
Adivinhe qual é o carro: origem japonesa, crossover, estilo de SUV, mas nenhuma aptidão off-road, câmbio CVT, amplo espaço interno e visual provocante. Você diria Honda HR-V, e não estaria errado, mas a estrela do teste de hoje é o Nissan Kicks, que traz um porte exatamente igual ao do HR-V e capricha nos equipamentos para seduzir os compradores dessa nova gama de Crossovers ou SUVs compactos.
Visualmente, o Kicks é bem ousado. Suas linhas esbanjam modernidade e agressividade, as rodas aro 17 harmonizam com o restante do conjunto e, na prática, o Kicks atrai muitos comentários, a maioria deles são positivos. Sua altura de rodagem e seus pneus de perfil baixo deixam claro que ele não foi feito para rodar fora do asfalto, e a tração dianteira reforça esse ponto.
Debaixo do capô há uma versão aprimorada do 1.6 usado no March/Versa, com direito a variador de fase na admissão e no escape, fazendo o motor gerar 114 cv @ 5.600 rpm de potência com qualquer combustível, ante 111 cv do motor dos compactos. Seu torque é de 15,5 kgfm @ 4.000 rpm, e sua força é orquestrada por uma transmissão CVT convencional, que não oferece trocas sequenciais simuladas mas, na ocasião de um kickdown, o giro do motor oscila, como se marchas estivessem sido trocadas.
Equilíbrio em todos os quesitos

O fato da Nissan ter escolhido um motor 1.6 16V para puxar o Kicks foi e continua sendo criticado por muita gente mas, é preciso ter em mente que o carro pesa 1.142 kg apenas, cerca de 200 kg mais leve do que qualquer hatch médio, então o desempenho do motor é aceitável, tanto que ele acelerou de 0 a 100 km/h em 11 segundos no nosso teste. Claro que com peso extra, falta motor, mas no geral o 1.6 dá conta do recado. Seu consumo também se mostrou bom, com média de 11,2 km/l na cidade e 16,3 km/l na estrada, abastecido com gasolina e sempre com o ar ligado.
A vida no interior do Kicks é boa, seus bancos em couro são muito confortáveis, há espaço interno para 5 ocupantes grandes, itens da moda como central multimídia e ar digital, além de capacidade para 432 litros no porta-malas. Mas em paralelo não dá para entender a ausência de itens básicos na categoria, caso do cruisecontrol e do apoio de braço central na dianteira.
Dirigir o Kicks é uma tarefa tranquila, pois ele se comporta como um hatch médio mais alto, especialmente em manobras. Não bastasse o bom diâmetro de giro de 10,2 metros, o carro traz um sistema de câmeras 360 graus e sensores de estacionamento por todos os cantos, que facilitam as manobras tanto em balizas quanto em garagens apertadas.
Agrada a todos

Na cidade, o crossover da Nissan flui bem. Graças ao câmbio CVT e ao baixo peso, o carro ganha velocidade com facilidade e permite boas estilizadas para se posicionar no caos urbano. Seus retrovisores são grandes e favorecem a visibilidade. O isolamento acústico é bom e as suspensões filtram bem irregularidades típicas das cidades. Por ter pneus de perfil baixo, não é adepto de muito abuso em lombadas e buracos, mas agrada mesmo assim.
Já na estrada o Kicks traz uma dinâmica muito bem acertada e uma solidez de carroceria bem notável. A direção elétrica ganha peso correto em velocidade e a carroceria rola pouco em curvas feitas com mais ímpeto. No limite o Kicks é dianteiro, mas se algo der errado, há uma série de controles eletrônicos que impedem a derrapagem e/ou a capotagem. Seus freios à disco na dianteira e tambor na traseira são apenas suficientes, nada excepcional. Em velocidade de cruzeiro, o Kicks flui suave e confortável. Suas retomadas são boas com o carro vazio e apenas razoáveis com o carro cheio.
Em resumo, o Nissan Kicks é um carro que reúne qualidades muito procuradas pelos compradores dessa categoria e, sem dúvidas, tem um comportamento dinâmico e um nível de conforto que não deve nada ao HR-V e outros. Em contrapartida, deixa de lado itens básicos e conta com um motor 1.6. Nessa categoria de carro, o preconceito do brasileiro com motores de cilindrada menor acaba complicando a situação do Nissan, especialmente pelo seu preço inicial de R$ 91.900, que pode chegar a R$ 95.750 dependendo da configuração de cores. Ele não precisa de mais motor porém, para o consumidor comum, é muito dinheiro para pouco motor.
*Ficha técnica:
Motor/Performance
Motorização: 1.6
Alimentação Injeção multi ponto
Combustível Álcool Gasolina
Potência (cv) 114.0 114.0
Cilindrada (cm3) 1.598
Torque (Kgf.m) 15,5 15,5
Velocidade Máxima (Km/h) 175
Tempo 0-100 (Km/h) 12.0
Dimensões
Altura (mm) 1590
Largura (mm) 1760
Comprimento (mm) 4295
Entre-eixos (mm) 2610
Peso (kg) 1142
Tanque (L) 41.0
Porta-malas (L) 432
Ocupantes 5
Mecânica
Câmbio CVT
Tração Dianteira
Direção Elétrica
Suspensão dianteira Suspensão tipo McPherson e dianteira com barra estabilizadora, roda tipo independente e molas helicoidal.
Suspensão traseira Suspensão tipo eixo de torção, roda tipo semi-independente e molas helicoidal.
Freios Dois freios à disco com dois discos ventilados.
*Dados do fabricante
Por Marcelo Silva