Obra de arte urbana foi concebida pelo grupo NegroMuro e pelo artista Cazé Grande Otelo Filho cortou a fita inaugural – A emoção marcou a inauguração do mural em homenagem ao ator, cantor e compositor Grande Otelo, na Estação Silva Freire da SuperVia, na manhã desta sexta-feira. A obra de arte urbana leva a assinatura do grafiteiro Cazé e do time do projeto NegroMuro. O filho do artista, Grande Otelo Filho, cortou a fita inaugural, ao lado da filha do compositor Zé Ketti, Geisa Ketti.
– Venham conhecer esse novo ponto turístico do Rio – convidou Otelo Filho.
A escolha da estação e do homenageado é também uma forma de manter viva a memória de um clássico do cinema brasileiro: “Rio, Zona Norte”, de Nélson Pereira dos Santos, lançado em 1957. O filme foi rodado na Silva Freire e tem como protagonista o personagem Espírito de Luz, em uma interpretação marcante de Grande Otelo.
A Silva Freire é a segunda estação da SuperVia a ganhar um mural. Desde o ano passado, um grafite do cantor e compositor Gilberto Gil enfeita a Estação Bonsucesso, em uma referência à música “Expresso 2222”. Já o grupo NegroMuro, em seis anos de atuação, produziu 56 murais, sempre celebrando os grandes nomes negros da história do Rio de Janeiro.
– Estamos sempre lembrando grandes personalidades da cultura e das artes, para que não fiquem esquecidos – disse Pedro Rajão, do Negro Muro.
Em “Rio, Zona Norte”, a trilha sonora de Zé Ketti, com partituras de Alexandre e Radamés Gnatalli, serve de pano de fundo para a história de Espírito da Luz, um sambista que, à beira da morte, revê os desafios que enfrentou para ter suas canções gravadas. Escolhido pela Associação Brasileira de Críticos de Cinema como um dos cem melhores filmes brasileiros de todos os tempos, ele apresenta ao espectador os subúrbios e a Central do Brasil a partir da perspectiva do trem, do trabalhador e do povo carioca.
O mineiro Sebastião Bernardes de Souza Prata nasceu em 1915 e adotou o nome artístico de Grande Otelo. Até falecer, em 1993, fez dezenas de filmes e programas de TV. Parceiro de Oscarito nas chanchadas, conquistou o coração da crítica ao interpretar Macunaíma, na versão cinematográfica do livro de Mário de Andrade.
Já a estação está completando 128 anos. Ela foi batizada com o nome do engenheiro ferroviário José Joaquim da Silva Freire, que criou um modelo pioneiro no Brasil e na América Latina de ensino profissionalizante, para suprir a demanda por técnicos ferroviários. Ainda hoje, ao lado da Oficina de Deodoro da SuperVia, funciona a Escola Técnica Estadual de Transportes Engenheiro Silva Freire.
