O homem e sua segurança

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Vinicius Domingues Cavalcante

Em planejamentos de segurança, quaisquer que sejam eles, sempre há uma possibilidade de falha impossível de ser eliminada. A primeira coisa que se aprende é que “não há segurança perfeita”. A segunda, é que isso, por si só, não impede que nos esforcemos por tornar, a nossa, o mais próxima possível desse ideal de “perfeição”. Ao contrário do que se possa pensar, não pretendo ensinar formulas mágicas que permitam a quem quer que seja manter-se a salvo de assaltos, sequestros relâmpagos, tentativas de extorsão e terrorismo. Tais fórmulas não existem e não estou aqui para praticar mais estelionato intelectual; porém estou certo de que tais ocorrências, em boa parte dos casos, possam ser evitadas ou terem seus efeitos minimizados por uma postura de segurança adequada. As pessoas vivem pagando por seus erros de avaliação. Para o cidadão comum, é mais importante se sentir seguro do que, de um ponto de vista exclusivamente técnico, estar seguro realmente. Embora a maioria das pessoas não se dê por conta disso, aparatos de segurança que podem impressionar ao público leigo nem sempre são efetivos, mesmo contra ameaças simples, proporcionadas por criminosos comuns. Em boa parte das vezes, essa segurança “de fachada” não resistiria a um simples teste e fracassa fragorosamente ante a primeira ação dos criminosos. Não se deve confiar apenas numa sensação que pode ou não corresponder à realidade. Por isso advogo que as pessoas devem ser ao menos minimamente críticas quando se fala em sua própria segurança. Toda segurança é relativa e, a rigor, você não pode descuidar-se; pois sempre existirão ameaças de menor ou maior gravidade em qualquer que seja o local onde você estiver. Uma ameaça pode ser um comboio de traficantes (no Rio de Janeiro costumeiramente chamado de “Bonde”), uma falsa blitz policial executada por bandidos na via pública, um assalto à mão armada, um furto de carro ou de algum outro bem, a invasão de uma propriedade, uma agressão física… Realmente Deus nos protege, mas acredito que não devemos nos fiar exclusivamente num pensamento positivo quando se trata de manter-nos á salvo da violência da criminalidade. Não descarto o valor da programação neuro-lingüística ou mesmo de uma “proteção espiritual”, porém, como tudo, há limites. Se você insistir em parar o seu carrão importado à noite, numa área da cidade, onde a incidência de crimes seja elevada, saltar do carro ostentando roupas caras e joias, não há como imaginar que você possa manter-se à salvo de um assalto ou sequestro. Pensar sempre que o pior não vai acontecer conosco e continuar se colocando em condições de risco não é uma estratégia de segurança. Segundo uma questão de probabilidade, numa hora a sua sorte vai acabar e aí… Nós, os brasileiros, somos um povo que não pensa preventivamente e que, na enorme maioria das vezes, só enxerga um perigo após ser acometido por ele, numa ocorrência que, em boa parte das vezes, poderia ter sido evitada. Infelizmente, é fato que em nosso país a maioria “só põe tranca depois da porta arrombada” e isso precisa ser mudado com a conscientização em torno da segurança. Preliminarmente, assuma para si que nenhum equipamento, blindagem, armamento ou mesmo serviço de segurança pode garantir sua total proteção e de seus familiares contra todo tipo de ações adversas em todas as ocasiões. A segurança só será realmente obtida a partir da implementação de um somatório de medidas que se combinam, se sobrepõem e que são indissociáveis de você ou daqueles a quem você busca proteger. Hoje é comum acreditar que a tecnologia moderna, blindagens, sensores, rastreamento remoto, alarmes e circuitos fechados de televisão – que são recursos essencialmente complementares no planejamento de um sistema de segurança – por si só sejam suficientes para proteger as pessoas. Algumas acabam pagando extremamente caro por erros de avaliação dessa natureza. Se boa parte das ocorrências de assaltos bem sucedidos se processa por falha humana – quer da própria vítima ou daqueles que lhe prestam serviço – é fato que na quase totalidade das ocorrências evitadas ou mesmo frustradas (a partir de uma reação) a participação humana foi também preponderante. O fator humano, o homem, ciente do que deve fazer, motivado para agir e treinado, ainda é a peça chave e fundamental em todo e qualquer esquema de proteção.

VINICIUS DOMINGUES CAVALCANTE, CPP, o autor, Consultor em Segurança, Diretor da Associação Brasileira de Profissionais de Segurança – ABSEG – no Rio de Janeiro e membro do Conselho Empresarial de Segurança Pública da Associação Comercial do Rio de Janeiro. E-mail: vdcsecurity@hotmail.com

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