Equilíbrio entre força e consumo do motor TSI na versão de topo Speed

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Volkswagen Up tsiA ideia de que potência bruta possa combinar com sustentabilidade causa até estranhamento. Mas a tática de usar o downsizing dos motores e a adoção de turbo tem sido muito utilizada para enquadrar os modelos nas normas cada vez mais rígidas de emissão de poluentes. Foi a estratégia da Volkswagen para criar uma versão “esportiva” do subcompacto Up. O motor 1.0 de três cilindros ganhou um turbo e, além de melhorar o desempenho, ainda fez com que se tornasse o carro mais econômico produzido no Brasil, segundo o InMetro, com um consumo energético de 1,44 MJ/km. O feito é expressado visualmente na versão Speed, que alia elementos esportivos a adereços em tons de azul e branco, que remetem aos conceitos BlueMotion e Think Blue, usados pela própria marca mundo afora.

A configuração tem pintura preta no teto e nos para-choques, carroceria sempre na cor branca e os aros dos faróis auxiliares cromados. Nas laterais, os retrovisores e as faixas alusivas à variante Speed são em azul. Além disso, há spoilers e rodas de liga leve de 15 polegadas diamantadas na cor preta.
Na traseira, o para-choque traz defletor preto. Nas motorizações TSI, a tampa da mala é sempre em preto, numa referência ao modelo europeu, que tem a peça em vidro pintado. O interior também traz traços de exclusividade, como a ambientação toda em tons escuros. O revestimento do teto e as colunas são em preto, assim como o aplique plástico que cobre o painel central – nesse caso, brilhante. Os bancos são de couro de fábrica, assim como o volante.

Volkswagen Up tsiTantos elementos ligados à esportividade se justificam pelos dados técnicos do motor 1.0 TSI. Com a adoção do turbocompressor, o tricilíndrico da Volkswagen aumentou em 28% sua potência e em 62% seu torque. Enquanto o Up aspirado rende 75 cv e 82 cv com gasolina e etanol no tanque, suas versões mais “nervosas” entregam 101 cv e 105 cv com os mesmos combustíveis. Já o torque passou dos 9,7 kgfm e 10,3 kgfm para 16,8 kgfm, com gasolina e com etanol. A transmissão é sempre manual com cinco marchas e, no caso de qualquer Up TSI, há controle eletrônico de tração.

O aumento de eficiência e de esportividade se refletiu diretamente no preço. Daí a reação no mercado bem menor que a esperada pela Volkswagen. A fabricante queria incrementar os emplacamentos do subcompacto em 20% e ter o novo motor em 30% de todas as unidades comercializadas. Só que o momento não foi dos melhores. Desde que começaram as vendas com o novo motor, em agosto, até outubro último, os emplacamentos do Up caíram 1,9%, com média de 4.548 unidades mensais entre janeiro e julho de 2015 e média de 4.463 mensais entre agosto e outubro. É uma queda um pouco menor que a do mercado geral, que nesse período vendeu 2,9% menos automóveis e comerciais leves por mês – foram 212.749 por mês nos sete primeiros meses do ano e 206.695 mensais nos três seguintes. Pelo menos por enquanto, o Up só deixa boa parte de sua concorrência direta para trás nas ruas mesmo.

Ponto a ponto

Volkswagen Up tsiDesempenho – É um dos trunfos das versões com motor TSI. São 105 cv em um carrinho com mil quilos. Isso é suficiente para levá-lo de zero a 100 km/h em 9,1 segundos e alcançar 184 km/h. O bom torque de 16,8 kgfm aparece já aos 1.500 giros e, na prática, isso significa agilidade nas arrancadas, ultrapassagens e retomadas. A performance em nada se parece com a de um modelo 1.0 e o câmbio se mostra harmonizado com o três cilindros turbinado. Nota 9.

Estabilidade – É natural que um carro com motor turbo instigue mais o motorista a pisar com força no acelerador. Apesar do desempenho esportivo, o Speed Up não tem controle de estabilidade. E o alto torque em baixa faz com que o compacto perca aderência na frente nas arrancadas mais vigorosas, mesmo contando com controle de tração. Por outro lado, tem boa rigidez, não torce nas curvas e tem uma suspensão bem calibrada. Nota 8.

Interatividade – Há poucos comandos e todos são bem localizados. O conta-giros é pequeno, assim como o visor do computador de bordo. Para contornar este problema, só mesmo recorrendo ao opcional “Maps & More”, que traz GPS em tela destacável. Falta também um volante multifuncional e um relógio permanente para enxergar as horas – um “luxo” desejável em um carro de quase R$ 50 mil. Nota 7.

Consumo – É esse, sem dúvida, um dos principais apelos de qualquer Up com motor 1.0 TSI. De acordo com dados do Programa de Etiquetagem do InMetro, o modelo recebe nota A na categoria e no geral com consumo energético de 1,44 MJ/km, o melhor registrado no Brasil sem o auxílio de um propulsor elétrico. São 9,6 km/l e 11,1 km/l na cidade e na estrada com etanol e 13,8 km/l e 16,1 km/l com gasolina. Nota 10.

Conforto – Foram adotados no Up TSI molas e amortecedores com nova calibração, tornando a suspensão mais rígida, o que prejudica esse quesito. Na frente, há bom espaço para os dois ocupantes, mas quem viaja atrás depende da boa vontade dos passageiros dianteiros. O isolamento acústico também deixa a desejar. Nota 6.
Tecnologia – O Up inaugurou uma nova plataforma em 2012 na Europa, a PQ12. O motor três cilindros de 1.0 litro já era novo, mas agora ganhou versão mais potente. O opcional sistema “Maps & More” parece um GPS comprado em loja, mas se comunica com os dados do veículo e exibe até o gráfico do sensor de ré. Para tê-lo, porém, é necessário abrir mão da entrada USB. Um ponto que decepciona é a ausência de vidros traseiros elétricos, imperdoável nessa faixa de preço. Nota 7.

Volkswagen Up tsiHabitabilidade – O espaço interno é bem aproveitado. Há nichos para garrafas e papéis nos bolsões das portas. O porta-malas comporta 285 litros e vem com um “tapume” removível que divide o compartimento e permite acomodar bagagens em pisos distintos. De resto, nada muito diferente dos compactos da categoria. Nota 8.

Acabamento – Os plásticos aparentam boa qualidade e têm encaixes bem feitos. Um charme do Up é o acabamento colorido no painel, mas que na versão Speed ganha apenas o tom preto brilhante. Não é feio, mas faz com que o Up perca um pouco da característica jovial e contemporânea que o interior na cor da carroceria traz ao modelo. Nota 7.

Design – O Up se diferencia do resto da gama Volkswagen e não segue o “family face” da marca. A ausência de uma grade dianteira transmite uma personalidade mais contemporânea e o teto escuro entrega uma dose de agressividade ao carro. De perfil, se destacam as rodas de liga leve exclusivas da versão, assim como a faixa lateral e os retrovisores externos em azul. A tampa preta remete ao modelo europeu – mas lá é de vidro – e está presente em todas as versões com motor 1.0 TSI. Nota 8.

Custo/benefício – A grande vantagem do Speed Up é ser uma versão esportiva de um compacto popular que, de fato, tem desempenho. Mas não é barato. Ele começa em R$ 49.990. Com o sistema “Maps & More” opcional são acrecidos R$ 1.518 à conta, que fica em R$ 51.508. Não há nenhum concorrente 1.0 com a mesma potência do modelo. Com potência parecida, há o Palio Sporting 1.6 16V, com 117 cv, e custa R$ 50.950. Já o Fiat Uno Sporting 1.4 de 88 cv equipado à altura sai a R$ R$46.887. Um Chevrolet Onix Effect 1.4 16V tem 106 cv e é vendido por R$ 50.840. Na Ford, um Ka SEL 1.5, de 110 cv, tem etiqueta de R$ 50.190 e já tem controle eletrônico de estabilidade. Para quem não sente falta de boas arrancadas, a concorrência tem opções melhores. Nota 6.

Total – O Volkswagen Speed Up somou 76 pontos em 100 possíveis.
por Márcio Maio
Auto Press

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