Por Arnaldo Bittencourt / Fotos: Marcus Lauria
Estamos em uma época que tudo gera reclamação. As polêmicas surgem de onde você menos espera. Pois bem, eis que a Chevrolet resolve finalmente transformar a Spin em uma minivan atraente. Acredito que todos hão de convir que o visual externo e interno recebeu um belo upgrade. A polêmica no caso da Spin 2025 está no motor 1.8, um veterano de duas décadas de estrada. Mas não vamos falar disso agora, deixo essa parte para o final. Antecipo que, para mim, quem reclama desse ponto esquece qual é a proposta desse carro.
Mas vamos lá, o design é o que interessa agora. A frente agora está imponente, com toda a iluminação em led, incluindo a luz de neblina. Ao acionar a seta, o DRL pisca laranja, depois volta para a cor normal (âmbar azulado). A versão testada possuía um overbumper cinza, que deixava o carro com visual mais aventureiro. Na traseira também há um overbumper na cor cinza, acompanhado de um belo friso cromado logo abaixo do vidro. As lanternas são em led, mas luz de placa, ré e seta são halógenas.

A lateral conta com um friso para compor o visual e proteger a porta de amassados de estacionamento. Destaque para as rodas aro 16 em dois tons (prata e preto). O interior está irreconhecível. Para começar, o painel de instrumentos é 100% digital, com uma resolução ótima. Várias informações estão disponíveis na tela e o bom é que o uso desse painel ficou bastante simples. Tudo o que interessa aparece na tela, não é necessário ficar apertando botões e trocando de menu para ver informações importantes como autonomia restante, temperatura do líquido de arrefecimento, velocidade, alertas de cinto para os sete lugares. Para ficar perfeito, eu acrescentei consumo instantâneo, média de consumo atual e melhor média de consumo já registrada. Acrescentei essa informação pela multimidia e confesso que, no início, achei um pouco confusa essa lógica. Mas na verdade é simples de mexer.
Por falar em multimidia, agora a Spin tem uma multimidia de respeito, integrado ao painel, fazendo um belo conjunto com o cluster. O conjunto ficou tão bacana que uma pessoa que eu dei carona durante o teste chegou a perguntar se o modelo era elétrico. Ou seja, na percepção dessa pessoa, o carro andou suave igual a um elétrico e apresenta muita tecnologia, típico de um elétrico. Esse é o tipo de sensação que a Chevrolet queria gerar nos consumidores ao dar um tapa no visual da Spin!

Mas voltando ao multimídia… Sistema bem capaz, funciona macio sem travar. Tela com resolução ótima, visível em qualquer situação de incidência solar. Sensibilidade ao toque perfeita. Aceita Android Auto e Apple Carplay sem fio. Só por isso já merece um 10, não é mesmo? Mas calma que tem mais… A qualidade sonora é muito boa e existe um botão físico que te permite desligar a tela e alterar o volume. Ficou bem intuitivo, parabéns Chevrolet.
A versão Premier ainda conta com um carregador de celular por indução bem projetado. O celular encaixa direitinho e não fica parando de carregar ao passar em buracos. Posso dizer sem medo de errar que é um dos melhores carregadores por indução que já testei. Aprovado no campo de batalha urbano! O espaço interno da Spin segue muito bom. A versão Premier tem 7 lugares e arrisco dizer que até a última fileira de bancos apresenta certo conforto, se o banco do meio for ajustado corretamente. Não vou dizer que é superconfortável sentar na última fileira, mas dá para ficar lá por algumas horas sem sofrimento. A Chevrolet caprichou e ofereceu um bom descansa-braço na última fileira, além de um porta-copos generoso.

O porta-malas fica pequeno com a última fileira de bancos levantada (162 litros). Eliminando essa terceira fileira, o porta-malas sobe para 564 litros. Abaixando a segunda fileira o carro vira um furgão: são 1668 litros de capacidade!! O espaço para quem senta na frente e para quem vai na fileira do meio agrada bastante. Se estiver apertado para que vai na segunda fileira, basta correr o banco mais para trás. Muito prático esse sistema de trilho para a fileira de bancos do meio.
Quem vai na segunda fileira conta com saída de ar exclusiva e duas tomadas USB do tipo A. Nada mal para um carro familiar! Os bancos de couro são bonitos, com costuras aparentes e boa densidade de espuma. A suspensão da Spin continua boa, absorvendo bem a buraqueira das ruas e não deixando o carro inclinar excessivamente nas curvas. O aspecto da polêmico da Spin está no motor… É um motor antigo, que já está no mercado desde 2002. Claro que ele já recebeu diversos upgrades e ajustes de calibragem, mas é basicamente o mesmo motor do início dos anos 2000. São 8 válvulas, injeção indireta, 111cv e 17.7 kgfm de torque no etanol. Na gasolina os números pioram um pouco: 106cv e 16.8 kgfm de torque.

Considerando a proposta do carro, entendo que a Chevrolet acertou em manter esse motor. Quem procura uma Spin privilegia custo baixo de manutenção. Na praça esse carro reina, muitos taxistas compram o Spin. Esse público não almeja motor turbo, ultra moderno, pois sabe que isso encarece e complica consideravelmente a manutenção.
Um motor mais antigo também é vantagem quanto o assunto é disponibilidade de peças. Para que mora longe dos grandes centros urbanos isso ganha ainda mais relevância. Peça para Spin não será um problema, pois o motor segue o mesmo de sempre: robusto, confiável, simples de mexer. O fato é que esse motor 1.8 ainda dá conta do recado, casando bem com o câmbio de 6 marchas convencional do carro. Não empolga, mas atende. Pesando 1292kg, o 0 a 100km/h fica na faixa dos 10-11 segundos, dependendo do combustível que está no tanque. No etanol ela fica mais esperta e acelera mais rápido, claro.

Em relação à Spin 2024, a grande diferença está na maior autonomia. Sem alteração na capacidade do tanque ou redução de potência, a Spin 2025 é capaz mais 100km do que a versão 2024. Na cidade consegui fazer 10.5 km/l na gasolina, uma média boa para um carro de 7 lugares. No etanol não consegui fazer mais do que 8km/l. Na estrada fiz mais de 13km/l (na gasolina), uma média muito boa.
Um detalhe interessante: esse motor atende à rigorosa norma ambiental PROCONVE L8, que entra em vigor no ano que vem. A engenharia da Chevrolet deve ter trabalhado bastante a calibragem desse motor para lograr esse feito. Tiro o meu chapéu para esses engenheiros.

Dentro do carro dá para ouvir o motor funcionando, o que é esperado em uma minivan de entrada. Não chega a incomodar. Custando R$145 mil, a grande diferença da Spin Premier 2025 em relação às demais versões está nos equipamentos de segurança. Essa versão conta itens mais sofisticados de segurança como alerta de colisão frontal. alerta de saída de faixa, alerta de frenagem de emergência, alerta de ponto cego, além de frenagem automática de emergência em baixa velocidade.
Quem não faz questão desses itens pode comprar a versão logo abaixo, a LTZ, que custa R$138 mil… Parece-me que essa é a versão da Spin de melhor custo-benefício. Bem equipada, 7 lugares, e vem com um preço ainda mais competitivo. O grande concorrente da Spin é o Citroen C3 Aircross. A versão mais equipada do C3 custa um pouco menos que a versão LTZ da Spin. Seu grande atributo é o motor turbo T200, que entrega 130cv e 20kgfm de torque no etanol. Isso deixa o C3 bem mais ágil do que a Spin. Outra vantagem é o câmbio CVT do C3… Os engenheiros hoje em dia conseguem extrair maravilhas de um câmbio CVT. O carro fica mais esperto e econômico com esse câmbio.

Voltando a pensar no público que compra esse tipo de carro, talvez esse motor turbo não seja visto como algo positivo, afinal é um motor mais moderno de 3 cilindros, e esses motores no Brasil têm a fama de serem descartáveis. Criticar a Chevrolet por ter mantido a Spin com o mesmo motor 1.8 é mostrar desconhecimento do público-alvo da Spin, o carro de 7 lugares mais vendido do país. Com o visual aprimorado tenho certeza de que a nova Spin 2025 vai agradar ainda mais o seu público, podendo conquistar até a garagem de gente que nunca cogitou ter o modelo.

*FICHA TÉCNICA:
Mecânica
Motorização 1.8
Combustível Álcool Gasolina
Potência (cv) 111 106
Torque (kgf.m) 17,74 16,83
Velocidade Máxima (km/h) 173
Tempo 0-100 (s) 11,1
Consumo cidade (km/l) 7,8 11,4
Consumo estrada (km/l) 9 13,2
Câmbio manual de 6 marchas
Tração dianteira
Direção elétrica
Suspensão dianteira Suspensão tipo McPherson e dianteira com barra estabilizadora, roda tipo independente e molas helicoidal.
Suspensão traseira Suspensão tipo eixo de torção e traseira com barra estabilizadora, roda tipo semi-independente e molas helicoidal.
Dimensões
Altura (mm) 1.687
Largura (mm) 1.735
Comprimento (mm) 4.416
Peso (Kg) 1.255
Tanque (L) 53
Entre-eixos (mm) 2.620
Porta-Malas (L) 162
Ocupantes 7
*Dados do fabricante