Fiat Toro é ousada e marcante

Facebook
Twitter
LinkedIn
Pinterest
Pocket
WhatsApp

160805 V41A Fiat ousou ao lançar a Toro. Sua chegada só não foi mais marcante, pois a Renault inaugurou o segmento das picapes intermediárias com a Oroch, mas ainda assim a Toro chocou o mercado, e com razão. Para começo de conversa, não há como compará-la com a Oroch, visto que sua versão mais barata equivale ao preço da versão mais cara da picape Renault, e especialmente nessa versão testada, com motor turbodiesel e tração integral, a Toro pode até roubar vendas do segmento de cima (leia-se: Chevrolet S10, Ford Ranger, Toyota Hilux). Será que ela consegue?

160805 V41BAntes de responder à pergunta, convém dedicar alguns instantes ao visual externo da Toro. É realmente interessante, com elementos visuais que lembram um pouco Jeep Cherokee e Ford EcoSport, mas um toque de exclusividade que a torna bem chamativa, especialmente no segmento das picapes. Com carroceria monobloco, seu estilo é mais automóvel do que aquele encontrado nas concorrentes do andar de cima, e para quem pretende se aventurar com a Toro apenas nas rampas de shopping, esse é um ponto positivo.

Por baixo da carroceria bonitinha há também uma boa dose de mecânica refinada, a começar pela plataforma compartilhada com o Jeep Renegade, um carro conhecido por sua solidez impecável. Com suspensão traseira independente multibraços e McPherson na dianteira, a Toro entrega rodagem mais próxima de um SUV ou carro de passeio do que qualquer picape média, mesmo com sua seção traseira reforçada para aguentar até uma tonelada de carga na caçamba de 820 litros. Essa capacidade de carga é apenas 48 kg inferior à capacidade da S10, mas a caçamba tem um volume 241 litros menor.

Toque que satisfaz

160805 V41CDo lado de dentro, a Toro traz visual bem similar ao visto no Renegade, com acabamento um pouco inferior, caso dos painéis de porta e apliques no painel com excesso de plástico rígido. No centro do painel, as saídas de ar também são diferentes, e a tomada de 127V na parte traseira não está disponível nem como opcional. Seu espaço interno na dianteira é ótimo, enquanto na traseira é apenas razoável para passageiros maiores que 1,80 m, e o encosto do banco traseiro é mais ereto que o desejável, comparado a um carro de passeio.

160805 V11No tocante ao nível de equipamentos, a Toro satisfaz, especialmente quando a versão Volcano é equipada com os opcionais da versão testada, que são: bancos em couro (R$ 2.186), kit Techno com sensor de chuva, partida remota, paddleshifters e afins (R$ 3.167) e o kit safe, composto por airbags laterais, de cortina e joelho, banco elétrico para o motorista e TPMS (R$ 4.371). Há ainda teto solar elétrico (R$ 3.833), mas não estava incluso no carro testado, cuja conta fecha em R$ 131.906, incluindo a pintura metálica (R$ 1.512). Achou caro? Calma, falaremos disso depois.

Fato é que a Toro Volcano “básica” já vem bem equipada, com ar-condicionado automático de duas zonas, controles de tração e estabilidade, central multimídia, trio elétrico e outros itens. Seu preço básico é de R$ 120.670. Se esse valor for comparado à média dos carros nacionais, é um valor elevado, mas quando comparamos com a Toyota Hilux Diesel mais barata (versão SR A/T de R$ 152.700), por exemplo, o preço da Toro se torna uma pechincha. Claro que as duas não podem ser comparadas quando se trata de trabalho pesado, mas, para rodar a maior parte do tempo na cidade e encarar uma trilha boba a caminho do sítio de vez em quando, a Toro cumpre bem o seu papel.

Propulsor atraente

Um dos detalhes que torna a Toro atraente é o seu motor 2.0 turbodiesel, que rende 170 cv @ 3.750 rpm de potência e 35,7 kgfm @ 1.750 rpm de torque. Orquestrado pelo câmbio ZF automático de 9 velocidades, o motor cumpre bem o papel de carregar os 1.871 kg da picape, e entrega boa força às quatro rodas quando necessário, especialmente quando a reduzida é acionada. Não tem os vários modos de tração que encontramos no Renegade, mas é suficiente para a proposta da picape. Novamente comparada às concorrentes maiores, o motor da Toro fica devendo em potência e torque, mas se iguala no ruído de caminhão.

Outro ponto no qual a Toro se iguala às maiores é na dificuldade para manobra-la. Seu diâmetro de giro de 12,9 m é maior do que o da S10 por exemplo (12,7 m), e seus 4,91 m de comprimento, 1,84 m de largura e 2,99 m de entre-eixos parecem ainda maiores em garagens apertadas. Mesmo com sensores de estacionamento nos quatro cantos, bons retrovisores e câmera de ré, manobrar a Toro requer cuidado.

Em uso urbano, a picape vai bem, filtrando sem dificuldade as irregularidades do asfalto crocante e conferindo ao motorista uma boa visibilidade graças à altura de rodagem elevada. Comparada às picapes maiores, dirigir a Toro se assemelha mais a um SUV moderno, e sua suspensão traseira multibraços pula muito menos do que suas concorrentes médias com a caçamba vazia. Ela é tão confortável em rodagem como uma Fiat Strada, por exemplo. Já o powertrain é mais do que suficiente, e há sobra de força em todas a situações. Observei 8,7 km/l de consumo no ciclo urbano.

Já em uso rodoviário, é possível extrair melhor a força do motor turbodiesel, contando com trocas de marcha bem rápidas e suaves, além de um torque em baixa que entrega ótimo desempenho em retomadas e ultrapassagens. Dá para abusar da Toro nas curvas, pois ela tem uma dinâmica afiada e um ajuste de suspensão excelente, e os controles de estabilidade/tração quase não se mostram presentes. Viajei também com um pouco de carga na caçamba (cerca de 400 kg) e, nessa situação, a Toro não mostrou qualquer instabilidade em curvas, enquanto o carro ficou mais dócil ao passar por ondulações, sem prejuízo para o desempenho ou para os freios. O consumo rodoviário com a picape vazia foi de 14,6 km/l.

A toda prova

Também testamos a capacidade off-road da Toro com um breve percurso de areia, aonde o carro sequer demonstrou sinais de cansaço. O seletor de tração permite usar a força nas rodas dianteiras, nas quatro rodas ou ainda usar a tração integral com reduzida, e a troca é feita de forma simples, sem dificuldades. Há também um assistente de descida em rampas, útil para pisos inclinados com pouca aderência. Seus pneus Pirelli Scorpion ATR de uso misto e medida 225/65 R17 cumprem bem seu papel tanto no asfalto quanto fora dele.

Por fim, vamos responder à pergunta feita lá no começo: será que a Toro consegue encarar de frente as concorrentes do andar de cima? A resposta é: Depende. Depende do tipo de uso que o dono da Toro irá necessitar. Se a ideia é rodar na cidade vendo outros carros de cima, impressionar vizinhos com barulho de caminhão, levar peso na caçamba de vez em quando e pegar uma estrada de terra de vez em quando, a Toro é suficiente, e até superior às rivais. Mas se a ideia é trabalho bruto de verdade, com trilhas inóspitas e necessidade de carregar coisas maiores na caçamba, melhor investir em uma daquelas picapes que aparecem nos clipes de música sertaneja, lugar aonde a Toro dificilmente irá aparecer.

*Ficha técnica:

Motor/Performance
Motorização: 2.0
Alimentação Diesel common rail
Combustível Diesel
Potência (cv) 170.0
Cilindrada (cm3) 1.956
Torque (Kgf.m) 35,7
Velocidade Máxima (Km/h) 188
Tempo 0-100 (Km/h) 10.0

Dimensões
Altura (mm) 1783
Largura (mm) 1844
Comprimento (mm) 4915
Entre-eixos (mm) 2990
Peso (kg) 1871
Tanque (L) 60.0
Ocupantes 5

Mecânica
Câmbio Automática com modo manual de 9 marchas
Tração 4×4
Direção Elétrica
Suspensão dianteira Suspensão tipo McPherson e dianteira com barra estabilizadora, roda tipo independente e molas helicoidal.
Suspensão traseira Suspensão tipo multibraço e traseira com barra estabilizadora, roda tipo independente e molas helicoidal.
Freios Dois freios à disco com dois discos ventilados.

*Dados do fabricante

 

Por Marcelo Silva

Facebook
Twitter
LinkedIn
Pinterest
Pocket
WhatsApp

Nunca perca nenhuma notícia importante. Assine nosso boletim informativo.

Publicidades

error: Conteúdo protegido!