A série Diálogos sobre o feminino foi encerrada no Centro Cultural Banco do Brasil. O evento teve o objetivo de buscar o reconhecimento das mulheres nas artes e propor novas perspectivas para a análise de trabalhos de artistas brasileiras. Foram realizados quatro encontros gratuitos e mensais. O primeiro ocorreu no dia 25 de maio e os outros na última quarta-feira de cada mês.
Segundo a artista plástica e pesquisadora em artes visuais Roberta Barros, uma das organizadoras do evento, a iniciativa surgiu durante o debate sobre o mesmo tema, em fevereiro, no Centro Cultural Hélio Oiticica, que revelou a necessidade de se ampliar o debate sobre as mulheres na arte. O primeiro encontro abordou a questão historiográfica. O segundo destacou a dificuldade das artistas assumirem que seus trabalhos falam de questões de gênero. O tema do terceiro evento falou sobre corpo, beleza e política.
No dia 25 de agosto foi realizado o último encontro, que enfatizou as mulheres negras, com as questões do racismo e do machismo. O debate destacou as implicações políticas por trás dos ideais de beleza e feiura a partir do lema norte-americano Black is beautiful, movimento criado em 1960 nos Estados Unidos. Ele teve a pretensão de dissolver a associação das características físicas de afrodescendentes, como feições, cor da pele e tipo de cabelo à feiura.
A artista plástica Sandra Rodrigues, uma das organizadoras do evento destacou que essa contestação dos parâmetros de beleza padrão acabou influenciando o Brasil. “Agora que começamos a reconhecer a beleza natural e questionar esses padrões completamente inatingíveis. No Brasil, a Vogue Brasil deu destaque a uma modelo negra, em 2011, após trinta e cinco anos de edições brasileiras”, destacou. “É tudo muito recente, apesar de ser um país como o Brasil em que a maioria das mulheres é negra”, comparou.
Uma das palestrantes, a jornalista Flávia Oliveira ressaltou a pouca representatividade da mulher negra em vários espaços sociais e de poder. “Somos maioria na população brasileira, mas não nas representações política, econômica ou cultural. Unidas as mulheres faríamos mais? Precisamos falar sobre indicadores socioeconômicos”, disse.
É importante que a mulher negra aumente sua autoestima, se assuma como mulher de identidade negra e sinta orgulho de ser uma mulher afrodescendente, em qualquer ambiente que esteja.
por Ana Paula Moresche