaliações e julgamentos do que é o belo, contempla-se também a emoção que ela suscita nos seres humanos. Essa concepção está presente especialmente na arte, mas diz respeito a toda a natureza. Dessa forma, infere-se uma questão: “o que é a beleza?” e com ela, o chavão de que gosto não se discute.

É claro que não se pode definir objetivamente a beleza, visto que ela não é uma propriedade imutável que se atribui ou não aos objetos, mas uma sensação própria do sujeito que a percebe, ajustada aos seus valores pessoais, ainda que tais valores estejam inevitavelmente subordinados aos valores culturais e histórico-sociais de determinada sociedade em dado tempo histórico. A beleza é relativa, não há como negar, mas essa relativização é profundamente ofuscada pela busca de uma essência ideal, um padrão de beleza. As transformações dos padrões de beleza do corpo feminino ao longo do tempo marcaram a evolução de diferentes visões sociais acerca do modelo estético que deveria ser incorporado pelas mulheres. A forma como as mulheres eram retratadas no período colonial, por exemplo, distancia-se bastante do modelo buscado atualmente. Além desse processo corrente, isso evidencia também que os padrões são produtos de uma cultura.

Baixa, gorda e linda?

Desde sempre existe essa pressão social em cima das mulheres e seus corpos. Em todos os lugares é possível captar essa imposição e padronização inexplicável que se faz do corpo feminino, nas revistas, nos outdoors, nas propagandas, nos filmes, nas novelas, nas passarelas. Sempre encontramos mulheres com corpos “perfeitos” ou o famoso ‘corpo violão’, corpo esse que é símbolo de saúde, de sensualidade, de beleza, tido como único que atrai e que é aceito. Esses paradigmas ditam muito mais do que como deve ser o corpo feminino como também a roupa que combina com qual tipo de corpo, o sapato, o corte de cabelo adequado para as altas, para as baixas… A questão é: por que ser baixa, gorda ou não ter um corpo violão faz você não ser considerada uma mulher linda?
Você não vai encontrar uma mulher de estatura mediana, com alguns quilinhos a mais em um desfile de moda ou estampada em outdoors usando um biquíni, mas por que isso? A maioria das mulheres não são como os padrões ditam muito pelo contrário, mas ainda assim um modelo estético adotado pela minoria é considerado padrão, por quê? Por que não fazem desfiles com mulheres reais? As mulheres vêm em todas as formas e tamanhos, são diferentes, lindas de formas diversas, não há motivo nenhum para mudarem seus corpos ou seus estilos para se adaptarem a um padrão que nem ao menos faz sentido. O cinema, a TV e a publicidade não enxergam a mulher gorda como qualquer outra, não exploram sua personalidade sem levar em consideração o físico ou apelar para o humor. A mídia age como se ser gorda não fosse o natural (não somente gorda, como ser baixinha, ter um corpo sem curvas ou uma deficiência física). O mercado é cruel com quem está fora dos padrões e a sociedade também.

As mulheres são diferentes, podem ser altas, baixas, gordas, magras, de todas as formas e tamanhos e não há nada de errado em fugir do padrão, assim como segui-lo. Toda mulher deveria simplesmente amar seu corpo. A beleza é tão somente uma contemplação subjetiva e relativa, não deveria ser enquadrada em padrões que excluem e discriminam. Pode ser clichê, mas é legítimo: bonita é ser você.

Facebook
Twitter
LinkedIn
Pinterest
Pocket
WhatsApp

Nunca perca nenhuma notícia importante. Assine nosso boletim informativo.

Publicidades

error: Conteúdo protegido!